Apresentações culturais e palestra comemoram os 50 anos da Bossa Nova

28/08/2008 16:06:31 - Jornalista: Andrea Lisboa

Destaques da música no município se apresentaram no “Quartas Culturais” deste mês. O projeto da Fundação Macaé de Cultura, por meio da Escola de Artes Maria José Guedes (Emart), funde diversas vertentes culturais. O público que compareceu ao Café do Teatro Municipal, além dos shows em homenagem aos 50 anos da Bossa Nova, assistiu a palestra do mestre em musicologia, Bruno Py, sobre o tema, ilustrado por recursos áudios-visuais e esquete teatral.

O cantor Francisco Carlos, acompanhado pelo violonista Rúben Pereira, e o cantor Marcio Von Kriiger, acompanhado por Neguinho do Violão e pelo percursionista Jansen, interpretaram canções que marcaram a Bossa Nova. As performances muito afinadas dos cantores e o virtuosismo dos músicos conquistaram muitos aplausos da platéia. “A Bossa Nova é um estado de espírito”, enfatizou Francisco Carlos.

As apresentações musicais e o esquete sobre um dos ícones da Bossa Nova, João Gilberto, encenado pelas atrizes Gabrielli Leite e Miriane Bodnarasec, foram intercalados durante a explanação de Bruno Py. Com base no livro “Chega de Saudade” de Rui Castro, ele contextualizou o advento da Bossa Nova, apontou suas origens, analisou seus aspectos, assinalou seus significados e conseqüências. Ele ilustrou a palestra com canções, imagens, álbum fonográfico e literatura sobre o tema.

O professor de flauta Paulo Lima também comentou o significado da bossa nova. “A bossa veio falar de amor, falar com singeleza, falar baixinho. Acredito que tenha deixado uma proposta para a convivência entre as pessoas”, disse. A platéia participativa fez do evento um momento de debate sobre o estilo, surgindo na década de 50, que promoveu o destaque da música brasileira em todo o mundo.

Mais sobre a
Bossa Nova

Bruno Py apresentou canções que eram veiculadas nas rádios no período do surgimento da Bossa Nova. As músicas, algumas com quartetos vocais, interpretações preocupadas com a dicção de consoantes e vogais, vozes impostadas e potentes, sambas canções, eram melodramáticas e acompanhadas por instrumentos que produzissem som suficiente para serem captados pela tecnologia de gravação da época.

A música “Rapaz de Bem” (1956), de Johnny Alf, foi apontada pelo professor como uma das canções que já apontava para a proposta da bossa nova que surgia, com harmonias diferentes e dissonância de acordes. “O grupo que inventava a bossa se posicionou contra a música que se ouvia na época. A bossa era pra cima: nova batida, harmonias, dissonâncias, canto coloquial, inclusão do violão”, ressaltou o professor.

Bruno destacou ainda que a bossa condensou a cultura popular brasileira, unindo elementos do samba e incluindo as tendências da época dos grandes centros urbanos, como Rio de Janeiro, Nova Iorque e Paris. “Vai minha Tristeza”, de Tom Jobim, foi o primeiro sucesso do ritmo, que influenciou gerações como a de Chico Buarque e Caetano Veloso, elevando a Música Popular Brasileira ao patamar das melhores do mundo.