Villa-Lobos é tema de palestra para professores e alunos do Art Luz

11/04/2008 10:05:21 - Jornalista: Alexandre Bordalo

O Programa Art Luz promoveu nesta quinta-feira (10), no final da tarde, palestra ministrada pela professora Glória Salgado. Ela falou sobre a vida e a obra do maestro Heitor Villa-Lobos para alunos e professores do Art Luz. O evento foi realizado na Sociedade Musical Nova Aurora, com a presença de cerca de 50 pessoas. Logo em seguida, o violonista Lúcio Duval, professor do Conservatório Macaé de Música, interpretou diversas canções de Villa-Lobos, inclusive “As Bachianas” e “Trenzinho Caipira”.

Segundo a diretora do Programa Art Luz, Ângela Terra, é fundamental o conhecimento da história da arte brasileira. “É muito significativo aprender história da nossa música”, disse, lembrando que o Art Luz faz parte da vida cultural macaense e, por isso, está se voltando a estes ensinamentos de âmbito nacional. No final, aconteceu um debate sobre o valor e a participação de Villa-Lobos durante a Semana de Arte Moderna, em 1922, em São Paulo.

Durante aquela semana do ano de 1922, o músico entrou no palco com um sapato em um pé e uma sandália no outro, com uma atadura no dedão, sendo vaiado pela platéia que não aceitava as idéias modernistas, que valorizavam a brasilidade, o jeito de ser natural do brasileiro e busca da identidade nacional, sem copiar a identidade européia.

Além de alunos de diversas modalidades do Art Luz, também estavam presentes, na Nova Aurora, professores de capoeira, dança e canto do Programa. Estes repassarão em suas aulas conhecimentos adquiridos na palestra, inclusive utilizando as músicas do maior maestro brasileiro de todos os tempos em suas aulas de teatro, balé, dança, jazz e canto.

- Foi um momento mágico a palestra desta quinta-feira. Até porque também aconteceu declamação de poesia de Ferreira Gullar homenageando o “Trenzinho Caipira”, ressaltou Ângela Terra.

Heitor Villa-Lobos


Heitor Villa-Lobos nasceu no Rio de Janeiro, em 5 de março de 1887 e faleceu em novembro de 1959. O compositor brasileiro ficou célebre por unir música com sons naturais.

Aprendeu as primeiras lições de música com o pai, Raul Villa-Lobos, funcionário da Biblioteca Nacional. Ele lhe ensinou a tocar violoncelo usando improvisadamente uma viola, devido ao tamanho de "Tuhu" (apelido de origem indígena que Villa-Lobos tinha na infância). Sozinho, aprendeu violão na adolescência, em meio às rodas de choro cariocas, às quais prestou tributo em sua série de obras mais importantes: os Choros, escritos na década de 1920. Casou-se em 1913 com a pianista Lucília Guimarães.

Após viagens pelo Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil, no final da década de 1910, ingressou no Instituto Nacional de Música, no Rio de Janeiro, mas não chegou a concluir o curso, devido à desadaptação - e descontentamento - com o ensino acadêmico.

Suas primeiras peças tiveram alguma influência de Puccini e Wagner, mas a de Stravinsky foi mais decisiva, como se vê nos balés Amazonas e Uirapuru (ambos de 1917). Apesar de suas obras terem aspectos da escrita européia, Villa-Lobos sempre fundia suas obras com aspectos da música realizada no Brasil. Utilizava sons da mata, de eventos indígenas, africanos, cantigas, choros, sambas e outros gêneros muito utilizados no país.

Passou duas longas temporadas na França, o maior reduto musical da época, através da ajuda financeira da família Guinle. Residiu em Paris entre 1923 e 1924, e de 1926 a 1930, quando voltou ao Brasil para participar de um programa de educação musical do governo de Getúlio Vargas. Os temas nordestinos viriam a se fazer mais presentes na década de 1930, ao lado da inspiração reencontrada em Bach.