Estudantes universitários, professores e gestores da educação de Macaé participaram na quinta-feira, 8, do primeiro Seminário de Produção da Secretaria de Educação, na Cidade Universitária. Três trabalhos do curso Gestão Democrática e Participativa selecionados pelo Instituto de Administração e Políticas Públicas-IAPP foram apresentados, propiciando um debate sobre democracia, participação e formação de conselhos escolares.
O projeto tem como objetivo divulgar o conhecimento construído e aprimorado no meio acadêmico. O segundo seminário, previsto para novembro, terá como tema a Educação de Jovens e Adultos-EJA.
A mediadora do encontro foi a coordenadora dos cursos do Instituto, Balade Ayala, pedagoga da Semed, pós-graduada em Tecnologias Educacionais pela UERJ e em Currículo e Práticas Educativas pela PUC-RJ. Balade ressaltou a importância da discussão sobre formação de conselhos escolares, que é uma organização nova no Rio de Janeiro. Ela definiu o seminário como um espaço para que o educador exponha práticas como possibilidades, em busca de processos coletivos de ação. “Nestes trabalhos, professores e gestores procuram superar alguns desafios que se apresentam na sua realidade”, observou.
O diretor da Escola Municipal Joaquim Augusto Borges, na Bicuda, região aerrana de Macaé, Paulo Henrique Dantas, que apresentou o trabalho “A gestão democrática como um processo de aprendizagem: desafios e perspectivas”, avaliou que Está havendo espaço para algumas mudanças nas gestões escolares de Macaé.
A diretora da Creche Novo Cavaleiros, Janaina Calado, e a professora do quinto ano do Colégio Municipal Wolfango Ferreira, Ingrid Faria, que apresentaram respectivamente os trabalhos: “Gestão Democrática – Perspectivas de mudanças na escola”, e “A Participação da Família na Formação dos Conselhos Escolares” elogiaram a iniciativa do Instituto de propiciar a troca de conhecimentos e experiências. “Aqui pudemos compartilhar nossa vivência e também a teoria do curso de Gestão Democrática”, disse Ingrid.
Durante o debate realizado depois das exposições, o diretor do IAPP, Robério Fernandes, defendeu “a elaboração de projetos a partir do desejo da comunidade”. Também o diretor da faculdade pública municipal Professor Miguel Ângelo da Silva Santos- Femass, Francisco Carlos Gomes, foi favorável à autonomia das unidades de ensino. “A escola deve ter um projeto próprio, o qual as pessoas interessadas tenham conhecimento e tenham discutido cada ponto”, corroborou.
Refletindo sobre educação
Em seu artigo, Paulo apresentou como características de gestão democrática: a efetivação de uma lei; a real participação de profissionais, alunos e comunidade no conselho escolar e a eleição direta para dirigente de escola. Para ele, gestão escolar democrática representa a inclusão de indivíduos excluídos de um contexto no qual deveriam ser protagonistas. De acordo com sua análise, os longos períodos em cargo de direção escolar são incompatíveis com a democracia e a cidadania.
Janaína fez um levantamento histórico da educação brasileira, desde os Jesuítas, passando pelo Estado Novo, pelo Golpe Militar, pelas “Diretas Já”, até o surgimento do conselho escolar (inicialmente apenas consultivos), nos anos 80. Esse fato, além das concepções de acesso, permanência e qualidade da educação pública, gerou dúvidas e receios que permanecem até hoje. Ela destacou que muitos conselhos funcionam apenas burocraticamente “Vivemos a prática do passado, tendo que formar pessoas críticas dando oportunidade para que elas falem”. A Creche Novo Cavaleiros está em processo de implantação do conselho.
Em sua apresentação, Ingrid ressaltou a importância da participação cotidiana da família, independente de formação do conselho escolar. Ela salientou as novas estruturas familiares “Cada vez mais as famílias vão se diversificando. E com a emancipação feminina, a mulher acaba exercendo várias funções”, disse. Para ela, cabe à escola elaborar estratégia para reforçar essa parceria.