Cartola é tema de exposição de alunos do Sentrinho

03/11/2008 13:49:21 - Jornalista: Andréa Lisboa

Nesta terça-feira (4), às 19h, acontece na Galeria de Arte Hindemburgo Olive, no Centro Macaé de Cultura, com o apoio da Fundação Macaé de Cultura, a abertura da exposição “O cotidiano de Cartola”, de alunos de Leandro Almeida, professor de artes e musicoterapia da Sociedade de Ensino e Terapia Macaense-Sentrom do bairro Sol y Mar. Esse projeto, conhecido como Sentrinho, é resultado da parceria entre Prefeitura e Petrobras, atendendo a cerca de 150 pessoas com necessidades especiais.

Trabalhos coletivos de colagem em cartolina e esculturas produzidos por 14 turmas serão expostos até o dia 30. A visitação gratuita à galeria poderá ser feita de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h. Mais de 30 trabalhos serão exibidos: telas e esculturas com a utilização de alguns materiais reciclados, como tampas e garrafas de iogurte. As esculturas são tambores decorativos e peças em argila. Aproximadamente 120 alunos estiveram envolvidos com esse projeto durante dois meses.

Leandro Almeida buscou reunir três manifestações artísticas: música, poesia e artes plásticas em diversas modalidades. A primeira etapa do projeto foi a apresentação aos alunos da obra do sambista e poeta carioca, Cartola. Dificuldades motoras e cognitivas em vários graus não foram empecilhos para a sensibilização para as músicas de Cartola, que se tornaram instrumentos para a compreensão arquetípica de vários conceitos.

Pessoas de diferentes faixas etárias participaram do projeto que tem como principal objetivo o desenvolvimento pessoal de acordo com as necessidades individuais. “Nosso trabalho de colagem foi o de transformar a música de Cartola em imagem. Através da música trabalhamos com eles a capacidade de imaginação”, explica Leandro.

O professor Leandro analisa que mesmo antes da exposição, que está gerando grande expectativa nos alunos, os resultados positivos do projeto já podem ser verificados. “Os frutos são o aumento da segurança para a produção e para ações e também da auto-estima e da criatividade”, disse.

Leandro destaca o trabalho de uma das turmas, uma colagem em estilo cubista. Segundo ele, a proposta surgiu da vontade de desenvolver o tema “Cartola”, em seu centenário e por ele ser um representante da negritude, durante o mês da Consciência Negra e, ainda relacioná-lo ao cubismo, que foi criado por Pablo Picasso em uma fase de interesse pela arte africana.

Crescendo com a arte

Formado em Artes Plásticas com habilitação em desenho técnico, musicoterapeuta e escultor, Leandro Almeida, expôs suas obras no Museu Casa de Portinari, em Brodoski-SP e em outros espaços no interior de São Paulo. Ele informou que as telas de seus alunos, após a mostra na galeria, ficarão expostas no auditório do Sentrinho.
“É muito gratificante realizar esse trabalho, porque aqui eles não se sentem especiais. Não são paternalizados. Eles são muito alegres”, observa Leandro que trabalha com arte-educação desde 2002 e está em Macaé há um ano.

Nathalia Cardoso, 28 anos, já conhecia e gostava das músicas de Cartola por influência dos pais. “Pesquisamos, fizemos uma redação. Gostei muito”, comentou. O que mais chamou a atenção de Camila Ribeiro, 19 anos, foi a história do compositor. “Ele foi até lavador de carros”, lembrou. Ela contou que ficou atenta às reportagens sobre o compositor apresentadas pela TV. “Estou muito contente”, disse. Brenda Nascimento, 16 anos, destacou: “Estou gostando mais de Cartola”. Maria Renata Fescina, 40 anos, pesquisou a vida e a obra de Cartola pela Internet e atribui ao professor seu despertar para música desse autor. “Conheço toda a história de Cartola. Vou gostar muito que as pessoas vejam meu trabalho”, disse reforçando o convite ao público.