Pousada da Cidadania abriga mais sete ex-moradores de rua

09/10/2008 15:30:18 - Jornalista: Lourdes Acosta

Mais sete pessoas foram recolhidas nas ruas de Macaé nos últimos dias e encaminhadas à Pousada da Cidadania, instalada no bairro São José do Barreto. Desde que começou a funcionar, em julho deste ano, o abrigo municipal tem cumprido seu papel de re-inserção social ao ex-morador de rua.

Hoje são 27 cidadãos abrigados e atendidos pelas políticas públicas de moradia, saúde e assistência social e profissional. Muitos deles perderam seu trabalho, sua família e até sua auto-estima. Na pousada, eles encontram referência e atendimento de uma equipe formada por coordenador, assistente social, psicóloga, pedagogo, médico, monitor, auxiliar administrativo, técnico de enfermagem, motorista, cuidador, vigia e enfermeiro, sendo os três últimos em regime de 24 horas de plantão.

Os problemas causados pelo alcoolismo e as drogas são os principais vilões, mas o desemprego e os conflitos familiares também compõem o quadro de razões que os levam a viver nas ruas. A maioria vem de lugares como Vitória, Sergipe, Recife, Feira de Santana, Carapebus, Quissamã e outros.

A equipe da Secretaria Executiva de Assistência Social, órgão vinculado à secretaria Especial de Desenvolvimento Social e Humano (Semdesh), é responsável pela abordagem, triagem, encaminhamento e acompanhamento dos trabalhos. A Pousada é mantida pelo Fundo de Assistência Social da Semdesh.

- Os moradores da Pousada da Cidadania seguem uma rotina pensada a partir de um planejamento individual. Ao identificarmos que há dependência química, problemas de saúde e até doenças comportamentais, eles são tratados aqui mesmo ou encaminhados aos programas parceiros, como o Caps - Centro de Atenção Psicossocial, o Programa DST/AIDS do Centro de Testagem Anônima e outros, disse Ana Darcia, assistente social, completando que, quando há um grau maior de dependência química, eles são encaminhados para internação em entidades do município como a comunidade terapêutica Shalom and Life e em outras cidades.

Assim que chegam na pousada, os hóspedes são atendidos pelo clínico geral e pela enfermagem e logo em seguida passam por uma bateria de exames laboratoriais, de acordo com cada patologia detectada. “São exames de rotina, mas necessários ao bem-estar do morador, tais como: hemograma, baar/ppd, toxoplasmose, VDRL (sífilis), HIV, hepatite B e C (células hepáticas) e outros”, informou a enfermeira plantonista Roberta Curvello.

Além da atenção psicológica e de saúde, o ex-morador de rua participa de oficinas de trabalho e renda, capacitação profissional e assistência pedagógica. Muitos são alfabetizados e se inserem na arte de criar artesanatos.

Cuidados intensivos – Ao passar a residir na pousada, o ex-morador de rua começa a praticar um programa de atividades que inclui a higiene pessoal e do ambiente; laborterapia – atividades educativas manuais que criam os desenhos e os artesanatos; psicoterapia (atendimento psicológico individual) e dinâmica de grupo (atendimento coletivo), além de educação física.

- O cuidador instrui o nosso hóspede na questão da higiene corporal e ambiental, estabelecendo a rotina de como arrumar sua cama, o armário e o quarto, pois muitos perderam a noção dos hábitos normais por estarem nas ruas muito tempo e aqui eles reaprendem. Depois de inseridos, muitos querem recomeçar suas vidas e voltar para suas casas. Outros querem, mas não têm a oportunidade de re-inserção familiar, pois perderam esse vínculo por morte de parentes ou separação conjugal e não conseguem mais manter o laço afetivo, frisou Ana Darcia.

Horta comunitária – Outra terapia inserida na pousada é a horta comunitária que foi iniciada pelo ex-morador de rua José Carlos da Conceição, 61 anos, oriundo do estado do Espírito Santo. José conta que começou a plantar para passar o tempo e ter mais atividade. Hoje, ele já colhe os frutos da horta, pois já conta com frutas como moranga, melancia, maracujá e mamão e hortaliças como couve, alface, coentro, cheiro verde e quiabo que já estão sendo comercializados.

Darcia revela que haverá capacitação para a horta comunitária e que já está sendo celebrada a parceria com a Fundação Agropecuária de Abastecimento e Pesca de Macaé (Agrape) para que mais morador conheça os segredos e as técnicas de uma horta.