Textos do Livro Juventude e Cultura da Paz tratam da violência

17/11/2008 10:40:07 - Jornalista: Alexandre Bordalo

A publicação do livro Juventude e Cultura da Paz, cujo lançamento ocorreu na manhã de quarta-feira (12), no Teatro Municipal, na culminância do projeto Educando na Cidadania, foi o ponto mais importante desse projeto. Setenta e seis artigos, escritos por 72 estudantes de Macaé, compõem o livro, que está sendo distribuído para diretores, professores e alunos das instituições de ensino do município.

Segundo a coordenadora geral do Programa Macaé Cidadão, Amélia Augusta Guedes, o tema que muito tem preocupado a sociedade é a questão da violência, por isso, o desenvolvimento do livro baseia-se no tema Juventude e Cultura da Paz. Assim, foi realizada compilação dos trabalhos textuais de alunos do Ensino Fundamental (8º e 9º ano), do Ensino Médio, da EJA (Educação de Jovens e Adultos) e do Ensino Superior.

Os primeiros colocados destas fases educacionais foram Beatriz Rodrigues Quintão (Ensino Fundamental), Paula Ellen Muros (Ensino Médio), Maria da Conceição Vianna de Azevedo (EJA) e Neiva Paula Vieira da Silva (Ensino Superior).

Em sua redação, Beatriz Quintão escreve sobre o fato de a juventude ser mensageira da paz. De acordo com ela, esta fase etária é a melhor época para se pensar em ter objetivos, ideais, além de acreditar em mudanças. “O jovem muitas vezes não tem idéia do poder que ele exerce na sociedade. (...) ele pode mudar para melhor o que quiser”. Ela vê como violência o fato de as crianças olharem para a televisão desta sociedade consumista e assistirem a realidade de que poucos têm muito e muitos não têm nada.

Já a produção textual de Paula Muros tem como título: Os Jovens de Agora. Ela lembrou em seu artigo o movimento Hippie dos anos 70, quando a juventude pedia por paz e amor. “Os hippies contestaram as mazelas sociais e tinham ideais firmes, cujos objetivos eram a paz”, comentou. Paula também fez alusão aos “caras pintadas” que, no início dos anos 90, foram às ruas pedindo a cassação do mandato de Fernando Collor, acusado de corrupção.

Maria da Conceição de Azevedo citou o fato de três jovens terem sido entregues por integrantes do Exército à facção rival, quando foram cruelmente assassinados. “Não há cultura da paz e sim da violência”, alerta em sua redação. Ela também menciona a falta de controle da natalidade como fator que leva a juventude despreparada para a vida, gerando mais crianças, “que mais cedo ou mais tarde vão acabar indo para os sinais vender doces, morar na rua ou o que é pior se envolvendo com traficantes para vender drogas e conseguir dinheiro ‘fácil’”.

Citando o pai da psicanálise, Sigmund Freud, no início de seu texto Neiva Paula Vieira da Silva, lembrou que “ o que explica o que somos é a criança que fomos”. Ela conta que isso significa para ela que a juventude só vai cultivar a paz, se conhecer a paz em seus primeiros momentos de vida. “Há vários tipos de violência que herdamos de nossos antepassados como a escravidão, a intolerância com diferentes religiões, etnias, classes sociais e sexo. Nós também os cultivamos em nosso lar e os transmitimos a nossos filhos”, escreveu.

Ela termina seu texto dizendo que: “Para que a juventude tenha uma cultura de paz, ela só a alcançará através da educação, valorizando nossa verdadeira história, mostrando nossas raízes negras, indígenas, nossos trabalhadores que realmente lutaram e participaram de nossos fatos passados, assim eles entenderão o presente e poderão almejar um futuro melhor”.

A coordenadora geral do Macaé Cidadão, Amélia Guedes, ressalta que este livro é uma homenagem aos jovens macaenses, autores dos textos e que ao participarem do projeto demonstram que a conquista da cidadania é uma luta constante. “Constitui-se ainda como uma homenagem aos macaenses de um modo geral que ao longo de sua história lutam pelos direitos das futuras gerações”, argumenta.