‘Francisco Congo’ será lançado no ‘Quintas no Museu’

27/02/2019 12:02:00 - Jornalista: Andréa Lisboa

Foto: Helder Santana

A noite de autógrafos terá início às 19h, no Solar dos Mellos

O ‘Quintas do Museu’, no Solar dos Mellos, Centro, esta semana terá uma edição especial de lançamento do livro 'Francisco Congo: as desventuras de um africano escravizado no Rio de Janeiro' (Paço Editorial), da professora doutora da rede de ensino de Macaé, Rossana Agostinho Nunes. A noite de autógrafos terá início às 19h, após a ‘Sei Vender’, última oficina do primeiro ciclo ‘Sei’, oferecida pela parceria entre a Secretaria de Cultura e o Sebrae a microempreendedores (MEI) do município.

A história de Francisco Congo é real e documentada, mas com muitas lacunas. Por isto surgem muitas dúvidas sobre a sua trajetória. Elaborando questões, a autora mostra como é o trabalho dos pesquisadores que “lançam perguntas e interrogam documentos em sua busca pelo mundo perdido do passado”. O texto revela que a vida do protagonista é “um pequeno grão de uma história bem maior. Ela começou na África, muito antes de seu nascimento, e foi influenciada por acontecimentos ocorridos na Europa e na América”.

Assim, partindo de um pequeno grão, a narrativa pincela de forma aprazível a História Atlântica (África, Europa e América), que conta muito sobre a história do povo brasileiro, mas que ainda está fora da maioria dos livros didáticos. A linguagem alcança estudantes do segundo segmento do Ensino Fundamental e o texto conta com um roteiro atraente, romanceado realista.

Francisco Congo foi escravizado e forçado a atravessar o Atlântico. Nesta trajetória, ele correu por diversas vezes risco de morte. “Ele aprendeu a lidar com o medo e com muitas formas de violência, mas não foi um herói. Francisco Congo foi um homem que decidiu viver. Pois a escravidão, ao criar um novo homem, criava também uma nova história feita de sangue e suor, mas também de força e coragem”.

A macaense Rossana Agostinho Nunes é professora-pesquisadora que leva para as salas de aulas fontes primárias (personagens e documentos), em vez de apenas apresentar os conteúdos didáticos.

"Como professora da Rede Básica de Educação, eu tenho percebido a necessidade de discutir não só a importância do negro em nossa cultura, mas de resgatar esta memória de forma que os alunos possam percebê-la positivamente e não somente pelo viés do oprimido. Precisamos compreender a ação do escravo, a sua participação ativa na formação de nossa história. Há uma imagem negativa associada à África. É relevante apresentar os diversos reinos e as consequências da escravização para aquele continente. Quando se humaniza uma história, ela fica bem mais fácil de aprender. Em sala de aula, isso faz diferença (para a formação de identidade afrodescendente), embora o preconceito ainda persista. É discutindo que romperemos com os preconceitos", disse a pesquisadora.

Sobre o evento que insere Francisco Congo na narrativa, uma falsa acusação de crime pela Guarda, a historiadora pontua: “É uma prática do passado, mas práticas similares continuam acontecendo e precisamos perguntar por quê?”

O livro trata ainda da peculiaridade da escravidão no Brasil em relação ao antigo costume de escravizar outros povos, presente em várias civilizações.

Sobre a autora - Rossana é Doutora em História Política pela UERJ, graduada e Mestre em História pela UFF. Em 2015, atuou por cinco meses como pesquisadora visitante no Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades – Universidade de Évora, em Portugal. É autora do livro Nas Sombras da Libertinagem: Francisco de Melo Franco (1757-1822) entre Luzes e Censura no Mundo Luso-Brasileiro, publicado pela Multifoco em 2013.

Quintas - Em razão da previsão de chuvas, não haverá exposição de artesanato e de gastronomia e também atrações culturais nos jardins do Solar dos Mellos esta semana. Todas as atividades que acontecem no centro cultural, localizado na Rua Conde de Araruama, 248, no Centro da cidade, são gratuitas. Mais informações pelo telefone (22) 2759-5049.