Exposição e livro “Diásporas Africanas” serão lançados nesta terça

04/08/2008 16:58:50 - Jornalista: Andrêa Lisboa

Depois do Distrito Federal, Macaé será a primeira cidade brasileira a receber a exposição “Diásporas Africanas na América do Sul – Uma ponte sobre o Atlântico”, de Januário Garcia, que foi lançada no Ministério das Relações Exteriores. O trabalho, que já passou por várias embaixadas brasileiras na África, retrata o negro em sete países sul-americanos. A abertura acontecerá às 19h, na Galeria de Arte Hindemburgo Olive, Centro Macaé de Cultura, com entrada franca.

No vernissage será lançado o livro “Diásporas Africanas na América do Sul – Uma ponte sobre o Atlântico”, do antropólogo Júlio César de Tavares e de Januário. A exposição poderá ser visitada gratuitamente até o dia 15, de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h.

Januário selecionou 40 fotos para exibição na galeria. O negro do Brasil, Uruguai, Argentina, Peru, Colômbia, Venezuela e Suriname é, segundo o fotógrafo, mostrado sob a ótica do semelhante. “A imagem do negro sempre foi comprometida com o pensamento negativo eurocêntrico sobre o africano. Tento com o meu trabalho desconstruir isso, o que é muito difícil, por ser uma questão ideológica, histórica e cultural”, disse Januário, que integra o Movimento Negro desde 1977.

“Descobri que a maior contribuição que poderia dar ao Movimento Negro era começar a fazer sua memória fotográfica”, completou. Januário começou a fotografar comunidades negras em 1978. Atualmente essa atividade abrange a América do Sul (países que fazem fronteira com o Brasil), Estados Unidos, Londres, Paris, Espanha e Israel, onde fotografou os negros judeus.

Esses registros, ao longo de 30 anos, constituem o “Documento Brasileiro de Matrizes Africanas”, composto por aproximadamente 25 mil fotos, cartazes e panfletos. As fotos selecionadas para a exposição foram lançadas em um encontro da Cúpula África-América do Sul (Afras), durante a inauguração da embaixada do Brasil em Abuja, na Nigéria.

“Houve uma identidade muito grande dos africanos com as diásporas na América do Sul. No processo de dominação cultural, o europeu vê e classifica o negro genericamente, sem considerar as diversas nações e isso ainda é reproduzido em nossos discursos”, salientou Januário.

Atualmente, a exposição está correndo as embaixadas brasileiras na África. “A convite do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, trouxemos a exposição para o Brasil. Tivemos que reproduzi-la para que continuasse o circuito pelas embaixadas africanas”, explicou. Tanto a exposição quanto o lançamento do livro são apoiados pela prefeitura de Macaé, por meio da Fundação Educacional de Macaé em parceria com a Fundação Macaé de Cultura.

Januário Garcia e Júlio César de Tavares

Januário Garcia e Júlio César de Tavares, que dirigiram juntos o Instituto de Pesquisa das Culturas Negras-PPCN, há cerca de 25 anos, se reencontraram para a produção do livro “Diásporas Africanas na América do Sul – Uma ponte sobre o Atlântico”. Januário atuou como fotógrafo profissional, no Jornal do Brasil, O Dia, O Globo, A Notícia, entre outros jornais e revistas. Júlio César de Tavares é doutor em antropologia e coordenador do curso de pós-graduação da Fafima.