Projeto Resgate: uma busca de cidadania

19/06/2008 17:24:33 - Jornalista: Alexandre Bordalo

Trinta pessoas participam hoje do projeto Resgate, vinculado ao Conselho Municipal Anti-Drogas (Comad), que tem o objetivo de promover a recuperação de dependentes químicos (DQ). O projeto funciona há três anos na Igreja Água Viva, localizada na rua Tiradentes 112, no bairro Cajueiros, e já atendeu 2.087 pessoas.

O tratamento utiliza o método dos 12 passos de Narcóticos Anônimos. No 1º passo, por exemplo, as pessoas refletem concluindo que são impotentes diante das drogas e que precisam vencer as barreiras do orgulho natural e aceitar ajuda.

Já no quarto passo, os dependentes fazem uma auto-análise, durante reuniões com outros dependentes, com foco na mudança de vida, para não utilizarem mais as drogas.

O conselheiro em dependência química, Adamilton Rodrigues da Silva, 38 anos, assumidamente dependente químico em fase de recuperação, diz que por toda sua vida estará se recuperando do vício. Silva é coordenador do grupo Resgate, que funciona todas às segundas, quartas e sextas-feiras, das 19h às 21h. “As pessoas que freqüentam o projeto querem afastar-se dos malefícios das drogas, que trazem problemas sérios no âmbito físico e emocional”, afirma.

Foram 342 reuniões nestes 36 meses do Projeto, promovendo ajuda eficaz a 86 dependentes químicos. Outra característica do Resgate é incentivar seus participantes a preencherem relatório diário (RD). De acordo com o conselheiro Adamilton, através do RD, o dependente adquire condições de auto domínio, uma vez que, usando drogas ou não em determinada ocasião, tudo é registrado no relatório.

O “Por Hoje Não Usarei Substâncias Psico Ativas” é uma das bases da vigilância do DP para não repetir os erros. Além disso, a metodologia do projeto inclui o combate a defeitos de caráter, como por exemplo, a mentira e a desonestidade: “Não adianta parar de usar drogas e viver a mesma droga de vida, como a falta de disciplina, amor e autocontrole”, destaca o coordenador.

O projeto Resgate estimula também o convívio entre os participantes, por meio de partidas de futebol de salão, futebol society, além de confraternizações, mediante churrascos e encontros. “Muitos dependentes químicos são extremamente solitários neste mundo e carecem de socialização”, comenta Adamilton.

Uma História de Luta Anti-Drogas

- Não quero me manter no anonimato, assumo meus testemunhos. Abertamente conto à população macaense que enfrentei este drama do vício. Quero, assim, ajudar a outros a não se iludirem pelo prazer momentâneo das drogas, cujas conseqüências são cruéis, prejudicando de forma profunda, o plano de Deus para as pessoas, que é a felicidade – pontua o conselheiro químico Adamilton Rodrigues da Silva.

Ele acrescenta que em seu caso houve dependência cruzada – mais de duas drogas utilizadas simultaneamente: álcool, maconha e cocaína. “Utilizei estas substâncias durante 21 longos anos de minha vida. Freqüentei a comunidade Shalom and Life e o Projeto Gênese – ambos de Macaé”.

Adamilton agarra-se à fé, que segundo ele foi a sua salvação para manter-se sóbrio. “Estou puro por causa de muita oração. Se não fosse a presença poderosa de Jesus em minha vida, eu estaria fadado a estar no fundo do poço das drogas”, testemunha o jovem.

Fórum

Sobre o I Fórum Municipal de Prevenção de Tabagismo, Álcool e outras Drogas – Consolidação de uma Rede, que começa nesta quinta-feira (19), às 18h, no Macaé Centro, e na sexta-feira (20), entre 9h e 17h, no mesmo local, o Projeto Resgate vai se apresentar mostrando vídeos sobre o drama dos viciados e divulgando sua metodologia.

O valor da espiritualidade para a recuperação dos dependentes também será enfatizado pelos participantes do Projeto, durante o Fórum. “Atualmente, trabalho no setor de Recursos Humanos (RH) da secretaria Municipal Especial de Saúde. Ou seja, encontrei luzes no fim do túnel, apesar da conturbação da vida”, conclui o conselheiro.

Para finalizar, ele conta que o Projeto Resgate atende homens e mulheres com idades entre 13 e 57 anos e muitos dos participantes são persuadidos a freqüentarem o projeto, através de incursões nas ruas, quando há trabalho de evangelização.