A linguagem incomum e o humor simples e inteligente do espetáculo “Múltiplos de Zero” surpreendeu o público que foi à praça Veríssimo de Melo para assistir a peça encenada por alunos concluintes do primeiro ano do Curso Técnico de Artes Cênicas da Escola Municipal de Artes Maria José Guedes (Emart), vinculada à Fundação Macaé de Cultura. A performance dos estudantes emocionou o público e o criativo texto de Ademir Martins cativou a platéia.
“Parecia um espetáculo profissional. Muita verdade cênica. Realmente me surpreendeu”, disse o estudante Elder Costa Reduzino, 22 anos. “Maravilhosos textos e atuações. Não parece que são estudantes”, considerou a também estudante Juliane Garnier, 25 anos.
“Múltiplos de Zero” iniciou sua temporada na tenda da praça Veríssimo de Melo, Centro, na segunda-feira (8). Haverá também espetáculo nesta terça (9), às 20h30, e na quarta (10), às 18h e 20h30. A classificação é 12 anos. Serão recolhidos alimentos não perecíveis e brinquedos para doação a instituições assistenciais da cidade.
As cenas são montadas como fotografias que compõem um álbum harmônico, lírico, e com pitadas de humor criado por jogos de palavras, caras e tons. Em linguagem do teatro do absurdo, o texto rompe com o padrão comercial e se lança em uma proposta reflexiva sobre a dignidade e a própria existência humana.
A ignorância, a inveja, a indolência, a burrice, a incapacidade aparecem como naturais no contexto leve do espetáculo, provocando uma análise sobre a condição do indivíduo e revelando o peso social que recai sobre ele. A peça trata de 14 clowns, vagabundos sem identidade e sem memória, que toda noite ao relento esperam que o dia seguinte amanheça. A intenção do autor e diretor foi apresentar os desejos, as necessidades, as angústias, os infortúnios e a felicidade dessas personagens. Com a cena na praça, a condição dessas pessoas que vivem à margem da sociedade fica mais destacada.
“Estou orgulhoso dessa turma. Quero que continuem estudando e que sejam pessoas, cidadãos melhores e contribuam para melhorar o mundo em que vivem”, disse emocionado Ademir. Artur Silva, 21 anos, integrante do elenco comentou sobre sua participação no espetáculo: “Foi missão cumprida”, resumiu.