Prefeitura assiste população em situação de rua

29/08/2018 11:43:00 - Jornalista: Carla Cardoso

Foto: Bruno Campos

Cerca de 80 atendimentos diários são realizados por equipe técnica do Centro Pop

Há 12 anos, o motorista de ônibus Gilversino Lopes Santos Filho (58) veio para Macaé em busca de oportunidade profissional. No município, conseguiu uma vaga na área da construção civil. Mas, há 18 meses, seu Gil, como é mais conhecido, perdeu o emprego e a alternativa que encontrou foi viver nas ruas, até conseguir outra recolocação no mercado. “Sem emprego, não tenho como pagar aluguel, não tenho como manter uma casa. Acabei ficando nessa. Muitos excluem as pessoas com mais idade. Às vezes até tenho proposta de trabalho, mas quando chego a relatar minha idade, existe aquele preconceito e, infelizmente, sou excluído do meio profissional”, conta.

A de Gilversino é apenas uma das muitas histórias que se ouve sobre pessoas em situação de rua, público que tem um atendimento específico no Centro Pop, o Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua e Migrantes, cujo objetivo é fazer a acolhida desses usuários. "São cerca de 80 atendimentos diários, mas nem todas as pessoas todos os dias se encontram aqui. Isso varia. Nós temos uma equipe de abordagem que vai às ruas quase todos os dias, ou quando realmente há uma necessidade, e faz esse convite para que esses usuários conheçam essa casa. A finalidade é fazer com que eles possam voltar a ser cidadãos", explica Edvaldo Santos, coordenador da casa.

Segundo ele, parte das pessoas que estão nas ruas da cidade são migrantes que chegam documentadas em busca de oportunidades. “Outra parte é oriunda de várias cidades como Vitória, no Espírito Santo; São Paulo; Rio de Janeiro e cidades vizinhas, com vários problemas peculiares, de família, separações, e que muitas vezes buscam nas ruas as alternativas de vida. Alguns param na cidade e ficam dois, três dias e vão embora. Outros pedem ajuda para voltar para os seus municípios. Outros acabam ficando em Macaé. Parte deles está na rua por opção e parte, às vezes, por dificuldades. Precisamos trazer essas pessoas aqui para que sejam avaliadas”, explica.

Seu Gilversino, por exemplo, é um dos que vieram para ficar. “Eu já tive uma profissão boa. Após ser motorista, já fui dono de comércio. Só me falta oportunidade para eu reaver essa profissão boa. Infelizmente o meu comércio faliu. Então eu fiz uma aventura: fui de São Paulo até Belo Horizonte de bicicleta e lá, fiquei na casa de parentes, por um ano, mais ou menos. E não tendo opção de trabalho, alguém me falou sobre Macaé. Arrumei minha bagagem e parti para cá. E aqui no Centro Pop, tenho sido acolhido carinhosamente. Estou tentando reaver uma documentação para me ajudar a conseguir outro emprego. A esperança é a ultima que morre. Eu espero que a minha não morra nunca”, almeja Gilversino.

Centro Pop é referência para convívio social

Referência para convívio social, no Centro Pop é possível desenvolver relações de solidariedade, afetividade e respeito e proporcionar vivências para o alcance da autonomia dessas pessoas. No local, além de garantir o café da manhã e um vale para o almoço no restaurante popular, os assistidos podem tomar banho, lavar roupas e ter indicação para outros atendimentos e encaminhamentos para a rede pública de saúde.

A assistente social Alessandra Florido atua no serviço especializado de abordagem social, vinculado ao Centro Pop. Ela explica que as aproximações feitas nas ruas são para monitoramento e buscas ativas. O Centro Pop seria a porta de entrada para então serem encaminhados a outros serviços da assistência e políticas públicas. "A interpelação social está vinculada a atendimentos às pessoas que estão em situação de rua, crianças e adolescentes que são encaminhadas ao CREAS e mulheres que fazem uso do corpo para o trabalho, como profissionais do sexo. Nós referenciamos aos serviços de saúde de acordo com a demanda. Dessa forma, o município garante a execução determinada em lei mantendo os direitos para essa população", ressalta Alessandra.

Segundo o coordenador, a humanização no acolhimento é o principal. “Essa é a primeira etapa. A segunda é passar pelo acompanhamento especializado. A terceira etapa, mais importante de todas, é a busca em rede. Precisamos captar parceria na política setorial como o Caps, a Pousada da Cidadania, o Consultório de Rua, a Saúde, o Trabalho e Renda, o Desenvolvimento Social, e outros. Tudo para conseguir a emancipação para esse usuários e cidadãos que querem mudar de vida”, defende.


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