Africanidade levada ao Ciep Darcy Ribeiro por meio de ações culturais

03/12/2010 16:20:03 - Jornalista: Clinton Davisson

A questão da Africanidade na rede municipal de ensino tem sido desenvolvida por meio de diferentes ações pedagógicas e também culturais. E o Ciep Darcy Ribeiro, no Bairro Nova Holanda é uma das unidades escolares que mais tem se destacado nas iniciativas voltadas para a questão cultural. Na última quinta-feira (2), a escola realizou duas sessões de teatro feito pelos alunos, finalizando os projetos de conscientização de cultura negra da escola.

Produzido por professores, as peças foram interpretadas pelos alunos do quinto período e lotaram o auditório do teatro que foi construído a partir de um vestiário. Segundo a diretora Marly Ribas, Preta Bá e Boneca de Piche foram os títulos encenados e que tiveram como tema a cultura negra no Brasil.

- O trabalho de conscientização dos alunos aqui na escola nunca para e essas peças foram apenas mais uma etapa de um trabalho que desenvolve a auto-estima dessas crianças que se sentem mais valorizadas e descobrem que seu potencial é muito maior do que imaginavam, explica Marly.

A peça Preta Bá leva os alunos a uma viagem no tempo até o século XVII, no Brasil Colônia, onde o comércio de escravos fomentava atrocidades. Neste cenário surge a lenda de Preta Bá, uma negra que amamentava o filho de um senhor branco com seu leite farto. Quando surge o boato que ela fugiria para um quilombo, o Senhor manda açoitar a negra até a morte. Seu filho, entretanto, não aceita outro leite e acaba morrendo de fome, deixando o senhor de escravos a mercê da loucura. A mensagem de igualdade e tolerância encanta as crianças.

A outra peça encenada foi Boneca de Piche, baseada na música homônima de Ari Barroso e que fez sucesso no início do século passado na voz de Carmem Miranda. A letra fala da hipocrisia presente no racismo que leva o branco a desprezar do negro em um “discurso oficial”, mas se sentir atraído pela beleza da raça negra “quando ninguém está olhando”. Em seu refrão, a música diz:

“Da cor do azeviche, da jabuticaba, Boneca de piche, é tu que me acaba, Sou preto e meu gosto, Ninguém me contesta, Mas há muito branco com pinta na testa”.

Para a monitora de artes cênicas Nataniele Moura, a conscientização dos alunos faz parte da preparação para o futuro. “Sempre dizemos que quem vai mudar o futuro são eles, mas o futuro é agora. Os pais escutam os filhos. Então se eles repreendem os pais quando estes tomam atitudes racistas, estão contribuindo para mudar a realidade do Brasil para melhor”, destaca.