Valsa com Bashir: filme gera discussões entusiasmadas no circuito Cinema e Filosofia

11/09/2009 15:28:10 - Jornalista: Clinton Davisson

Podem um documentário e um desenho animado serem uma coisa só? Essa foi a discussão levantada pela professora Marici Passini, na noite desta quinta-feira (10) no auditório da Cidade Universitária. Doutora em literatura pela UERJ, Marici apresentou a palestra “A Memória é um aeroporto deserto com uma velha canção de rock tocando ao fundo”, depois de apresentar o filme/documentário/desenho animado “A Valsa com Bashir”, do diretor e roteirista israelense Ari Folman, que resgata o trágico evento conhecido como o “massacre de Sabra e Chatila”, de 1982.

O filme foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro e venceu o Globo de Ouro 2009. Apresentando crescimento contínuo desde seu início em 13 de agosto, o II Ciclo de Palestras Filosofia e Cinema é um evento que está sendo realizado em parceria com a Secretaria Municipal de Educação e o Centro de Estudos Claudio Ulpiano. A sessão contou com a presença da secretária de Educação e vice-prefeita, Marilena Garcia, que é fã assumida de cinema artístico. “É um filme que trata de uma questão importante que é a guerra. Pode parecer algo distante de nós brasileiros, mas é uma questão fundamental para você entender o mundo onde vivemos”, afirma.

Depois da sessão, Marici Passini mostrou cenas de “O Homem Duplo” e também do filme “Kill Bill” onde o diretor Quentin Tarantino também se utiliza de cenas de desenho animado para contar e, ao mesmo tempo, amenizar a parte mais dramática e violenta de sua história.
Os espectadores se entusiasmaram com o filme, o que gerou um caloroso debate após a palestra. O filme recebeu muitos elogios e também muitas críticas, principalmente em referência ao final onde são mostradas cenas reais e fortes do massacre de Sabra e Chatila.

A professora explicou também que a história da produção israelense começou quando Ari Folman assistiu ao filme “O Homem Duplo”, de 2006, onde o diretor Richard Linklater, se utilizava de uma técnica chamada rotoscopia para transformar atuações de atores em animação. Folman resolveu que o desenho animado seria a melhor e mais ousada maneira de contar suas lembranças como soldado na guerra. O resultado saiu depois de dois anos de luta. “Os financiadores de documentários me diziam para procurar quem financiava desenho animado. Estes por sua vez, dizia: ‘mas isso é um documentário, não podemos financiar isso’”, conta o diretor nos extras do DVD.

De acordo com a programação do Ciclo de Palestras Filosofia e Cinema o próximo filme será “Uma mulher sob influência” de John Cassavetes, a ser exibido dia 24 no auditório da Cidade Universitária das 17h às 20h quando haverá a palestra “Mabel, a dançarina ou a alegria de um destino trágico”, ministrada por Viviane de Lamare, psicanalista e doutora em licenciatura comprada pela UFRJ.