Fundo Municipal Anti-Drogas: mais de mil atendimentos em dois meses

10/04/2008 15:11:17 - Jornalista: Alexandre Bordalo

Passar aos dependentes químicos e seus familiares mensagens sobre a importância do resgate do convívio familiar e inserção no mercado de trabalho e na sociedade, além da valorização da qualidade de vida. Este é um dos trabalhos feitos pelo Fundo Municipal Anti-Drogas, que só nos dois primeiros meses deste ano já fez 1111 atendimentos. O principal objetivo do Fundo é ajudar na recuperação dos dependentes químicos, através do apoio a entidades assistenciais.

A prefeitura de Macaé transfere recursos ao Fundo, que por sua vez repassa a projetos como o Girassol, o de Prevenção Primária e para o futuro Centro de Tratamento e Recuperação em Dependência Química , que funcionará no distrito do Frade. Também recebem recursos do Fundo as comunidades terapêuticas Pastoral da Sobriedade, Shalom and Life e Gênese, que trabalham com prevenção e recuperação de dependentes químicos.

Segundo o gestor do Fundo Municipal Anti-Drogas, Fernando Lima Brolo, o órgão foi criado junto com o Conselho Anti-Drogas, que instituiu o Fundo. Nas escolas, são realizadas palestras com abordagens visando a prevenção, a fim de se evitar o uso e o abuso de drogas entre os jovens. “A lei que criou o Conselho foi aprovada em 2002, mas apenas com o governo Riverton Mussi, em junho de 2006, o Fundo passou a funcionar, subsidiando diversas instituições que trabalham nesta área”, conta Fernando.

Projeto Girassol

No projeto Girassol, por exemplo, é feita triagem e encaminhamento à terapia de grupo. O dependente químico recebe apoio de profissionais como psicólogos, conselheiro em dependência química, arte-terapeuta, assistente social e auxiliar em enfermagem. O projeto é coordenado pela psicanalista Ebenezer Ribeiro.

De acordo com ela, primeiramente o grupo multiprofissional é procurado. “As pessoas estão confusas e sem esperanças. Nós as acolhemos e as levamos ao acompanhamento psicoterapêutico para averiguar o grau de comprometimento delas com as substâncias tóxicas em seus organismo”, explica Ebenezer.

Ela acrescenta que posterior a esta etapa fazem-se as opções, ora pelo atendimento ambulatorial, ora pelo regime residencial, também chamado de internação em clínicas especializadas. A psicanalista ressalta que a família também é tratada, pois é na célula familiar danificada que surgem casos de envolvimento com drogas.

- Não trabalhamos com os 12 passos de Alcoólicos Anônimos, mas nossas atividades se pautam no que há de mais moderno em termos terapêuticos na atualidade: a metodologia em grupo – pontua a coordenadora. Entre as atividades estão arte-terapia, ludo-terapia, terapia do trabalho, além de desenvolvimento dramático, de dança e de educação física.

Um exemplo de cura deu-se com F. G. S. , de 38 anos. Ele usava substâncias psico-ativas. “Gostei muito do que me aconteceu aqui, onde há consolo, amor, atenção, carinho e conforto interior”, aponta. Recuperado pelo projeto Girassol, ele já está trabalhando em uma empresa. F. G. S. também recuperou o amor da família, da qual esteve afastado por cinco anos por causa das drogas. “Hoje vivo feliz em meu lar”, comemora.

Também há casos de menores que voltaram aos estudos e de familiares terem recuperado a paz com o afastamento de seus parentes das drogas. “O envolvimento com drogas é considerado doença pela Organização Mundial de Saúde, mas a falta de afeto e de atenção colaboram para mais pessoas entrarem no mundo das drogas. Se nas famílias houvesse apoio e diálogo, os jovens não procurariam suporte nas ruas, onde o caminho para as drogas é um acesso livre”, finaliza o gestor do Fundo Municipal Anti-Drogas, Fernando Lima Brolo. O Fundo funciona na Rua Duque de Caxias 90, telefone 2791-5304.