Prefeitura promove ciclo de palestras “Adolescência em Foco”

02/04/2008 15:10:19 - Jornalista: Genimarta Oliveira

“Adolescência, período da vida entre a infância e a fase adulta”, descrição simples encontrada nos dicionários, mas que na verdade é uma fase de descobertas e tomada de decisões. Pensando na formação saudável destes jovens, a Prefeitura de Macaé, por intermédio de diversas secretarias municipais, realizou nesta quarta-feira (02) o ciclo de palestra denominado “Adolescência em Foco”, que marca o lançamento do projeto de capacitação em sexualidade.

O evento, organizado pela equipe do Centro de Referência do Adolescente (CRA), da Secretaria Especial de Saúde, contou com a presença de mais de 500 adolescentes de escolas públicas e particulares. As palestras foram proferidas pela conselheira do Conselho dos Direitos da Mulher (Cedim) do Rio de Janeiro e integrante do Movimento das cidadãs positivo do Rio de Janeiro, Maria Aparecida, e pelo professor adjunto da Escola de Medicina da UFRJ e coordenador do projeto Papo Cabeça, José Leonidio. Eles abordaram assuntos como DST/Aids, gravidez na adolescência, família, drogas, escola, entre outros.

Durante a solenidade de abertura, o secretário Especial de Saúde, Luiz da Penha, ressaltou que o evento é uma oportunidade para que os adolescentes troquem informações e tirem suas dúvidas com profissionais. “Nesta fase, são importantes encontros como estes, que tratam de assuntos que interessam aos adolescentes”, disse da Penha. Ele ressaltou que a secretaria Especial de Saúde vem adotando políticas públicas de saúde, voltadas para esta faixa etária.

O gerente do CRA, pediatra Newton José, acrescentou que um dos principais objetivos do projeto é diminuir os agravos na saúde dos adolescentes. “Nossa meta é alertar os jovens para que tenham maior objetividade no seu dia a dia, mostrando os limites necessários à vida. O viver bem é o saber viver, respeitando o próximo”, frisou.

Newton falou ainda que um dos alertas enfocados foi quanto à sexualidade e ao uso de drogas. “É fundamental que o jovem esteja informado sobre os seus novos desafios. A falta de cuidado em suas ações neste momento, como o uso de drogas, lícitas e ilícitas, e o sexo desprotegido podem ser nocivos a sua própria formação”, completou, ressaltando que a finalidade do projeto é dar condições aos jovens, para que possam avaliar os riscos, mostrando que ser jovem requer responsabilidade.

Para a estudante da Escola Municipal Polivalente, Françoise de Carvalho, 13 anos, o encontro com profissionais é a oportunidade que todos têm de tirar suas dúvidas e de forma correta. “Os jovens têm consciência das doenças sexualmente transmissíveis e da gravidez, mas muitos acham que isso é muito distante e que não acontece com eles”, disse.

A coordenadora do programa Saúde do Escolar, da secretaria Especial de Educação, Solange Coelho de Assis, lembra que em parceria com a secretaria de Saúde, através do Programa DST/AIDs e o Centro de Referência ao Adolescente, os professores da rede municipal estão participando de um curso para abordar, de forma dinâmica, situações do cotidiano dos adolescentes e encaminhá-los para os programas municipais necessários.

Palestra – O coordenador do projeto Papo Cabeça, José Leonidio, fala das muitas fases de mudança na adolescência. “Existem processos fisiológicos, pelos quais o adolescente precisa passar. É um cérebro que está se desfragmentando, está podando valores da infância e criando uma nova base”, explica ressaltando a importância da criação de programas voltados para os jovens.

- A prefeitura está de parabéns por implementar um centro onde o adolescente pode receber todo tipo de orientação e informação, além de atendimento multiprofissional sem burocracia, elogiou.

Com relação à gravidez na adolescência, o coordenador informa que há um alto índice em todo país.

- O alto índice de gravidez na juventude demonstra uma certa banalização do sexo e dos aspectos que o cercam. Os meninos, de uma forma geral, se mostram mais avessos à idéia de serem pais do que as meninas, que aceitam a maternidade com mais segurança, disse.

Segundo o professor, nesses casos é muito comum à família assumir a paternidade, enquanto o jovem continua seguindo sua vida anterior. A principal diferença entre a mãe e o pai é que ela entra necessariamente no cotidiano do filho, desde a gestação até a amamentação e cuidado diário. O pai pode, na verdade, se eximir totalmente do compromisso.

Nesse contexto, Leonídio cria um paralelo com questões sociais: “A menina que engravida hoje, aos 13 anos, não apresenta a mesma carga histórica de nossas avós, que engravidaram com a mesma idade. Aquele contexto social era patriarcal, de formação e concepção de família totalmente diferentes do atual, em que 70% das famílias brasileiras é monoparental. O momento social e a carga de informação diferentes influenciam enormemente um cérebro em formação”, explica.