Macaé viabiliza projeto piloto no Brasil para reciclagem de resíduos da construção civil

20/05/2005 15:36:19 - Jornalista: Catarina Brust

Preocupada com o volume de resíduos de obras que são produzidos em Macaé, a prefeitura assinou convênio com a Universidade de São Paulo(USP) e o Centro de Tecnologia Mineral (CETEM) do Ministério da Ciência e Tecnologia, para viabilizar a construção de uma usina de reciclagem. Diariamente são produzidos de 150 a 200 toneladas de entulhos de obra em Macaé.

- Dentro da concepção do Plano Diretor, a gestão integrada dos resíduos da construção civil, é um dos caminhos a serem regulamentados- explicou Hermeto Didonet, coordenador do Plano Diretor, e que participou no dia 12 de maio de uma reunião com pesquisadores da USP e do CETEM para discutir o projeto de uma usina de reciclagem de resíduos da construção civil.

Hermeto lembrou que Macaé teve uma experiência pioneira nessa área por ter desenvolvido um trabalho através de uma usina de reciclagem de lixo de obra, que funcionou por três anos, até 2004, no bairro do Novo Horizonte. “O trabalho foi interrompido em 2004 exatamente por entendermos que ele precisava melhorar no processo de recolhimento e de desenvolvimento”, ressaltou.

Hoje, a prefeitura de Macaé dispõe de um local específico, que não é o aterro sanitário, para a estocagem de entulhos de obra. O gerador é responsável pelo resíduo de obra que produz, devendo providenciar o seu recolhimento.

- A preocupação do governo municipal é com esse volume produzido diariamente. Os resíduos de construção de civil provocam impactos ambientais, aterramento de áreas de manguezais, propicia o aterramento de áreas favorecendo a invasão em locais impróprios para a habitação e quando é colocado em ambientes urbanos, passa a ser um atrativo de outros lixos – ressalta Hermeto.

Segundo o coordenador do Plano Diretor de Macaé, o projeto que está em estudos prevê o estabelecimento de locais específicos para a estocagem dos resíduos de obra, e a prefeitura faria o recolhimento levando-o para o ponto final. Uma cidade do porte de Macaé, com uma construção civil ativa, gera cerca de 500 gramas a 1 kg por habitante/dia.

Convênio - O convênio que a prefeitura de Macaé assinou com o CETEM e a USP- que possui um laboratório para a análise das características dos resíduos gerados – vai propor um tipo adequado de mistura e agregação para a produção de derivados dos entulhos com preço compatível de mercado. Os resíduos de obra poderão ser aproveitados como bloquetes para calçamento, tijolos e meio-fios.

Hermeto explicou que o projeto já está em fase de coleta do material que é produzido no município. Amostras serão enviadas para serem analisadas na USP.

- Dentro de até um ano teremos a definição da melhor estratégia para a reciclagem dos resíduos de obra produzidos em Macaé. A USP nos fornecerá a planta de uma usina de reciclagem e quais os equipamentos necessários para viabilizar o projeto – disse Hermeto.

A usina deverá ser instalada no novo complexo central de recepção e tratamento de resíduos no bairro do Imburo. As secretarias de Serviço Público, Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia e a Coordenação Geral do Plano Diretor estarão envolvidas no projeto da nova usina de reciclagem de resíduos de obra.

Hermeto ressalta que indiretamente esse projeto vem atender a resolução nº 307 de 2002, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) do Ministério de Meio Ambiente, que estabeleceu diretrizes, critérios e procedimentos para a gestão dos resíduos da construção civil.

- A prefeitura de Macaé está buscando a usina ideal para fazer o investimento certo. Esse projeto é piloto no Brasil, concluiu Hermeto.