Morador de rua recebe atenção de equipe multidisciplinar

04/08/2008 18:19:18 - Jornalista: Equipe Secom

Desde que começou a funcionar, o Abrigo Municipal/Pousada da Cidadania, instalada no Barreto, vem realizando trabalhos que garantem assistência médica, social e profissional ao morador de rua que aceita participar do programa municipal de reabilitação do cidadão. Atualmente, 13 pessoas recolhidas nas ruas da cidade recebem atenção da equipe multidisciplinar.

A equipe realiza serviço de proteção especial de alta complexidade para atendimento integral institucional à população em situação de rua envolvendo o planejamento de ações intersetoriais que favoreçam a organização de um novo projeto de vida para estas pessoas.

Prioritariamente o atendimento na Pousada da Cidadania é para àqueles que estão em situação de rua com os vínculos familiar e comunitário interrompidos ou fragilizados e sem referência de moradia regular. A equipe de assistência social, da secretaria Executiva de Assistência Social, órgão vinculado à secretaria Especial de Desenvolvimento Social e Humano, é responsável pela abordagem, triagem, encaminhamento e acompanhamento dos trabalhos, contando com a atuação de equipe multidisciplinar composta por coordenador, assistente social, motorista, psicólogo, pedagogo, médico, monitor, auxiliar administrativo, técnico de enfermagem, cuidador, vigia e enfermeiro, sendo os três últimos em regime de 24 horas de plantão.

A rotina do abrigo municipal/Pousada da Cidade é montada a partir do plano individual traçado para cada abrigado. Com isso, são incluídas consultas médicas, acompanhamento/visitas aos programas de atendimento como o Centro de Atenção Psicossocial (Caps), da secretaria de Saúde; participação em oficinas de trabalho e renda de acordo com os interesses do mercado para capacitação profissional; assistência nas áreas social e psicológica.

- Cada morador de rua que aceita ingressar no programa municipal Pousada da Cidadania tem um plano individualizado de trabalho que considera situações como vínculos familiares, comunitários e profissionais; doenças físicas, comportamentais e mentais; vícios e necessidades de capacitação profissional. É intenção da prefeitura de Macaé resgatar o cidadão, consciente de seus direitos e deveres para com a sociedade e para consigo. Para isso, a rede de proteção social do município é acionada - disse a coordenadora de Programas e Projetos da secretaria Especial de Desenvolvimento Social e Humano, Bárbara Monteiro.

A rede de proteção relacionada ao abrigo municipal engloba órgãos parceiros como as secretarias dos Direitos da Mulher; dos Direitos do Idoso; de Saúde; de Educação; de Cultura Esporte e Turismo; de Comunicação Social; de Trabalho e Renda; de Obras; de Desenvolvimento Sustentável/Inovação, Ciência e Tecnologia; de Serviços Públicos; de Defesa Civil; Conselho Anti Drogas; Fundação Macaé de Cultura; Fundação da Municipal Recanto da Igualdade, a Empresa Municipal de Habitação, Urbanização, Saneamento e Águas (Emhusa) e instituições subvencionadas.

Todos os abrigados recebem assistência médica, com realização de exames ambulatoriais e medicamentosos. O objetivo é conhecer o usuário para atendimento pleno de suas necessidades de saúde para que, quando pronto, possa reingressar ao mercado de trabalho e reatar os vínculos familiares, se for desejo dele, em plenas condições.

Bárbara Monteiro compartilha um caso de sucesso já registrado, o de um abrigado que, com a estima recuperada e com força de vontade estimulada, teve emprego recuperado e logo poderá retomar sua vida pessoal. “O prazo de permanência no abrigo municipal depende de cada caso. Não há uma regra. O trabalho de recuperação e restabelecimento do cidadão passa por etapas que têm tempo e ritmo particular a cada assistido. Somente ao receber alta médica e social o abrigado se desliga do programa municipal”, esclareceu Bárbara Monteiro.

Morador de rua chegou a Macaé há menos de 6 meses

Pesquisa realizada pela secretaria Executiva de Assistência Social, órgão da prefeitura de Macaé, levantou o perfil da população de rua do município, a fim de embasar os trabalhos realizados na área de assistência social, com enfoque no abrigo municipal Pousada da Cidadania. A pesquisa apurou que 41% dos entrevistados estão em Macaé há menos de seis meses e que, fazendo contraponto, está a faixa de 22% com mais de cinco anos.

Realizada por assistentes sociais da secretaria, a pesquisa teve como amostragem 60 moradores de rua, abordados no final de maio e inicio de junho. A pesquisa quanti-qualitativa foi estabelecida como uma ação permanente por parte da Secretaria Executiva de Assistência Social. Esta atividade se constitui como de fundamental importância para o trabalho da Pousada da Cidadania e, conseqüentemente, de outras propostas de intervenção, dado a complexidade frente às varias situações encontradas nas abordagens, valendo mencionar dependência química, problemas de saúde mental, falta de mercado de trabalho e a não referência familiar.

Esta primeira pesquisa abordou moradores de rua das vias da cidade e freqüentadores de instituições filantrópicas. Dentre as informações coletadas revelou-se que 89% da população de rua é do sexo masculino, havendo predominância da faixa etária entre 40 a 59 anos. Em segundo lugar, de 30 a 39 anos, seguido de 19 a 29 anos e de 60 a 65 anos. Em termos de proveniência registra-se a Paraíba como maior estado “exportador” de morador de rua, com 29%, ganhando de Campos, com 19%; Rio de Janeiro, com 14%. Mas a pesquisa ainda registrou Juiz de Fora, Vitória, São Paulo e Cordeiro.

Dos entrevistados, 64% informaram não possuir familiar em Macaé. 76% já trabalharam de carteira assinada e, dentre as principais áreas de trabalho, estão em ordem de predominância: operador, assistência de computador, vendas, auxiliar de portaria, gráfica, biscate, mecânico, pintor, segurança, eletricista, obras (pedreiro e servente), doméstica, lavoura, carpinteiro e eletricista. 93% não possuem cursos de qualificação.

Ponto - Sobre situação de rua, os entrevistados responderam que ficam mais em praças, marquises e calçadas, com registro ainda de pontes, praias e parques. 71% responderam que vivem sozinho.

Tempo nas ruas - Quando o assunto abordado é o tempo em que está nas ruas, 69% disseram que estão há menos de um ano. 18% informaram que estão entre dois e quatro anos, seguido de 9% com mais de oito anos e 4% entre cinco e sete anos.

Alimentação – 81% dos entrevistados se alimentam por meio de doação, enquanto apenas 12% compram alimentos.

Fonte de recurso – 33% ganham dinheiro através da mendicância. 14% possuem trabalho informal. 11% catam latas. 8% são pedintes ou guarda-carros. Dentre outras fontes mencionadas estão: faxina, ajuda ambulante, vigilante, reciclagem, pedreiro, recebe ajuda da família.