Palestra sobre educação científica é ministrada na Cidade Universitária

22/10/2014 17:44:00 - Jornalista: Elis Regina Nuffer / Funemac – Comunicação

Foto: Gabriel Emerik

A palestra foi ministrada pelo professor Pedro Demo

A educação científica, tema discutido pelo filósofo que trabalha a educação por meio da pesquisa, o professor doutor Pedro Demo, autor de mais de 90 livros, prendeu a atenção do público durante palestra integrante da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) realizada pela prefeitura, na noite desta terça-feira (21), no auditório Cláudio Ulpiano, na Cidade Universitária. “A educação científica vai começar efetivamente no país quando conseguir que os professores produzam ciência. Precisamos de uma engenharia da pedagogia no Brasil”, definiu.

- A gente não aprende escutando o professor falar nem copiando aulas. Isso é plágio. O Brasil tem de rever a pedagogia nesse sentido: como formar as pessoas. O pedagogo tem que gostar de matemática, física, química, gostar de fazer ciência pela ciência. As cidades têm de ter jogos interdisciplinares de ciência, muita gincana, brincadeiras em torno da ciência – acrescentou.

Pedro Demo defende que, desde os quatro anos de idade, a criança precisa começar a aprender a linguagem científica para desenvolver a capacidade do conhecimento próprio já na pré-escola. Mas, para isto, destaca que o professor precisa saber fazer da ciência um patrimônio de todos.

- O problema é que a maioria dos professores não faz ciência; dá aulas, simplesmente. Nós precisamos aprender a fazer ciência e da melhor forma possível. Na pré-escola a criança deve aprender ciência fazendo ciência sem aula, no laboratório, com experimentação, usando a ciência com conteúdo e habilidade, sendo protagonista de seu próprio conhecimento – explicou.

Demo avaliou que o método de ensinar com aulas, apostilas e provas desestimula os alunos e enfatizou que a educação científica também passa pelo investimento na qualidade e valorização do professor. Enquanto isto não acontece, a escola e até as universidades, são feitas de aulas, apostilas, provas e currículos prontos e, segundo ele, não tomam a ciência a sério. Para sair desse sistema de ensino são necessários, fundamentalmente, professor/pesquisador, estudante/pesquisador, usar a escola como laboratório, aprendizagem com autoria e escola integral com tempo de estudo.

O professor mostrou na prática como os professores devem problematizar e solucionar. Ele exemplificou com a questão da água que pode ser abordada na forma de economia, física, português da água, história, geografia e outras pedagogias envolvendo os alunos para que possam sair da sala de aula reconstruindo os temas, recomeçando, motivados a serem os solucionadores.

- A ideia é fazer avaliação da produção diária dos alunos por ensaios, por aquilo que produzem, mas a questão é que no Brasil quantos professores sabem o que é um ensaio? O professor precisa ter a generosidade de não dar aulas e fazer o aluno produzir conhecimento. O Ministério da Educação não tem que aumentar dias de aulas, como tem feito, precisa de mais dias de aprendizagem e menos dever de casa. Do jeito que a educação está, vamos desaprendendo com a maior elegância – finalizou.

Participaram da mesa de abertura da palestra o subsecretário de Ciência e Tecnologia, Joelson Tavares; o presidente da Fundação Educacional de Macaé (Funemac) – mantenedora da Cidade Universitária – Gleison Guimarães; a subsecretária de Educação na Saúde, Cultura e Esporte da Secretaria de Educação, Mônica Couto; o representante do Instituto Nossa Senhora da Glória, Rodrigo de Siqueira Melo; e a professora da UFRJ Cristina Ruta, representando a diretora do campus Macaé, Arlene Gaspar. A SNCT é uma iniciativa da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico e parceiros.


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