O sucesso da proposta pedagógica da Escola Municipal de Pescadores contagiou a comunidade da região da Barra de Macaé. A escola, única da rede municipal que funciona em período integral, dobrou o número de alunos em menos três anos de funcionamento. Hoje, 477 adolescentes estão matriculados na escola, onde, além de cursarem as matérias comuns do ensino fundamental, aprendem uma profissão.
“A escola faz parte do um projeto de preparar o município para o futuro, oferecendo outras alternativas de renda fora do setor de petróleo e gás. Estamos valorizando a pesca, uma atividade que sempre se destacou no município”, explicou a secretária municipal de Educação, Milmar Pinheiro.
A Escola Municipal de Pescadores funciona das 7h30m às 17h nas dependências do Iate Clube e sua implantação aconteceu depois do acordo de cessão da área, que passou por reformas. É a primeira Escola Técnica de Ensino Fundamental do País e a segunda Escola de Pescadores - a primeira funciona no município de Piúma (ES).
A Escola Municipal de Pescadores cresceu muito e hoje conta com dez turmas, que funcionam em 10 salas de aula. A escola atende a alunos de 11 a 16 anos, e que estão cursando da quinta à nona séries do Ensino Fundamental, com proposta de Ensino Técnico. Na Escola trabalham 20 professores da rede municipal, 100 professores da UFRJ e outros profissionais, como os da área administrativa, serventes e merendeiras.
Além de funcionar durante todo o dia, à noite, de 18h às 22h, a escola atende a três turmas da Educação de Jovens e Adultos (EJA), duas turmas do Ensino Médio e duas de quinta e oitava séries.
Ao criar a Escola Municipal de Pescadores, a prefeitura visou formar bases sólidas no setor pesqueiro para fortalecer a economia, preparando o município para o futuro. O objetivo é oferecer aos filhos de pescadores a oportunidade de se qualificarem para o exercício da atividade pesqueira, que começava na faixa de onze anos de idade dos meninos, de forma artesanal.
A Escola de Pescadores prepara os alunos para atuar nas diversas etapas da cadeia produtiva, oportunidade que se estende à sociedade em geral. Se o aluno não optar pela profissão de pescador, estará apto a exercer outra função na área. Outro objetivo da Escola é a conscientização ecológica, preparando os alunos para a vida numa cidade auto-sustentável.
O que a Escola oferece
Além de salas de aula, a escola conta com Laboratório de Ciência e Ecologia, o Barco-Escola e Biblioteca. Além das disciplinas normais do Ensino Fundamental, (Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia, Educação Física, Inglês), oferece as disciplinas Oficina da Palavra, Eletrônica, Estudo Dirigido, Natação e Filosofia. Também estão na grade curricular disciplinas específicas, como Construção Naval, onde os alunos aprendem a construir barcos e outros apetrechos de pesca; Navegação, que ensina a navegar e se orientar no mar; Beneficiamento do Pescado; Ecologia, com conhecimentos sobre os ecossistemas da região e, ainda, Organização para o Trabalho e Aqüicultura.
Além das aulas teóricas, os alunos participam de quinze oficinas: Teatro, Brinquedos e brincadeiras, Esporte, Culinária, Fantoches, Lutas, Danças Folclóricas, Ecologia, Violão/Percussão, Capoeira, História da Arte, Peixes Artesanais, Organização para o Trabalho, Gravura (Xilogravura), Estamparia e, ainda, têm aulas de remo.
No Laboratório de Ciência e Ecologia os alunos têm a oportunidade de estudar os tipos de seres vivos que compõem a fauna aquática – peixes, crustáceos, moluscos, entre outros - e também efetuar experimentos com plantas ligadas à vegetação de restinga, e de manguezais, onde se encontra o alimento natural dos peixes e de outros animais dos diversos ecossistemas.
No Barco-Escola Nário Madalena, utilizado para aulas semanais de navegação, os alunos têm aulas teóricas e práticas sobre a arte de navegar e fazem o monitoramento da água do rio. Na Biblioteca, remontada pelos alunos, são encontrados vários livros específicos, tudo visando um melhor aprendizado sobre a pesca.
Por funcionar em tempo integral, a Escola Municipal de Pescadores oferece aos alunos café da manhã, almoço, lanche da tarde, tudo servido no refeitório.
Parceria com o NUPEM/UFRJ
Participando do Projeto Escola de Pescadores, o Núcleo de Pesquisas Ecológicas em Macaé- NUPEM/UFRJ, voltado a estudos dos ecossistemas da região, é responsável pelo suporte técnico da escola, com o objetivo que a Escola funcione como um laboratório de Ensino e Pesquisa das áreas da UFRJ, que trabalham com o mar, rios e berçários aquáticos, uma espécie de colégio de aplicação na área de meio ambiente.
Segundo a diretora da Escola, professora Tânia Pacheco, a meta é formar profissionais aptos a atuar no setor de comercialização e industrialização do pescado, com utilização de alta tecnologia, bem como implementação de oficinas para produção de embarcações. As aulas de artesanato visam outra fonte de renda para a família de pescadores. Nessas aulas, os alunos aprendem, entre outras coisas, a confecção de vários tipos de rede, uma alternativa para o pescador em época de defeso.
Prefeitura amplia escola construindo quatro novas salas de aula
A Secretaria Municipal de Obras, Semob, ampliou a Escola de Pescadores, construindo mais quatro salas de aula, utilizando tijolitos de encaixe, fixados com massa de cimento, também utilizada para encher as colunas.
Cada sala tem 36 metros quadrados e capacidade para abrigar 40 alunos. As novas salas ocupam 144 metros quadrados do terreno da escola, na lateral vizinha ao mar.
Como a Escola cresceu muito, a Prefeitura de Macaé, informou a diretora Tânia, iniciará a construção de mais oito salas, laboratório de Informática, sala de professores e diretoria.