Conselho Anti-Drogas alerta para perigos do crack

29/10/2009 15:12:19 - Jornalista: Alexandre Bordalo

Foto: Luiz Bispo

O Conselho Municipal Anti Drogas (Comad) tem procurado alertar a comunidade sobre os perigos do crack

Motivo de inúmeras tragédias familiares – como a que aconteceu no Rio de Janeiro na última semana, quando um rapaz matou a namorada – o crack também é uma ameaça nas cidades do interior. Preocupado com o crescimento do uso da droga em todo o país, o Conselho Municipal Anti Drogas (Comad) tem procurado alertar a comunidade sobre os perigos do crack.

De acordo com o presidente do Comad, Luiz Antônio Leal Guerreiro, instituições macaenses que trabalham para a recuperação desses dependentes químicos são bem habilitadas, com seu corpo de profissionais capacitado e treinado.

- Atualmente, as instituições macaenses Gênese, Shalon and Life, Projeto Girassol e a Pastoral da Sobriedade atendem diretamente aos dependentes químicos que utilizam crack. De julho de 2007 para cá, houve crescimento em casos envolvendo usuários da droga: naquele ano eram 10% dos casos, hoje o número cresceu para 90%, alerta o presidente do Comad.

De acordo com o comandante do 32º Batalhão de Polícia Militar, Alnyr Ribeiro, foram apreendidos nos últimos 90 dias 131 pedras de crack na sua região de atuação. Também foram apreendidas 2892 trouxas de maconha e 911 papelotes de cocaína, além de 35 armas.

Para o presidente do Comad, os profissionais das instituições macaenses são treinados e capacitados para dar um retorno positivo no acompanhamento e tratamento dos que optaram pela recuperação da dependência química.

- Hoje a Shalom and Life conta com 20 leitos para tratamento residencial. Desses, 10 recebem apoio da municipalidade. No mínimo, de seis a oito dependentes químicos atendidos são usuários de crack, evidencia ele.

Luiz Antônio salienta ainda que o Projeto Girassol - que faz serviços de atendimento- recebe a demanda e a encaminha ao Shalon and Life, que faz tratamento residencial. A Pastoral da Sobriedade tem feito um trabalho de apoio aos dependentes químicos e suas famílias.

- Já o Gênese, que produz serviços ambulatoriais, tem dado assistência sobre acompanhamento e assistência psicológica e terapêutica aos usuários de substâncias psicoativas, como o crack, explica ele.

O Comad, por suas ações atreladas à subsecretaria de Políticas sobre Drogas, tem aplicado os recursos repassados pelo município, em melhorias, capacitações, convênios e programas. “Isso nos dá uma realização em continuar trabalhando a favor da vida, de maneira substancial”, pondera Luiz Antônio.

Crack

O crack deriva da planta de coca, sendo uma mistura de cocaína, bicarbonato de sódio (amônia) e água destilada. Resulta em grãos fumados em cachimbos. Seu efeito é imediato. Vai do pulmão ao cérebro, passando pela corrente sanguínea.

- A droga provoca dilatação das pupilas, suor intenso, tremores, excitação e maior aptidão física e mental, tendo como efeitos psicológicos a euforia, a sensação de poder e aumento da auto-estima - comenta o presidente do Comad.

Ele lembra também que após cerca de dez minutos de prazer o preço se torna alto, surgindo a depressão. “O usuário fica dependente da substância e se corrompe. Essa droga é barata, e atinge todas as classes sociais. A propensão ao vício e à dependência, de modo a destruir vidas, é assustadora”, revela.

O uso de cocaína por via intravenosa foi quase extinto no Brasil, pois foi substituído pelo crack, que provoca efeito semelhante sendo tão potente quanto a cocaína injetada. A forma de uso do crack também favoreceu sua disseminação, já que não necessita de seringa - bastando um cachimbo, na maioria das vezes improvisado, como lata de alumínio furada, por exemplo.

O crack eleva a temperatura corporal, podendo levar o usuário a um acidente vascular cerebral. A droga também causa destruição de neurônios e provoca no dependente a degeneração dos músculos do corpo (rabdomiólise), o que dá aquela aparência esquelética ao indivíduo: ossos da face salientes, braços e pernas ficam finos e costelas aparentes.

Luiz Antônio completa, dizendo que o usuário de crack torna-se completamente dependente da droga em pouco tempo. Normalmente o viciado, após algum tempo de uso da droga, continua a consumi-la apenas para fugir aos desconfortos da síndrome de abstinência - depressão, ansiedade e agressividade - comuns a outras drogas estimulantes.

O uso do crack - e sua potente dependência - frequentemente leva o usuário à prática de pequenos delitos, para obter a droga. Os pequenos furtos de dinheiro e de objetos, sobretudo eletrodomésticos, muitas vezes começam em casa. “O dependente dificilmente consegue manter uma rotina de trabalho ou de estudos e passa a viver basicamente em busca da droga, não medindo esforços para consegui-la”, finaliza o presidente do Comad.