Funemac promoveu palestra sobre Islamismo e Colonialismo na África

21/07/2007 12:17:01 - Jornalista: Alexandre Bordalo

A Fundação Educacional de Macaé (Funemac), por meio do curso de pós-graduação Estudos Culturais e Históricos da Diáspora e Civilização Africana, promoveu palestra sobre Islamismo e Colonialismo na África, na noite de sexta-feira (20), no auditório do Hotel Crystal (Centro). Quem ministrou sobre o tema foi a professora Patrícia Santos Schermann – Historiadora, Doutrora de História Africana (UFF), Pós-Doutora em História Africana (Unicamp) e professora adjunta do Departamento de História (Unifesp).

Ela falou para 50 pessoas sobre a importância do islamismo para a formação social de diversos povos da África Ocidental e do Norte, especialmente Marrocos, Argélia, Egito, Sudão e também Angola e Moçambique. “Quis me referir ao fato que o islã contribuiu significativamente para esses países resistirem ao colonialismo no continente africano, além de colaborar para a organização de nações modernas”, destaca.

O curso de pós-graduação Latu Sensu Estudos Culturais e Históricos da Diáspora e Civilização Africana, coordenado pelo professor Julio César de Tavares (UFF), tem o objetivo de atender expectativas da Lei 10.634 – que obriga o ensino da História da Cultura Africana nas escolas. Também tem a meta de municiar empresários e gestores na questão da africanidade, ressaltando a importância da igualdade social e racial no Brasil.

Segundo a coordenadora auxiliar do curso, professora Sônia Maria Santos, as aulas ainda buscam disseminar conhecimentos reais sobre a África em áreas como arquitetura, medicina, matemática, geometria, artes, música e teologia. Pouca gente sabe, por exemplo, que os ciclos econômicos brasileiros tiveram origem na África. O café é uma planta etíope, a cana-de-açúcar é asiática, mas estava adaptada no continente africano e a mineração ocorreu com mão-de-obra de regiões produtoras de ouro da África, que desenvolveu técnicas que ajudaram significativamente os portugueses.

No continente africano surgiram diversos alfabetos. Alguns com mais de quatro mil anos. As demonstrações de afro-etno matemática, ligada à teoria de sistema dinâmico, que atualmente é conhecida por matemáticos europeus como teoria do Caos e as teorias defractais também reflete a sabedoria daquele continente. No livro didático o negro é escravo tendo como aspectos positivos o samba e a capoeira, faltando também valorizar os conhecimentos tecnológicos utilizados por eles na época da mineração e na farmacologia e medicina tropical, uma vez que os portugueses não sabiam como lidar com as doenças tropicais.

São 30 alunos matriculados no curso, cujo pré-requisito é que tenham graduação. No entanto, pessoas sem nível superior também podem cursar essa pós, dividida em módulos: cinco em 2007 e cinco em 2008. O último módulo foi Mídia e Etnicidade, que mostrou a forma como o negro é apresentado na mídia. O palestrante foi o renomado cineasta Zózimo Bulbul, que fechou o módulo, falando, inclusive, sobre o cinema negro.

Os interessados em fazer os próximos módulos podem telefonar para o setor de pós-graduação da Funemac (2772-5036) ou para o celular: 9213-5251. Ainda em 2007, houve o segundo módulo, intitulado Teologia Afro-Americana – que buscou desmistificar conceitos e mitos sobre as religiosidades africanas, terminando com chave de ouro com a palestra da professora Patrícia.

O próximo módulo será sobre Literatura e Oralidade Africana e Diaspórica, tratando das literaturas afro-latinas e afro-brasileiras, além de referir-se a países africanos de língua francesa (Senegal) e inglesa (Nigéria). O início desse estudo está previsto para 11 de agosto e o término para 29 de setembro. As aulas ocorrem em dias de sábado, entre 8h e 17h.

De acordo com a aluna dessa pós, Ilma de Souza – Técnica em Enfermagem da Pètrobrás, há 18 anos; pedagoga, formada pela Fafima e diretora do Sindipetro, desde 2001 – as aulas a fazem sentir-se muito bem. “Me emociono por ficar frente a frente com minha cultura, minhas raízes. “Às vezes choro”, enfatiza. Ela ainda questiona: por que tentaram calar o povo africano? Por que massacraram esse povo em tantas culturas? Porque não se fala que a civilização egípcia é africana?

Ilma lembrou que a cultura do antigo Egito é muito rica, despertando fascínio e curiosidade, através de pirâmides, múmias e outras maravilhas culturais e históricas. “Tanto que há os estudiosos em egiptologia”, finaliza a pedagoga.