Pastoral da Sobriedade: uma busca de felicidade

17/11/2008 10:25:30 - Jornalista: Alexandre Bordalo

“Vida sim, drogas não”. Este foi o lema da campanha da fraternidade, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 1988, que produziu resultados. A partir daí, diversas pastorais da solidariedade foram fundadas em cidades brasileiras. No ano de 2001, o projeto foi instalado em Macaé. De lá para cá, mais de três mil pessoas, entre familiares, amigos, simpatizantes e dependentes químicos já freqüentaram as reuniões, que acontecem todas as segundas-feiras às 19h30m, na Igreja São João Batista, que fica na Rua Prefeito Moreira Neto 72, Centro.

Com apoio da Secretaria Municipal de Saúde, por meio do Fundo Municipal Anti Drogas, a Pastoral da Sobriedade reflete uma ação da Igreja Católica que evangeliza pela busca da sobriedade como um modo de vida, conforme terapia do amor, onde todo o tipo de dependência é tratado. Segundo a agente de reinserção social e de prevenção, além de conselheira em dependência química da Pastoral da Sobriedade (Macaé), Magda Soraia, as dependências tratadas são a impulsividade, a compulsão e outras formas de sujeição.

- Não tratamos em nossas terapias de grupo apenas da subordinação a substâncias psicoativas, mas também dependências de remédios (hipocondria), de sexo, e, inclusive da internet e seus jogos – explica Magda Soraia. Ela acrescenta ainda que falar demais, comer em demasia, ou trabalhar compulsivamente também são formas patológicas de dependência. “A idéia fixa, quando o sujeito diz que precisa de determinadas sensações e experiências para passar o dia, por exemplo, a compulsão em assistir televisão o dia todo, também é uma maneira de intemperança, que demanda sobriedade”, afirma ela.

Até mesmo comprar compulsivamente ou apostar o dinheiro da família em jogos são buscas de satisfazer desejos momentâneos e passageiros, que como os já citados podem levar ao descontrole e ao desequilíbrio. “Na pastoral da sobriedade macaense há o trabalho de 12 agentes de prevenção, entre psicólogos, conselheiros em dependência química, pedagogos, assistentes sociais e outros”, conta a conselheira.

Segundo disse, todo o trabalho desenvolvido na Pastoral da Sobriedade tem como alicerce e base as orientações bibliográficas provenientes da CNBB, cuja sede fica em Curitiba-PR. Com estas determinações, os profissionais de Macaé querem trabalhar propondo mudanças, e não fazendo imposições. “Temos o objetivo de levar ao público alvo condições favoráveis para a reflexão e reformulação das suas vidas. Para isso, questionamos: ‘como está a sua vida?’ e ‘como ela pode melhorar?’ “, argumenta Magda.

Ela ressalta que a Pastoral da Sobriedade busca valorizar a pessoa humana em termos de totalidade, com atividades culturais, esportivas, de entretenimento e outras. Além disso, os trabalhos são estruturados conforme cinco dimensões: prevenção, intervenção, recuperação, reinserção social e atuação política.

Sobre prevenção, ela frisou que isso se dá mediante palestras em escolas, associações de moradores, órgãos governamentais e particulares. Já acerca de intervenção, Magda ressaltou que isso acontece quando o indivíduo relata que está usando drogas. Neste caso, entram em cena os conselheiros em dependência química, que tencionam sensibilizá-lo a respeito dos malefícios decorrentes pelo uso de drogas lícitas e ilícitas.

A esfera da recuperação ocorre na medida em que os usuários freqüentam as reuniões. Eles querem deixar de ser dependentes químicos e buscam no convívio e no apoio de outros clientes a própria libertação, ainda que “Só por Hoje”. Outra área trabalhada na pastoral trata da reinserção social.

- É que depois de parar de utilizar as substâncias psicoativas, é necessário que a pessoa retorne ao convívio social, por intermédio de seu trabalho. Infelizmente, a sociedade na qual ele anteriormente cometia delitos agora não o perdoa, rejeitando-o e rotulando-o –comenta ela, que considera este trabalho nada fácil, porém muito substancial. Magda diz que é necessário que as empresas vejam os dependentes químicos como pessoas que podem recuperar-se, ter vida digna e responsável na sociedade.

A quinta e última dimensão refere-se à atuação política da Pastoral da Sobriedade, como parte da sociedade civil organizada, formulando políticas públicas e estratégias preventivas. “Somos muito gratos à prefeitura de Macaé, que nos proporciona os devidos suportes, a fim de que vidas sejam transformadas e que a dependência química e outras sejam trabalhadas, com o objetivo de que as pessoas sejam verdadeiramente livres e felizes, sem artifícios”, finaliza ela.

Ela ainda lembra que nas quartas-feiras, às 9h, são realizados os grupos de família. Neste mesmo dia às 11h, acontece o acompanhamento individual com profissionais e às 15h, o atendimento ao público alvo.