Ciclo Filosofia e Cinema apresenta Morte em Veneza

10/11/2008 12:04:17 - Jornalista: Marilene Carvalho

O cineasta carioca Eduardo Goldenstein é o convidado do mês de novembro para o Ciclo de Palestras Filosofia e Cinema, a realizar-se na próxima quinta-feira (13), às 19h, no Solar dos Mellos. O diretor e roteirista foi um dos inúmeros artistas influenciados pelas aulas de Claudio Ulpiano.Trocou o Direito pelo cinema, após freqüentar por muitos anos os cursos que o filósofo macaense ministrava no Rio de Janeiro.

Em sua palestra "Por um cinema do tempo puro", ele comentará o filme Morte em Veneza (1971), de Luchino Visconti, logo após a exibição. O ciclo Filosofia e Cinema é uma realização do Centro de Estudos Claudio Ulpiano (Cclulp) em parceria com a secretaria de Acervo e Patrimônio Histórico de Macaé (Semaph).

Sinopse: "Sentado numa cadeira de praia, de frente para o mar, o músico Aschenbach observa Tadzio, o menino-emblema, expressão da beleza e signo revelatório, entrar na água. O quadro é fixo, aberto, dividido ao meio pela linha da horizonte, e nele vê-se sobre a areia uma câmera fotográfica montada num tripé, colocada de perfil no canto direito, cuja lente repousa sobre a linha do horizonte, e o menino Tadzio, ao fundo, entrando no mar. De repente o menino pára, olha para trás, na direção de Aschenbach, e aponta para o horizonte, num gesto totalmente inesperado, ao mesmo tempo em que os reflexos do sol na água do mar tornam a imagem translúcida.

O velho músico, que por toda sua vida acreditou numa arte que seria produto exclusivo do intelecto humano, tem neste momento a revelação final do encontro entre a beleza sensual e o tempo. Mas o último grão da ampulheta acaba de passar, e já é tarde demais para se buscar qualquer outro caminho. Inutilmente ele ainda tenta num último esforço alcançar Tadzio, tomado pela vertigem da beleza, mas cai morto em sua cadeira. Esta descrição corresponde ao plano final do clássico de Visconti, "Morte em Veneza". Além de "Morte em Veneza", Luchino Visconti dirigiu outros filmes de grande importância, como "O Leopardo", "O Inocente" e "Rocco e seus Irmãos".

– Dentre as inúmeras imagens diretas do tempo que encontramos ao longo da história do cinema, essa é a primeira que me ocorre, por ter sido através deste filme que a porta do cinema-tempo se abriu para mim. Nela podemos encontrar a potência expressiva que só os grandes cineastas conseguem alcançar, quando marcam o cinema com um devir-pintura, mantendo a câmera fixa para que possamos apreender a dimensão temporal, o espírito. Sob a orientação de Cláudio Ulpiano começei a estudar Visconti, a estudar cinema, a estudar Deleuze, até chegar num ponto indiscernível no qual teoria e prática se encontraram. Se é através do cinema que exercito minha vida, devo isso a estes encontros fundamentais que fiz, e que continuam a me instigar na procura de uma expressão cinematográfica – relata Goldenstein.