Rita Brennand é homenageada no “Palavra Expressa”

08/10/2007 17:17:35 - Jornalista: Andréa Lisbôa

O projeto Poesia Palavra Expressa, desenvolvido pela Biblioteca Pública Municipal Dr. Télio Barreto, da Fundação Macaé de Cultura, homenageará, nesta terça-feira (9), a poetisa Rita Brennand. O projeto acontece quinzenalmente às terças-feiras, às 18h, no Café do Teatro Municipal. O evento é voltado para comunidade, estudantes e especialmente para os amantes da poesia. O recital, no aconchegante ambiente do café, decorado com varais de poesia, atrai, a cada edição, um número maior de apreciadores. A entrada é franca.

A poesia intensa de Rita Maria Salazar Brennand, será o foco deste “Palavra Expressa”. Sucesso de crítica, a escritora sem vaidades diz de si mesma: “Não sou poetisa. Apenas escrevi sobre um período de minha vida”. O escritor Frederico Morais publicou a seguinte análise do trabalho de Rita, no Jornal do Brasil: “Depois de uma dolorosa espera, Rita decidiu fazer o mais difícil: expor, isso é expor-se. E foi ao mais fundo do seu ser, regrediu até as coisas primeiras, até as entranhas da matéria...e do corpo...Fez do corpo barro, nele queimando gestos angustiados”.

Nascida em Recife-Pe, Rita Brennand, 81 anos, foi também ceramista e escultura. De suas obras em cerâmica, produzidas entre 1972 e 1977, em Itaboraí-RJ, se originou a maior parte dos poemas de seu livro “Objetos da Terra”, publicado em 2001. A obra é dividida em quatro temas: Terra Mutante, Sons da Terra, Enigma dos Seres e Outra Máscara: Mulher. A arte de Rita Brennand é marcada pelo seu amor a terra e ao que dela aflora. A própria terra é o seu material de criação.

O musicoterapeuta e mestre em psicologia Paulo de Tarso de Castro Peixoto também publicou uma apreciação sobre o trabalho da escritora. “Rita entra num agenciamento com outros corpos, externos a si, deixando escorrer em si um grau a mais de singularidade: não imita o barro, mas entra numa zona de vizinhança em que já não consegue se distinguir daquilo que transbordou no que era o seu Si. Torna-se Rita-Barro. Rita é pura passagem de afetos que se derramam em enunciações poéticas, narrativas: o encontro advindo com as forças de um dado acontecimento”, disse.

- Afundo os pés no barro que, submisso, se esparrama. Percebo a docilidade dessa matéria que me atrai. Ela brinca com meus sentimentos. Ela atiça os meus desejos - revela Rita em um de seus poemas.