Reflexão sobre os recursos hídricos marca o Dia Mundial da Água

22/03/2021 18:54:00 - Jornalista: Carla Cardoso

Foto: Arte

Data reforça a importância de cuidar e preservar esse recurso

Recurso natural renovável mais importante de Macaé, a água é um bem que supera em muito o petróleo, mesmo, muitas vezes, não sendo lembrado como tal. Instituído há 28 anos, pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (21/02/1993), o Dia Mundial da Água segue celebrado a cada 22 de março, e traz reflexão sobre a importância de cuidar e preservar esse recurso essencial para a vida.

Tendo como base e orientação o Plano de Recursos Hídricos da Região Hidrográfica Macaé e das Ostras (PRH Macaé/Ostras) – que abriga seis municípios e uma população de cerca de 400 mil habitantes, dos quais 80% vivem nas sedes de Macaé e Rio das Ostras - a Secretaria Municipal de Ambiente e Sustentabilidade tem trabalhado de forma a fortalecer as políticas públicas que visam a melhora da quantidade e qualidade dos recursos hídricos na nossa região, de uma maneira clara: com uma gestão de águas de forma participativa.

“A gente tenta construir programas, projetos de ações para que esse Plano seja implementado em sua totalidade. Além de outros planos, como o de Saneamento, que visa identificar quais são os serviços que a gente utiliza a água, como esgotamento sanitário, abastecimento, drenagem e propor ações de mitigação para que a água seja um recurso que estamos protegendo”, explica Rodolfo Coimbra, secretário da pasta.

Rodolfo acrescenta que, para preservar os recursos hídricos, outras ações também são implementadas, como as políticas de Unidades de Conservação. “A gente tem espaços no município como, Parque Barreto, APA do Sana, Parque do Atalaia, entre outros. A gente faz a conservação dessas áreas de florestas e, consequentemente, a gente tem produção de água e produção de outros serviços ecossistêmicos para a cidade, de alguma forma”, explica.

A ação coletiva por meio do Comitê de Bacias, do qual Macaé faz parte, também foi evidenciado pelo secretário. Além de Macaé, fazem parte: Rio das Ostras, Nova Friburgo, Casimiro de Abreu, Conceição de Macabu e Carapebus. “O Comitê é um órgão do Estado que vai utilizar a mão de obra do município e dar algumas atribuições municipais para essa gestão, que é feita de forma colegiada. Ou seja: a água não é atribuição única e exclusiva do governo do Estado, ela é feita com os municípios, com grandes empresas, como Cedae, Petrobras, além de Ongs e universidades, etc”, enumera.

Mais do que apontar as ações já promovidas pela prefeitura, Rodolfo Coimbra ressalta que o Dia Mundial da Água é um momento de reflexão e sensibilização da sociedade sobre o recurso cada vez mais escasso, muitas vezes negligenciado, mas que mantém todas as nossas atividades.

“Precisamos refletir sobre o que fazemos com a água no nosso dia a dia. Como essa água chega a nossas torneiras e o uso que fazemos em relação a isso. A água é um recurso básico para manutenção da vida aqui e a gente, enquanto ser humano não está fazendo nosso papel em tomar iniciativas necessárias para que esse recurso seja, de alguma forma, garantido a todos com qualidade e quantidade”, diz.

Contribuição acadêmica – Outro ator fundamental na gerência dos recursos hídricos do município, o meio acadêmico vem contribuindo para a construção de políticas e ações que buscam a preservação da água. O Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Socioambiental do Nupem (UFRJ-Macaé), por exemplo, mantém inúmeras pesquisas sobre o tema, que vêm sendo produzidas há décadas na instituição.

Fundador do Núcleo, o professor Francisco de Assis Esteves, reforça que Macaé é um município privilegiado por várias razões no que diz respeito à água. “Primeiro, porque temos o maior rio totalmente fluminense, que é o Rio Macaé. Ele nasce e deságua no oceano dentro do território fluminense. Segundo, tem uma das maiores remanescentes de florestas que garante água. E terceiro e fundamental, possui um dos principais centros de pesquisa sobre água, sobretudo, sobre ecologia de recursos hídricos, que é o Nupem. É uma referência nacional e internacional. Do Nupem saíram quase todos os especialistas sobre ecologia de água que existem atuando em todo o território nacional”, frisa o professor.

Chico Esteves salienta que é preciso despertar para os tomadores de decisão, a Câmara Municipal, o Poder Executivo, e a sociedade organizada, para a necessidade de construirmos uma governança compartilhada e integrada para preservarmos a bacia hidrográfica do Rio Macaé.

“Não podemos ter no município uma crise de qualidade e de quantidade de água, como já tivemos em muitos municípios brasileiros, como em 2014 e 2015, São Paulo praticamente parou por falta de água. Há uma crise generalizada no país e tudo indica que se agravará ainda mais”, analisa o professor.