Famílias demonstram interesse em adotar crianças do CEMAIA

15/03/2005 10:50:31 - Jornalista:

Cerca de 10 famílias já entraram em contato com o Centro Municipal de Apoio à Infância e Adolescência (CEMAIA) interessadas em adotar crianças abrigadas na instituição. A procura aconteceu depois da visita da Comissão Estadual Judiciária de Adoção do Estado do Rio de Janeiro (CEJA), que esteve no CEMAIA na sexta feira, 4 de março, junto com a promotora de Justiça, Regiane Cristina Dias Pinto. As famílias - de Macaé, Nova Friburgo, Rio das Ostras, Petrópolis, Quissamã e Rio de Janeiro - tomaram conhecimento do programa de incentivo à adoção após ler a matéria sobre a visita nos jornais da região e assistir no Jornal Inter TV. As crianças, com idade entre dois a 10 anos, foram colocadas para adoção pelo Juizado da Infância e Adolescência.

As famílias interessadas na adoção foram instruídas a procurar à 2ª Vara da Infância e Juventude, no Fórum da Comarca de Macaé para dar entrada nos papéis que irão desencadear o início do processo de adoção. A partir daí, elas esperarão a visita de conselheiro tutelar e assistente social para que a criança passe por um período de adaptação.A partir daí, é feito o procedimento legal para a adoção definitiva. O processo, muitas vezes, é longo, já que depende do tempo de adaptação da criança à família.

As crianças abrigadas pelo CEMAIA estão liberadas para adoção, através de medida judicial, pois as famílias foram destituídas do pátrio poder. Apesar do tratamento dispensado pela Prefeitura, através do CEMAIA, na opinião das psicólogas e assistentes sociais, elas necessitam de um lar. “As crianças abrigadas no CEMAIA têm acompanhamento psicológico, médico, odontológico e as que estão em idade escolar, vão para a escola normalmente. Mas isso ainda não é o suficiente. Elas precisam de um lar seguro, amor, carinho e atenção para que cresçam saudáveis”, explicou a supervisora técnica do CEMAIA, Samantha Fragoso. De acordo ela, a função do CEMAIA é acolher a criança, protegendo-a e atuando no lugar da família. “É nossa função reintegrar essas crianças na sociedade e, quando possível, fazê-las voltar ao convívio familiar”, explicou.

Antes de chegar à adoção, são feitos esforços à procura da rede familiar que acolha a criança. A preferência é para as famílias brasileiras, mas em último caso, o CEJA age como intermediária a adoção para famílias estrangeiras. “Muitas vezes temos de dois a três irmãos de uma mesma família e o juiz não permite que os irmãos sejam separados, o que dificulta a adoção no Brasil. Nas famílias estrangeiras é comum a adoção de mais de uma criança da mesma família. Isso porque a maioria dessas famílias são de alto poder aquisitivo”, explicou Samantha.

De acordo com o conceito da Organização das Nações Unidas (ONU), famílias são as pessoas com quem a criança pode contar: avós, tios, padrinhos e até vizinhos, desde que aja um vínculo afetivo com a criança. Esgotadas essas possibilidades, a equipe do CEMAIA comunica ao Ministério Público, que promove a destituição do poder da família sobre a criança e a encaminha à adoção. A última adoção de famílias estrangeiras aconteceu em 2003, onde cinco crianças foram adotadas.