Sedim: resgatando valores nas mulheres vítimas de violência

03/11/2008 10:58:51 - Jornalista: Lourdes Acosta

“Reaprendendo a Viver”. Esta é o nome de um grupo de mulheres que se reúne nesta quarta-feira (5), nas dependências da Secretaria Executiva dos Direitos da Mulher (Sedim) com o objetivo de resgatar a auto-estima, através da troca de experiências oportunizadas pelas terapias individual e de grupo que são aplicadas.

O trabalho faz parte do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres (PNPM), cumprido pela Secretaria Municipal Especial de Desenvolvimento Social e Humano, através da Sedim, dirigida pela secretária dos Direitos da Mulher, Vânia Deveza que, entre outras coisas, combate todas as formas de discriminação contra as mulheres, consolidando as diferenças e promovendo a igualdade.

Para atender os dois grupos operativos “Reviver é preciso” – formado há três meses e o “Reaprendendo a Viver” que já se reúne no período de um ano, a psicóloga Gisela Matos e a Assistente Social Eveline Dreyer têm realizado semanalmente, procedimentos de atendimento às mulheres vítimas de violência. Após a primeira avaliação psicológica elas são encaminhadas para terapias.

- Na prática nós trabalhamos o resgate da auto-estima, da identidade e de valores que a mulher vai perdendo no vivenciar do ciclo da violência, por anos a fio. Valores esses que são subliminados nesse tipo de relação como a autonomia, sua liberdade, independência, respeito e muitos outros, garantiu Gisela Matos.

Temas – Nas reuniões de mulheres vítimas de violência doméstica são inseridos temas que conscientizam a mulher sobre como recuperar sua independência emocional, financeira e que resulta num novo equilíbrio. “Trabalhamos também a sexualidade que muitas vezes é abafada em função do companheiro”, disse Eveline.

No trabalho de resgate dos valores da mulher são utilizadas dinâmicas de grupo, relatos de vivências, produção de textos, diálogos livres e confraternizações. “Observamos nos grupos o fortalecimento de vínculo nas relações de amizade, a perda do medo e da culpa de voltar para casa e ser repreendida pelo seu agressor”, assinalou Gisela, acrescentando que a violência não é só apanhar, mas o bloqueio do seu eu, da sua liberdade, um cerceamento que às vezes a mulher se permite por inúmeras situações.

A auxiliar técnica de planejamento, Roberta Neves, 36 anos, faz terapia de grupo na Sedim. Ela diz que já está separada há quatro anos e que sofreu violência psicológica durante 11 anos, pois era cerceada e não tinha liberdade nem para ver sua família e que foi muito maltratada pelo seu companheiro.

- Aqui no grupo eu reaprendi a viver e sinto que minha auto-estima melhorou muito. Hoje sou outra pessoa, graças a esse tratamento que recebo aqui na Sedim. Acho muito importante essa troca de experiência e o crescimento do grupo, pois aqui nos ajudamos mutuamente. Esse trabalho além de nos assistir, encoraja quem sofre todo o tipo de violência conjugal ou familiar, assegurou a técnica Roberta.