Vida nova para famílias da Ilha Leocádia

01/09/2008 15:37:12 - Jornalista: Simone Noronha

A segunda-feira (1) foi de muita alegria para as primeiras famílias que deixaram a Ilha Colônia Leocádia para se mudar para o condomínio construído pela prefeitura de Macaé, em parceria com o Ministério das Cidades. Desde cedo, os caminhões e ônibus cedidos pela prefeitura e pelo Forte Marechal Hermes ajudaram na mudança. Nesta primeira etapa, foram atendidas 47 famílias que moravam na Rua Santa Bárbara, local que estava em piores condições de habitabilidade. Dentro de no máximo três meses começam as obras de construção de mais 150 casas: ao todo o projeto vai contemplar 422 famílias.

De acordo com a assistente social da Empresa Municipal de Habitação, Saneamento e Águas (Emhusa), Samantha Fragoso, as cerca de 80 crianças do condomínio já estão matriculadas nas escolas municipais Elza Ibrahim e Renato Martins, também na Ajuda. Nos próximos dias, a Emhusa vai se reunir com os moradores para definirem, em conjunto, as regras do condomínio, que será inspirado no Condomínio Cidadão, no Bosque Azul,, onde já vivem 307 famílias que também moravam em áreas de risco.

A ansiedade com a mudança fez com que Adriana Poubel, 30 anos, acordasse às 2h da manhã desta segunda. “Não consegui dormir mais. Assim que o dia clareou, comecei a tirar as coisas da minha antiga casa”, disse Adriana, já feliz da vida arrumando com capricho a casa nova, onde vai morar com o marido, os dois filhos e uma sobrinha. Depois de oito anos morando na Ilha Leocádia, ela sabe que a sua casa seria destruída, mas antes, em um gesto de solidariedade com os vizinhos que ficaram, doou telhado e janelas.

A diarista Valéria Tavares, 38 anos, também passou o dia arrumando a casa nova, onde vai morar com o marido e os quatro filhos menores. “Pela primeira vez na vida, meus filhos vão ter um quarto só para eles. Se não fosse esse projeto da prefeitura, a gente nunca ia poder realizar este sonho”, disse Valéria.

O pintor Edson Ferreira de Araújo Júnior, 27 anos, saiu da Ilha Lecoádia sem olhar para trás. Sua casa era um barraco de madeira, com apenas um cômodo, bem próximo ao manguezal. Lá, ele morava com a mulher e quatro filhos, com idades de dois a nove anos. “Agora minha família vai morar com dignidade. As crianças não vão mais faltar aula por não poder sair de casa por causa da lama. Nem tenho palavras para agradecer”, comentou.

Casas fazem parte do Programa Habitacional da Prefeitura

As primeiras 47 unidades para as famílias da Ilha Leocádia foram construídas na Ajuda, ao lado dos apartamentos do Programa de Arrendamento Residencial (PAR). A retirada das famílias faz parte do Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado em 2005 entre a prefeitura e o Ministério Público. O termo prevê a retirada de todas as famílias da Ilha, considerada área de preservação ambiental, e a recuperação do manguezal. A área, fruto de invasão, será toda cercada para coibir novas ocupações irregulares.

De acordo com o presidente da Emhusa, José Cabral, nesta primeira etapa o Ministério das Cidades liberou R$ 815 mil para as obras. As casas têm dois quartos, sala, cozinha e banheiro. O condomínio conta com Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) própria, sem passagem de automóveis. Todas as casas foram construídas com tijolos da fábrica Habitar, que pertence à prefeitura.

Agora, a Emhusa aguarda a liberação de mais R$ 2 milhões do Ministério das Cidades para iniciar a obra das outras unidades. Ao todo, o Governo Federal está investindo R$ 6,5 milhões no projeto. A prefeitura de Macaé entra com R$ 3 milhões. A ação na Ilha Colônia Leocádia faz parte da política habitacional do município, que tem como um dos objetivos remover famílias em áreas de riscos e em áreas de preservação ambiental, promovendo a inclusão social.