Assistência Domiciliar Terapêutica humaniza serviços de saúde

22/04/2014 14:56:00 - Jornalista: Genimarta Oliveira

Foto: João Barreto

A ideia é atender pacientes que necessitam da ajuda de terceiros, permanentemente ou por um período momentâneo

 A humanização do serviço e a melhoria da qualidade de vida para pacientes e familiares são as principais propostas do Programa de Assistência Domiciliar Terapêutica (PADT/SAD) que, realizou cerca de 22 mil atendimentos, em 2013, entre as mais diversas especialidades. São cerca de 40 profissionais entre médico (clínica geral), fisioterapeuta, fonoaudiólogo, nutricionista, terapeuta ocupacional, psicólogo, assistente social, enfermeiro, técnico de enfermagem e outros.

 A assistência domiciliar proporciona uma redução dos gastos com hospitalização, reinternações desnecessárias, reabilitação/tratamento.

O programa, que funciona há 14 anos, foi implantado pela secretaria Municipal de Saúde. A ideia é atender pacientes que necessitam da ajuda de terceiros, permanentemente ou por um período momentâneo. Entre os critérios para inserção é a presença de, pelo menos, um cuidador e, que não resida em área com cobertura da Estratégia de Saúde da Família (ESF).

A inclusão no programa pode ser espontânea, por meio do contato de familiares com a gerência. Outra forma é o encaminhamento institucional da rede pública ou privada. Após esse contato, a equipe realiza a primeira visita, quando será avaliado o quadro encontrado e quais serão as especialidades necessárias para o tratamento em domicílio.

O secretário de Saúde, Flávio Antunes, acrescenta que a perspectiva é de ampliação da equipe e da área de abrangência, incluindo a região serrana no serviço de atenção domiciliar. “A logística já está sendo adequada para atendimento em parceria com as equipes de ESF nos casos de pacientes mais complexos. Além disso, temos uma parceria com o Ministério da Saúde, por meio do programa Melhor em Casa, o que possibilitou um suporte financeiro do governo federal”, disse o secretário.

A gerente do PADT, Benizia Pessanha, ressalta que o diferencial do programa é o vínculo da família com a equipe, pois o trabalho realizado pelos profissionais tem uma continuidade, proporcionando assim uma interação entre equipe e família por período indeterminado. “Se não houver esta empatia, o tratamento não terá resultado”, frisou.



De volta à vida com qualidade

Há seis anos o senhor Odir Corrêa, aos 54 anos sofreu um AVC (acidente vascular cerebral). A esposa, Irani Fernandes Corrêa conta que o ocorrido pegou toda família de surpresa. Ele passou mal no trabalho e foi levado para o Hospital Público Municipal (HPM) em estado grave, onde ficou internado por quase dois meses. Quando voltou para casa não falava, se alimentava por sonda e usava fraldas. Dois dias após a alta do hospital, a equipe do Programa de Assistência Domiciliar Terapêutica (PADT) iniciou o atendimento. O paciente recebe a assistência do médico clínico, fonoaudióloga, fisioterapeuta, enfermagem e nutricionista.

A evolução de Odir é festejada pela família e profissionais. Hoje, se alimenta bem dentro das recomendações, e com as próprias mãos. Irani exibe orgulhosa a fotografia do esposo com os filhos e netos, na comemoração dos seus 60 anos, onde ele está de pé. “Ele é muito otimista, está sempre sorrindo e já disse que vai voltar a andar novamente”.

Ela ressalta que se o município não oferecesse o serviço domiciliar não saberia o que fazer, pois não teria recursos para manter o tratamento. Odir passa por sessões de fisioterapia e fonoaudiologia de uma a três vezes por semana. E o médico a cada 45 dias.

A nutricionista Elizabeth Teixeira explica que os resultados obtidos na recuperação de Odir estão relacionados ao trabalho de equipe. “É muito gratificante vê-lo comer sozinho e sem engasgar, pois além da gastrostomia (é um procedimento cirúrgico para a fixação de uma sonda alimentar), também foi realizada uma traqueostomia, procedimento cirúrgico no pescoço para facilitar a chegada de ar aos pulmões”, disse.

A fonoaudióloga, Alessandra Matoso que também acompanha o paciente, ressalta que o paciente não conseguia falar nada e, hoje, consegue verbalizar e interagir com a família e amigos. Ela explica que o trabalho da fonoaudiologia é promover o desenvolvimento da linguagem, a mastigação e a deglutição.

Já com o trabalho da fisioterapia, Odir já consegue ficar de pé, movimenta os braços e mãos. Atualmente o quadro dele é estável. O objetivo é evitar contraturas, perda de massa muscular e a trombose venosa profunda (complicações circulatórias).

As profissionais destacaram o trabalho e a dedicação da esposa e o apoio dos filhos na evolução do estado de saúde do paciente.

Para quem necessitar dos serviços, os contatos são: (22) 27961904.



Cuidando de quem cuida: um olhar sobre o cuidador

Além dos pacientes, o PADT/SAD também está preocupado com o cuidador. Em novembro de 2013, foi realizado o primeiro encontro com um grupo de cuidadores, direcionado para os familiares de pacientes que residem nos bairros Centro, Imbetiba, Visconde, Miramar e Novo Visconde.

Benizia afirma que o objetivo é ouvir as pessoas que estão em constante contato com os pacientes e proporcionar apoio nas suas dificuldades. Esta ação representa um dos pontos principais dos serviços de atenção domiciliar. “Cuidar é uma tarefa difícil, em muitos momentos, o cuidador fica fragilizado e este espaço é de troca de experiência”.

O encontro aconteceu no CRAS do Parque Aeroporto, numa parceria do PADT, Centro de Referência de Assistência Social (CRAS), Subsecretaria de Acessibilidade e Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência e Programa de Práticas Integrativas.

Os participantes do encontro puderam expor os seus sentimentos e dificuldades do dia a dia. Os depoimentos sempre se iniciavam com a voz embargada e muitos chegaram às lágrimas. Eram avós, mães, esposas e filhas que se dedicam integralmente nos cuidados dos seus familiares.

A dona de casa, Leda Terra Braz, que há cinco anos cuida da mãe acamada, aprovou o encontro. “O PADT é muito importante na minha vida, quando mamãe veio do Rio de Janeiro para ficar na minha casa, não sabia como lidar com algumas situações, mas a equipe do programa era incansável e sempre contei com o apoio e o profissionalismo de todos. Agora mais uma vez eles estão dispostos a fazer algo, cuidando de quem cuida”.