Mestre Fantoche Escola desperta talentos da região serrana

12/09/2008 17:39:07 - Jornalista: Andréa Lisboa

Nesta semana, começaram as gravações das dublagens das quatro peças que serão apresentadas na I Mostra de Teatro de Bonecos da Região Serrana. Esse evento é a culminância do projeto Mestre Fantoche Escola, um dos dez contemplados com apoio cultural pela Fundação Macaé de Cultura por meio do edital público de seleção, Ação Macaé Cultural.

As pré-estréias da Mostra acontecerão dia 30, às 10h e 14h, na Escola Municipal Raul Veiga, Glicério; dia 7 de outubro, às 10h, na Escola Municipal Fantina de Melo, no Frade, com alunos também da Escola Municipal Ivete Santanna e dia 14 de outubro, às 10h e 14 h, na Escola Municipal Carolina Curvelo, no Trapiche.

A mostra será constituída por quatro espetáculos: “Choro da Terra” (Fantina de Melo); “Queda do Cristal” (Ivete Santana); “Riscos e Conflitos” (Carolina Curvelo) e “Loucuras do Zé Sujinho” (Raul Veiga). Os temas dos espetáculos, totalmente produzidos pelos alunos das quatro escolas da Serra, é “S.O.S Terra”. Para prepará-los, os alunos passaram por cinco oficinas multidisciplinares, realizadas em suas escolas: texto, artes plásticas, música e sonoplastia, dramaturgia e produção de áudio.

Durante as oficinas de texto, foi desenvolvido o processo criativo de concepção do roteiro. Nas de artes plásticas, foram produzidos os cenários e os bonecos. A oficina de música e sonoplastia preparou a trilha sonora e os efeitos especiais. As oficinas de dramaturgia ofereceram ferramentas para a realização da dublagem das personagens.

Nesta semana, os grupos trabalharão nas oficinas de produção de áudio, que envolve a edição digital das narrações, dublagens, músicas e efeitos especiais. Eles também já iniciaram a última etapa do processo, a de ensaios para a manipulação expressiva dos bonecos e a familiarização com a dinâmica dos espetáculos nas caixas cênicas, que envolve troca de cenários e efeitos de iluminação.

O objetivo do projeto é estimular os alunos para seu desenvolvimento cognitivo, perceptivo, criativo e crítico, por meio de trabalhos em equipe. Essa iniciativa busca valorizar a identidade cultural local e a inclusão através da arte.

A estréia da I Mostra de Teatro de Bonecos da Região Serrana será dia 21 de outubro, às 15h, no auditório anexo à Biblioteca pública Municipal Henriqueta Marotti, em Glicério, e dia 28 de outubro, às 15h, no Teatro Municipal de Macaé.

- A cultura nos sensibiliza a mostrar o melhor dentro de nós. Num trabalho de equipe nos completamos. A cultura nos possibilita esse momento. Cada um de nós já não é mais o mesmo”, disse a presidente da Fundação Macaé de Cultura, Conceição de Maria, emocionada com as apresentações e os depoimentos dos estudantes, que participam do projeto coordenado por Raul Lavor. Para ela, é fundamental que a região serrana esteja inserida no contexto cultural do município. Conceição ressaltou a importância do Ação Macaé Cultural, primeiro edital público de seleção para apoio cultural lançado no interior do estado. “O edital dá transparência ao investimento do recurso público, que passa a estar nas mãos da comunidade”, completou.

Revelando talentos

“Sou um caçador de talentos”, disse o coordenador Raul Lavor. Ele atribui os resultados positivos do projeto à oportunidade conquistada através do edital da Fundação Macaé de Cultura e à colaboração das diretorias das quatro escolas. “Essa iniciativa da Fundação foi uma ação estratégica. O edital dinamizou a cultura da cidade”, ressaltou.

Os grupos são formados por alunos do 4º e 5º ano e do segundo segmento do ensino fundamental. A coordenação do projeto é do professor de música e filosofia, Raul Lavor e a pedagoga, Izabel Crhistina Silveira Lavor, pós-graduada em orientação educacional pelo New Testament School (EUA).

O projeto conta com uma equipe pedagógica especializada. O próprio Raul, em música; Isabel, em texto; Lúcia Caldas, formada pela Escola de Belas Artes, pós-graduada pela Academia Julien de Paris (França) e com premiações em várias exposições, em artes; Manuel Thomas, em artes cênicas e Gesiel Daudt, em produção de áudio.

A Escola Municipal Fantina de Mello foi a única que participou com alunos do 4º e 5º anos do ensino fundamental. O trabalho desenvolvido por esses estudantes mais novos surpreendeu os coordenadores pela criatividade e pela determinação do grupo. A diretora Márcia Braga Vieira considera que o resultado desse trabalho, que teve início há cerca de 3 meses, se deve ao fato da instituição priorizar a literatura. “Essa é a alma de nossa escola”, enfatizou.

Esta semana, os alunos conversaram sobre a produção dos espetáculos com Conceição de Maria, na Biblioteca Pública Municipal Henriqueta Marotti. Hemili Souza, 10 anos, fez a divertida dublagem do repórter “Surdino de Almeida”, em um diálogo com o âncora do telejornal “Estressildo”.

Os alunos do Carolina Curvelo apresentaram uma música que integra a trilha sonora de seu espetáculo. Essa música foi classificada em 1º lugar no II Festival de Música do Coep Macaé (Rede Nacional de Mobilização Social). “Poluição. Porque isso, irmão? Não é papel de cidadão” é a frase marcante do refrão.

Laís Gonçalves, 11 anos, ressaltou a união das equipes: “Cada um se expressou da sua forma, em espírito de equipe”. Anoir Leal, 14 anos, aluno do Ivete Santanna, que se destacou na confecção dos cenários, foi convidado pela presidente para expor seus desenhos no auditório anexo à biblioteca. Ele desenhou o cenário e seus colegas pintaram. “O mais importante para mim foi o fortalecimento das amizades”, comentou.