Prefeitura vai reformar Igreja de Santana

22/08/2005 10:32:47 - Jornalista: Simone Noronha

A prefeitura de Macaé está começando a desenvolver o projeto de restauração da Igreja de Santana, um dos marcos da colonização da cidade. A Secretaria de Acervo e Patrimônio Histórico já entrou em contato com representantes do Instituto Estadual de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (Inepac), que farão um levantamento completo sobre as condições da igreja.

“Não podemos deixar que aconteça com a Igreja de Santana o que houve com o Palácio dos Urubus. A sua recuperação vai dar cara nova ao Morro de Santana”, comentou o prefeito Riverton Mussi. O secretário de Acervo e Patrimônio Histórico, Ricardo Meireles, entrou em contato com a Confraria de Santana, entidade responsável pela manutenção da igreja, que já estava iniciando uma obra no local.

- Pedimos a eles que parassem a reforma, que estava sendo feita sem respeitar os critérios históricos. O grupo concordou, e a partir de agora vamos fazer de tudo para que a igreja recupere o máximo possível de suas características originais, explicou.

A visita da equipe do Inepac à igreja ainda não tem data marcada. De acordo com o secretário, o grupo fará um levantamento completo, elaborando o orçamento da restauração. “Sabemos que não será uma obra barata. Vamos precisar de parceiros na iniciativa privada”, comentou o secretário.

História e lenda – A história da Igreja de Santana se confunde com o início da colonização de Macaé, feita pelos padres jesuítas a partir de 1630. No mesmo ano, eles começaram a erguer no alto do morro a Capela de Santana, um engenho e um colégio, num lugar que mais tarde ficou conhecido como a Fazenda dos Jesuítas de Macaé. Nos fundos da capela, foi instalado um pequeno cemitério, que até hoje guarda os restos mortais de alguns padres.

Além do açúcar, os padres produziam farinha de mandioca em quantidade e extraíam madeira para construções navais e edificações. Em 1759, a fazenda foi incorporada aos bens da coroa portuguesa pelo desembargador João Cardoso de Menezes. No mesmo ano, os jesuítas foram expulsos do Brasil, imposição feita pelo Marquês de Pombal. A Igreja de Santana foi fundada um século mais tarde, em 1898, no local onde foi erguida a primeira capela dos jesuítas.

A igrejinha no alto do morro também faz parte da lenda mais popular da cidade. Conta a lenda que a Imagem de Santana foi encontrada por pescadores, numa das Ilhas do Arquipélago que lhe dá o nome (Ilha de Santana). Trazida para o povoado, a imagem teria sido colocada no Altar Mor da Capela dos Jesuítas, desaparecendo misteriosamente no dia seguinte. Foi encontrada alguns dias após, na ilha e levada novamente à Capela. O fato repetiu-se mais duas vezes. Na terceira fuga, concluíram os devotos que a Santa sentia saudades da ilha que era avistada do Altar da Capela. Desta forma, os padres reedificaram o templo, voltando sua fachada frontal para o ocidente onde a Santa não “veria” mais o mar e o arquipélago de onde viera.