Foto: Arquivo Secom
Coletas começam nesta sexta no Nuamc, na Aroeira
Pela segunda vez, Macaé vai sediar a Campanha de Doação de Medula Óssea, que pode ajudar a salvar a vida de quem tem doenças ligadas ao sangue, como a leucemia. A campanha, que tem o apoio da prefeitura, através da Secretaria de Saúde, acontece nesta sexta (4) e sábado (5), no Núcleo de Atendimento à Mulher e à Criança (Nuamc), situado na Rua Francisco Alves Machado, 235, na Aroeira.
A campanha contará com uma equipe do Hemocentro do Rio, que trará 18 profissionais, entre assistentes sociais, técnicos de enfermagem e bioquímicos, e um grupo de voluntários, que inclui a família de quem espera uma doação. A primeira campanha de doação de medula óssea que ocorreu em Macaé foi há quatro anos atrás e mobilizou quase duas mil pessoas, que agora fazem parte do Registro Brasileiro de Medula Óssea (Redome), sob responsabilidade do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
A coordenadora de Serviços de Saúde, da Secretaria de Saúde de Macaé, a médica Márcia Amaral, esclarece que quem já doou na primeira campanha ou em outro lugar, não é necessária uma nova doação:
- As pessoas que já doaram, tanto aqui como em outro município, devem sim manter seu cadastro atualizado para um possível contato, sendo constatada a compatibilidade para a doação. Esse ato é fundamental, pois o endereço e telefone atualizados possibilitam a imediata localização para salvar uma vida.
Para o doador manter seu cadastro atualizado deve entrar em contato com o cadastro nacional (Redome), pelo telefone (21) 3207.5238 ou pelo e-mail: redome@inca.gov.br. A partir da compatibilidade, o potencial doador é chamado para exames de confirmação. A partir de então, ele mesmo decidirá se deseja ser um doador.
A coordenadora ressalta que o transplante de medula é a oportunidade de vida de centenas de pessoas que sofrem de doenças graves, como a leucemia, entre outras doenças que têm a produção de sangue comprometida. Nestes casos, o transplante de medula óssea é a única esperança.
Ao cadastrar-se, do voluntário será coletada uma pequena amostra de sangue (10 ml), para a realização dos testes de compatibilidade (HLA). O Brasil é o terceiro em doação de medula óssea, perdendo somente para os EUA (1º) e Alemanha. O país tem um cadastro que gira em torno de um milhão e 850 mil doadores.
A proposta desta segunda campanha surgiu como a promovida há quatro anos. Familiares de pessoas que necessitam da doação e voluntários da causa procuraram à Prefeitura de Macaé, através da Secretaria de Saúde, que prontamente se comprometeu a realizar esta segunda Campanha.
A macaense Rosânea Abreu, mãe Rodrigo Abreu de Figueiredo, 26 anos, que há mais de um luta contra uma leucemia mielóide crônica (LMC), e agora desenvolveu resistência ao tratamento, vê na possível doação de medula óssea a única salvação de vida para seu filho:
- Encontrar um doador é como achar uma agulha do palheiro, um prêmio na loteria, mas temos esperança e com a campanha, quanto mais pessoas doarem sangue, aumenta a chance do meu filho viver, como tantos outros que esperam por um doador compatível, acredita.
No país, são 61 centros de medula óssea e a média do Inca é de duas doações concretizadas por mês de não parentes. Isso significa que a chance de achar um doador compatível é real. O voluntário da campanha, George Fonseca da Silva, acredita que para uma pessoa participar como voluntário não precisa de muito tempo:
- Se você tem uma lista de contatos no seu e-mail, pode contribuir divulgando a campanha, falando com os amigos e familiares. É fundamental para a vida em sociedade escolhermos uma causa e lutarmos por ela, ainda mais esta causa, extremamente justa e humana.
Como funciona a doação de medula óssea no Brasil
É preciso ter entre 18 e 55 anos de idade e boa saúde; se cadastrar como doador voluntário em um Hemocentro; no cadastramento, os voluntários doam apenas 10 ml de sangue; essa amostra passa por um exame de laboratório, chamado teste de HLA, que determina as características genéticas do possível doador; e logo a seguir as informações são colocadas em um cadastro nacional, o REDOME, ou Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea.
Quando alguém precisa de transplante, os técnicos do REDOME fazem à pesquisa de compatibilidade por entre os registros de todos os doadores cadastrados; e se for encontrado um doador compatível, ele será convidado a fazer outros exames de compatibilidade genética. Se o perfil coincidir com o do paciente que precisa do transplante, o voluntário decide se realmente quer doar.
É importante ressaltar que durante a doação, o doador recebe anestesia geral. Com uma agulha, a medula é aspirada do osso da bacia, e a quantidade de medula doada é de apenas 10% da medula total, que num prazo de 15 dias já estará recomposta.
E a média de transplantes no INCA – Instituto Nacional de Câncer é de dois transplantes com doadores não-aparentados. Mensalmente são realizados sete transplantes do tipo autólogo (de uma pessoa para si mesma) e com doador aparentado.
Números de doações no Brasil
O número de doadores voluntários tem aumentado expressivamente nos últimos anos. Em 2000, existiam apenas 12 mil inscritos. Naquele ano, dos transplantes de medula realizados, apenas 10% dos doadores eram brasileiros localizados no Redome. Agora há 1,6 milhão de doadores inscritos e o percentual subiu para 70%. O Brasil tornou-se o terceiro maior banco de dados do gênero no mundo, ficando atrás apenas dos registros dos Estados Unidos (5 milhões de doadores) e da Alemanha (3 milhões de doadores).
A evolução no número de doadores deveu-se aos investimentos e campanhas de sensibilização da população, promovidas pelo Ministério da Saúde e órgãos vinculados, como o INCA. Essas campanhas mobilizaram hemocentros, laboratórios, ONGs, instituições públicas e privadas e a sociedade em geral. Desde a criação do REDOME, em 2000, o SUS já investiu R$ 673 milhões na identificação de doadores para transplante de medula óssea. Os gastos crescerem 4.308,51% de 2001 a 2009.