Foto: Maurício Porão
Daniel Gabrieli: ‘A agricultura é uma escultura viva no espaço-tempo. É o processo de cultivar a vida — isso me pegou como forma de arte’
A Galeria Hindemburgo Olive, localizada no hall do Teatro Municipal de Macaé, recebe entre os dias 4 e 30 de agosto a mostra conjunta dos artistas visuais Isabela Rodrigues e Daniel Gabrielli. Formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), Isabela apresenta a série “Água Viva”. Já Daniel, graduado pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), exibe a série “Cultivo do Invisível”. A entrada é gratuita, com visitação aberta ao público de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Nesta segunda-feira (4) foi realizada a abertura das mostras.
Em entrevista, Daniel Gabrielli comentou como sua vivência com a agroecologia transformou profundamente sua prática artística.
“Na faculdade, começamos a cultivar plantas num espaço coletivo dentro da Escola de Belas Artes. Foi ali que entrei em contato com a agricultura que respeita as leis do planeta, da natureza”, contou.
“Se você parar para pensar, o desenho é a linha, tem uma dimensão; a pintura é o plano, tem duas; a escultura tem três dimensões. Já a agricultura é uma escultura viva no espaço-tempo. É o processo de cultivar a vida — isso me pegou como forma de arte”, esmiúça.
“Essas plantas que brotam na calçada, que são mais adaptadas a esse espaço urbano, nos convidam a um olhar atento para o que foge à regra do cimento, do asfalto, da linha reta. Têm uma perspectiva de uma revolução silenciosa”, comenta.
“Sempre trabalhei muito com diferentes camadas, símbolos, signos. Essa série tenta buscar essas camadas dentro de uma percepção que transcende a banalidade da relação econômica, tudo sistematizado e automático. É um chamado a acalmar o olhar, olhar com profundidade, tentar tecer narrativas dentro das imagens”, define.
“É uma obra meio aberta, onde cada um pode encontrar como esses signos se encaixam”, pontua.
"Entre o visível e o invisível, as obras acionam gestos de encantamento, sugerindo que o sagrado pode habitar o cotidiano e resistir às lógicas do consumo. Aqui, o signo não apenas representa: ele age, toca e convoca o olhar atento de quem passa", expressa o artista.
“A Galeria Hindemburgo Olive tem se consolidado como um espaço vivo de encontro entre artistas e público, oferecendo visibilidade à produção contemporânea e fortalecendo a cena cultural de Macaé. Exposições como a de Daniel Gabrielli demonstram como a arte pode provocar reflexões profundas e sensíveis sobre o nosso tempo. Nosso compromisso é manter a galeria ativa, acessível e aberta à pluralidade de linguagens e olhares”, afirma a secretária de Cultura, Waleska Freire.