Música, poesia e teatro em homenagem a Cartola

30/10/2008 16:34:55 - Jornalista: Andréa Lisbôa

Cartola foi o tema do projeto Quartas Culturais que aconteceu no Café do Teatro Municipal de Macaé esta semana. O evento, realizado sempre na última quarta-feira de cada mês, promovido pela Fundação Macaé de Cultura e Escola Municipal de Artes Maria José Guedes, nesta edição, apresentou os alunos de prática de conjunto de Rubén Pereira, que fez comentários sobre a vida e obra de Cartola e leu alguns dos poemas do sambista.

O mundo é um moinho” e “As rosas não falam” foram algumas das canções interpretadas por Rubén Pereira (violão), Nelson Noch (flauta), Jansen (pandeiro), Saulo (violão) e Marciana (voz). O professor intercalou a apresentação musical com poemas de Cartola. Entre eles, “Obscuridade”. Além de música e poesia, a homenagem ao sambista carioca contou com dois esquetes teatrais sobre o cotidiano do compositor, com Gabrielle Leite, Miliane Bodnarasec, Rodrigo Medeiros e Gabriel Mendes, como Cartola.

A sensibilidade poética e a musicalidade de Cartola contrastavam com a simplicidade de sua vida. Apenas com o curso primário, trabalhou em tipografias e como pedreiro. Desta época, Angenor de Oliveira (1908-1980) ganhou o apelido de Cartola. Rubén contou que Cartola sempre usava um chapéu coco para impedir que o cimento sujasse sua cabeça. Essa passagem foi uma das cenas do esquete.

Em 1925, com seu amigo Carlos Cachaça, que seria seu mais constante parceiro, foi um dos fundadores do Bloco dos Arengueiros. Da ampliação e fusão desse bloco com outros existentes no morro, surgiu, em 1928, a segunda escola de samba carioca, o G.R.E.S Estação Primeira de Mangueira, que teve seu nome e cores (verde e rosa) escolhidos por Cartola.

Seus sambas foram gravados por grandes intérpretes, como Francisco Alves, Carmen Miranda e Sílvio Caldas. Em 1941, formou com Paulo da Portela e Heitor dos Prazeres o Conjunto Carioca. A partir dessa época, o sambista desapareceu do ambiente musical. Cartola só foi redescoberto em 1956, quando o cronista Sérgio Porto o encontrou lavando carros em uma garagem de Ipanema e trabalhando à noite como vigia de edifícios.

A partir de 1961, já vivendo com Dona Zica, com quem se casou mais tarde, sua casa, se tornou ponto de encontro de sambistas. Em 1964, Cartola abriu o restaurante, Zicartola, na Rua da Carioca, que contava com a presença constante de alguns dos melhores representantes do samba de morro. O espaço também era freqüentado por jovens compositores da geração pós-bossa nova. O Zicartola tornou-se moda na época.