Foto: Kaná Manhães
Sucesso de público, Feira reúne o melhor do artesanato de Macaé e região.
Iniciada na última terça-feira (18), a Feira Macaense de Artesanato, devido ao sucesso ganhou mais um dia de exposição, terminando agora nesta sexta-feira (21). O evento está acontecendo na Praça Veríssimo de Mello e inspira artistas, artesãos e visitantes com os mais variados tipos de peças, feitos em sua maioria, com materiais reaproveitados e encontrados na região. A feira - promovida pela Prefeitura de Macaé - funciona das 13h às 21h. O evento está confirmado para o ano que vem.
Quem visita a área onde a feira está instalada se surpreende com a estrutura formada para atender tanto quem passa pelo local como aos próprios artesãos, com seus estandes. A estrutura é circular, facilitando o fluxo e a observação dentro da praça. A concepção artística dessa estrutura foi idealizada pelo coordenador extraordinário do Macaé 200 anos, Ely Peron Frongilo.
Segundo a coordenadora do setor de artesanato, Katia Angeloff, o evento não tem apenas como objetivo expor as peças e vendê-las, mas ir além, buscar uma identidade para a produção da região.
- A ideia é que junto com a feira, aconteçam paralelamente, ações de profissionalização para os artesãos, buscando criar uma identidade regional. Além disso, queremos promover melhoria contínua em nossos artesanatos, desde os materiais até as técnicas. A partir de então, a feira acontecerá uma vez ao ano, disse Katia.
Ao todo são 40 estandes, mostrando o trabalho, não só de artesãos macaenses, como também de outros artesãos da região que foram convidados a comparecer e expor seus trabalhos. A exposição foi resultado de uma triagem organizada por uma comissão de órgãos municipais, com a finalidade de trazer o melhor dos trabalhos da região.
- Todo este lindo trabalho não seria possível sem essa comissão da qual a Câmara Permanente de Gestão faz parte e claro, sem o apoio do gabinete da vice-prefeita, Marilena Garcia. Os produtos são de qualidade e estão tendo uma ótima aceitação por parte do público, disse Carmelita Reis, assessora administrativa da Agenda 21.
Dentre os tipos de peças, o público destacou o artesanato de reciclagem de materiais (caixa de leite, pneus, embalagens plásticas, garrafa PET, jornal e outros), e as peças em barro.
- Está tudo muito lindo. Gostei muito de um porta-joias e uma bolsa de praia. Viajo muito, principalmente para o Nordeste, e sempre trago muitos artesanatos para mim e toda a minha família. As peças de Macaé estão lindas e não deixam nada a desejar, disse a dona de casa Jane Luci Bezerra.
Construindo a identidade dos trabalhos regionais
Uma das preocupações dos organizadores do evento era além de profissionalizar os artesãos: criar um estilo e dar uma cara aos trabalhos produzidos por Macaé e região. Com esta finalidade, durante o segundo dia de evento, houve um encontro com a artista brasileira Márcia de Carvalho, que veio de Paris, onde mora há cerca de 30 anos, para promover uma oficina onde foram discutidos tópicos como a evolução do estilo, apresentação de coleções, metodologia do processo criativo e criação de identidade.
- Os workshops sobre artesanato contemporâneo, coerência e identidade estão funcionando bem, contando com um público muito interessado e ativo. Também estamos fazendo parceria com comunidades de artesãs e o projeto terá longa vida em Macaé, valorizando o artesanato, criando renda para essas artesãs de comunidades de baixa renda- disse Márcia.
Também foi convidado o artista carioca Cocco Barçante, trazendo sua exposição que trata da identidade dos bairros da cidade do Rio de Janeiro intitulada “Sentimentos do Rio”. São seis painéis confeccionados com reaproveitamento de tecidos, com técnicas diferentes, como a decupagem e o bordado (à mão).
- Este projeto é um registro artesanal sobre a cidade do Rio de Janeiro, retratando os bairros e a sua realidade, por meio de coleções, como por exemplo, uma coleção com peças sobre Ipanema. Esse trabalho é feito em parceria com o grupo de artesãs Marias Maré, da comunidade da Maré, no Complexo do Alemão.
Da técnica à sustentabilidade
Outro tema recorrente durante a semana da feira foi o reaproveitamento de materiais para gerar renda para pessoas que não trabalhavam, ou tinham baixa renda, garantindo a sustentabilidade, com materiais que muitas vezes são descartados e podem poluir a natureza.
A professora de artesanato especializada em produção com escamas de peixe, Sonia Pereira, acredita que este tipo de artesanato poderia representar a cidade, por Macaé ser uma cidade litorânea e ter grande atividade pesqueira.
- Esta técnica está em plena ascensão, tanto na região como fora dela. Já fui três vezes a São Paulo, e já fui convidada pela quarta vez. A grande vantagem deste material é o baixo custo e a resistência. Para Macaé, o desenvolvimento desta técnica pode inclusive gerar renda para o Mercado Municipal de Peixes, onde compro todo o material que seria descartado, para confeccionar as peças com meus alunos, disse Sonia, que também dá aulas sobre a técnica no programa Art Luz.
Outro material que seria desperdiçado e está sendo bem aproveitado é a fibra da bananeira, que serve para a confecção de peças como baús, jogos de cozinha, bolsas, entre outros.
-A feira é um grande sucesso. E estamos vendendo muito, e o melhor aproveitando um material que dá pra fazer diversos tipos de produtos, onde o limite é a criatividade. Me sinto muito estimulada por poder ensinar a técnica que aproveita a fibra da bananeira, gerando oportunidades para mulheres que não trabalhavam produzirem renda para a família, disse Rosane Miranda, presidente da ONG Arte e Sustentabilidade e também coordenadora do Orçamento Participativo da Câmara Permanente de Gestão.