Ministério de Ciência e Tecnologia e prefeitura de Macaé homenageiam Darwin

25/11/2008 09:47:02 - Jornalista: Alexandre Bordalo

A prefeitura de Macaé participa da organização da expedição Caminhos de Darwin, que passará pela cidade na próxima sexta-feira (28), ocasião em que uma placa alusiva à passagem que o cientista inglês Charles Darwin fez em Macaé, em 1832, será descerrada. A caminhada, que também englobará outros 11 municípios onde o pai da teoria da evolução esteve fazendo estudos no século retrasado, é uma realização do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), com apoio da Casa de Ciência do Rio de Janeiro.

A pergunta de onde vim e para onde vou ou como a vida começou instiga cientistas fazendo parte do imaginário da humanidade. Charles Darwin conseguiu, por intermédio de seu livro “A Origem das Espécies” explicar satisfatoriamente à comunidade científica internacional que mudanças acontecem com os seres vivos durante milhões de anos, gerando outros seres vivos mais capacitados para realizar a função de sobreviver.

Viajando pelo mundo inteiro a fim de estudar fósseis para dar sentido a sua visão evolucionista, Darwin passou por Macaé e mais 11 cidades do Estado do Rio de Janeiro em 1832, onde colheu dados científicos e a respeito de cultura, população e costumes, além de, é claro, estudar a natureza. Ele ficou 18 dias observando floresta em torno do rio Macaé, que considerou um deleite para seus olhos.

O coordenador da Feira Macaense de Ciência, Tecnologia e Inovação (Femacti), Marcelo Machado, devido a seus trabalhos desenvolvidos na esfera científica em Macaé foi convidado a participar das solenidades em cada cidade. Rio de Janeiro, Maricá, Saquarema, Araruama, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Barra de São João, Conceição de Macabu, Rio Bonito, Itaboraí e Niterói também fazem parte do Caminho de Darwin, que a comitiva visitará a partir da próxima quarta-feira (26).

- Em comemoração aos 150 anos do lançamento de seu livro sobre a Teoria da Evolução, o Ministério de Ciência e Tecnologia estará promovendo uma viagem por estas cidades, onde placas serão inauguradas – lembra Marcelo. - Definimos a entrada do Rio Macaé, bem em frente ao prédio novo da prefeitura (ex-Hotel Ouro Negro), na calçada da beira da Rua da Praia, o local a ser instalada esta placa.

Ele acrescenta ainda que para o evento, Macaé estará recebendo comitiva com 40 pessoas, entre elas, o diretor do Departamento de Difusão da Ciência e Tecnologia (MCT), Ildeu Moreira, e diversos pesquisadores e autoridades que estarão acompanhando o grupo.

Evolucionismo

A seleção natural é um processo pelo qual características hereditárias que contribuem para a sobrevivência e reprodução se tornam mais comuns numa população, enquanto que características prejudiciais tornam-se mais raras. Isto ocorre porque indivíduos com características vantajosas têm mais sucesso na reprodução, de modo que mais indivíduos na próxima geração herdam estas características.

Ao longo de muitas gerações, adaptações ocorrem através de uma combinação de mudanças sucessivas, pequenas e aleatórias nas características, e seleção natural dos variantes mais adequadas ao seu ambiente. Em contraste, o movimento genético produz mudanças aleatórias na freqüência das características numa população. Isso surge do papel que o acaso joga na probabilidade de um determinado indivíduo sobreviver e reproduzir-se.

Estudos do registro fóssil e da diversidade dos seres vivos convenceram os cientistas a partir de meados do século dezenove que as espécies mudam ao longo do tempo. Contudo, o mecanismo que levou a estas mudanças permaneceu pouco claro até à publicação do livro de Charles Darwin, A Origem das Espécies, detalhando a teoria de evolução por seleção natural.

O trabalho de Darwin levou rapidamente à aceitação da evolução pela comunidade científica. Na década de 1930, a seleção natural Darwiniana, foi combinada com a hereditariedade mendeliana para formar a síntese evolutiva moderna, em que foi feita a ligação entre as unidades de evolução (genes) e o mecanismo de evolução (seleção natural). Esta teoria com um grande poder preditivo e explanatório tornou-se o pilar central da biologia moderna, oferecendo uma explicação unificadora para toda a diversidade da vida na Terra.

O princípio da evolução postula que as espécies que habitaram e habitam o nosso planeta não foram criadas independentemente, mas descendem umas das outras, ou seja, estão ligadas por laços evolutivos. Esta transformação, denominada evolução das espécies, foi apresentada e explicada satisfatoriamente por Charles Darwin, no seu tratado A origem das espécies, em 1859.

A base da evolução biológica é a existência da variedade, ou seja, as diferenças individuais entre os organismos de uma mesma espécie. Na grande maioria das vezes, os indivíduos produzem uma grande quantidade de descendentes, dos quais apenas uma parte sobrevive até a fase adulta. Assim, por exemplo, a cada ano, o salmão põe milhares de ovos, uma ave produz vários filhotes.

No entanto, as populações das espécies em um ecossistema em equilíbrio não crescem indiscriminadamente. Isto significa que os indivíduos são selecionados na natureza, de acordo com suas características. Freqüentemente menos de 10 % da prole sobrevive. Os indivíduos que apresentarem características vantajosas para a sua sobrevivência, como por exemplo, maior capacidade de conseguir alimento, maior eficiência reprodutiva, maior agilidade na fuga de predadores, têm maior chance de sobreviver até a idade reprodutiva, na qual irá passar estas características individuais vantajosas à prole. Isto ocorre porque todas as características estão imprensas nos genes do indivíduo. Este é o princípio da seleção natural de Darwin.

Charles Robert Darwin (1809-1882)

Foi um naturalista britânico que alcançou fama ao convencer a comunidade científica da ocorrência da evolução e propor uma teoria para explicar como ela se dá por meio da seleção natural e sexual. Esta teoria se desenvolveu no que é agora considerada o paradigma central para explicação de diversos fenômenos na Biologia.

Darwin chegou no Brasil em 20 de fevereiro de 1832, quando esteve na ilha de Fernando de Noronha; depois foi a Salvador (28 de fevereiro), Abrolhos (29 de março), Rio de Janeiro (4 de abril). Partiu para Montevidéu em 5 de julho

No Brasil como em outros países da América do Sul, como a Argentina, Darwin estudou uma rica variedade de características geológicas, fósseis, organismos vivos e coletou um enorme número de espécimes, muitos deles novos para a ciência. Porém, dizem os estudiosos, Darwin e outros cientistas sempre tiveram a ajuda das populações locais.