A Prefeitura de Macaé e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em parceria, elaboram o projeto Escola do Campo. A unidade, que funcionará em Córrego do Ouro, além da formação em nível médio voltada para a agroecologia, pretende desenvolver horta de plantas medicinais que poderão ser distribuídas pelos postos de saúde.
Na tarde de terça-feira (27), a Secretaria Municipal de Educação (Semed) promoveu a segunda reunião de apresentação de propostas dos órgãos envolvidos. “A secretária está muito entusiasmada com a escola”, disse o gerente de Urbanização e Saneamento das Comunidades da Câmara Permanente de Gestão, Hermeto Didonet.
A vice-prefeita e secretária de Educação, Marilena Garcia, ressaltou em entrevista que “Macaé é um dos poucos municípios brasileiros onde educação e saúde trabalham em muitas questões como parceiras”. Ela salientou ainda a importância para o município do vínculo com a UFRJ.
O presidente do Núcleo de Pesquisas Ecológicas de Macaé (Nupem/UFRJ), Francisco Esteves, disse que a universidade pretende colaborar com o município para a construção de um projeto inovador de sustentabilidade. “A população poderá utilizar os fármacos naturais na cura de muitas doenças a preços baixíssimos”, informou.
Na primeira reunião de apresentação de projetos, no último dia 23, a Secretaria de Educação, através da Fundação Educacional de Macaé (Funemac) e do Centro Tecnológico de Educação Profissional (Cetep), apresentou sua proposta de modelo pedagógico.
No encontro de terça-feira, o curso de Farmácia/UFRJ fez a sua explanação. Oito doutores na área participaram do trabalho. Na próxima reunião, às 14h30, do dia 9 de novembro, as apresentações serão do curso de Nutrição/UFRJ e da segunda parte da proposta do Cetep. Em seguida, a prefeitura irá nomear uma comissão para a elaboração final do projeto e sua execução. Além da Secretaria de Educação e da Câmara Permanente de Gestão, participam da iniciativa a Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
Educação e Saúde
O professor doutor Edison Luis Carvalho apresentou o projeto da Farmácia/UFRJ, elaborado por oito docentes, ao grupo. O projeto trata da produção de fitoterápicos, produto exclusivamente vegetal indicado como medicamento.
De acordo com a proposta dos professores, a escola desenvolverá hortas de plantas tradicionais da região indicadas para uso terapêutico. Ela será monitorada pela universidade que também será responsável pelo controle de qualidade, supervisionando o cultivo, a colheita e o processamento da planta, além de fazer o processo fitoquímico.
O grupo pretende ainda domesticar espécies exóticas, mas, sobretudo, resgatar a cultura popular, integrar a equipe técnica à comunidade e gerar renda. Essa equipe participa do projeto de pesquisa, extensão e ensino “Integrar Macaé”, apresentado na III Semana Universitária Integrada. A proposta é multidisciplinar e envolve plantas medicinais, alimentos funcionais, artesanato com plantas aromáticas, entre outros. “O foco é a integração de áreas diferentes do conhecimento, como a engrenagem de uma máquina”, disse a professora Michele Muzitano.
Além das vantagens do cultivo, também foi frisada na reunião, pelo professor Francisco Esteves, a grande variedade de espécies endêmicas para uso medicinal do Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba. “É um laboratório natural”, disse.
Outro destaque foi o aprimoramento da produção de alimentos orgânicos. “A escola irá melhor preparar os produtores rurais para o fornecimento de alimentos que vão suprir a merenda escolar”, apontou Didonet.