Foto: Kaná Manhães
Equipes simularam todo atendimento às pacientes
Para verificar a eficiência do município em caso de ocorrência de gripe A (H1N1), a prefeitura de Macaé realizou nesta sexta-feira (5) o simulado de atendimento, preconizando todas as normas do Ministério da Saúde. A preocupação da secretaria de Saúde é com relação à vinda de grande número de turistas, principalmente estrangeiros oriundos das áreas endêmicas durante a Feira Brasil Offshore, que acontece entre os dias 16 e 19 deste mês.
Este foi o primeiro simulado realizado pela secretaria de Saúde, e que poderá ser aproveitado em casos reais de qualquer epidemia ou pandemia que possa ocorrer. A ação, além de avaliar os profissionais, também serviu para testar os sistemas de informações entre os diferentes órgãos, tais como secretaria de Saúde, Disque Gripe A, Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero), Unimed, Subsecretaria de Comunicação, entre outros.
- Detectamos algumas pequenas falhas, mas que não podem ser toleradas em situações deste tipo. Em pandemias, como é o caso desta gripe, mesmo as menores falhas podem trazer grandes prejuízos. Posteriormente, vamos nos reunir e avaliar este simulado para saber que providências tomar para corrigir os problemas apresentados. Mas no geral, foi uma experiência muito positiva. Pretendemos adotar esta prática em nossa rotina, para estar sempre treinando nossa equipe em situações graves, como epidemias ou grandes acidentes. Gostaria de agradecer à Petrobras e à Infraero, que participaram conosco deste treinamento, por nos proporcionar esta experiência, já que a secretaria de Saúde não tem prática neste campo, disse o secretário de Saúde, Eduardo Cardoso.
O simulado analisou todas as instituições, com o objetivo de verificar a capacidade de detecção e prontidão numa suspeita de caso de gripe A. Foram monitoradas as condutas frente ao atendimento do caso ainda no Aeroporto, no Centro de Convenções Jornalista Roberto Marinho e no Hotel Blue Tree, a transferência de possíveis doente e a integração dos serviços.
- Achei esta simulação extremamente positiva. O ponto principal dela, a meu ver, foi a interação de todas as entidades envolvidas e a troca de experiências que ela proporcionou. Todos agiram como se fosse uma situação real, talvez de forma até mais rigorosa do que pudesse ter sido feito. Isso me deixa tranquila, porque, se trabalhamos assim numa simulação, certamente num caso real o atendimento será ainda melhor. Todos os envolvidos estão de parabéns, disse a diretora técnica do HPM, Márcia Amaral.
Também foi analisada a integração desses serviços com o hospital de referência para casos suspeitos da Gripe A, o serviço de vigilância epidemiológica do município, além de verificar se todos os procedimentos técnicos necessários para conduzir um caso como este seriam adotados.
Os “pacientes” foram os atores do Grupo de Teatro Arte em Saúde (Grutas), da secretaria de Saúde. As atrizes Kikil Gomes, Mara Luci e Fabiana Alves seguiram um roteiro pré-estabelecido e simularam um quadro clínico típico de gripe.
Casos simularam situações que poderiam ser reais
No Aeroporto, a paciente – vinda do Rio de Janeiro depois de uma estadia em Nova York - apresentou uma anomalia clínica durante o vôo. Diante da simulação, o piloto acionou o Centro de Operações da Infraero que imediatamente avisou a Anvisa. De acordo com o responsável pela Anvisa, Antônio Sérgio Lemos, por ser uma aeronave de pequeno porte todos os 18 passageiros, tiveram contato com a paciente e foram levados para a sala de operações aeroportuárias, onde foi feita avaliação epidemiológica de todos, além do preenchimento do termo de controle sanitário.
A paciente que apresentou os sintomas da gripe, foi transferida para o Centro de Triagem da Gripe A, instalado anexo ao Hospital Público Municipal. A equipe técnica da Anvisa informou à paciente que, de acordo com o quadro clínico apresentado e com o Plano de Monitoramento, ela precisaria ser transportada para a unidade de triagem, que após exame clínico foi descartada a possibilidade da gripe A. A empresa aérea Team, colaborou com o treinamento.
Já no Centro de Convenções Jornalista Roberto Marinho, uma mulher de 39 anos, presente à feira Macaé Offshore, foi levada ao Hospital Público Municipal (HPM) apresentando sintomas da gripe suína. A paciente foi atendida no Posto Médico montado pela Unimed para a Feira, e de lá, foi encaminhada de ambulância ao HPM.
Na simulação, a paciente apresentou todos os sintomas relacionados à nova gripe, como dores de cabeça e pelo corpo, vômitos, tosse seca e febre. A suspeita se agravou pelo fato dela ter chegado do México na última terça-feira (3) e ter tido contato com pessoas doentes no local. Após a suspeita ter sido confirmada, o Departamento de Vigilância Sanitária do município e o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs), no Rio de Janeiro, foram notificados. A paciente permaneceu isolada no centro de triagem, que ocupa o Centro de Estudos do HPM, até ser levada para o hospital de referência na capital.
À tarde, mais uma simulação. Desta vez, a paciente era uma mulher de 32 anos, hóspede do hotel Blue Tree, na Lagoa. Depois de se queixar de gripe forte e febre com a gerência do Hotel, ela foi levada ao HPM com suspeita de ser portadora da gripe suína. A paciente foi resgatada no local por uma ambulância e levada ao centro de triagem.
Lá, depois de examinada pela equipe médica, a suspeita foi descartada. Apesar de possuir sintomas condizentes com os da doença (febre, dores de cabeça e muscular, enjoo e tosse seca) desde o dia anterior, sua história epidemiológica ia de encontro a essa possibilidade. Na simulação, a paciente chegou dos Estados Unidos há 12 dias, um tempo considerado longo para a manifestação da doença, que leva em torno de dez. O caso foi descartado e ela foi tratada com medicação sintomática.
* Genimarta Oliveira, Leonardo Consedey e Simone Noronha - colaborou Catarina Brust