Foto: Kaná Manhães
Site pretende intensificar a troca de informações entre usuários e profissionais do Programa de Saúde Mental
O Programa de Saúde Mental de Macaé, vinculado à Secretaria Municipal de Saúde, há 12 anos promove a metodologia Heterogênese Urbana, um espaço multiprofissional de diálogo, trocas culturais e artísticas entre os participantes. O programa faz parte dos Espaços de Convivência e Cultura (Ecocult).
Agora, o Heterogênese Urbana acabou de lançar, nesta última terça-feira (1), no site do grupo (http://heterogeneseurbana.org), a Universidade Livre. O espaço pretende intensificar a troca de informações entre usuários e profissionais do Programa de Saúde Mental do município, mas também entre todas as outras pessoas que já entram em contato pela página da Internet do Programa.
O supervisor do Ecocult, o musicoterapeuta Paulo de Tarso, esclarece que a Universidade Livre será um espaço no site que se propõe a discutir temáticas atuais da vida cotidiana, política e social de quem participar. E para participar não é necessário inscrição ou pagamento.
- A proposta é que juntos estaremos aprendendo a Heterogênese Urbanas em quatro vozes. Assim como Bach escreveu composições em quatro vozes, estaremos compondo quatro espaços de discussões que estarão se conectando uns com os outros no estilo barroco, isto é, vozes que se conectam e se respondem umas às outras.
Paulo, que está cursando doutorado em psicologia na Universidade Federal Fluminense (UFF), e o psiquiatra Dimitri Marques Abramov, também um dos organizadores da Universidade Livre, convidam a todos a contribuirem com o novo espaço proposto pela Saúde Pública de Macaé. Os dois profissionais atuam no Núcleo de Saúde Mental, e ressaltam o conceito de “hospitalidade pura”, do filósofo Jacques Derrida, para resumir a proposta da Universidade Livre.
- As discussões são divididas em “vozes temáticas”. Cada uma propõe um assunto a ser tratado pelo grupo interessado. Já estão no site os primeiros textos propostos para as conversas. Não perguntaremos o nome, nem a formação acadêmica de ninguém que irá participar. Chegou, escreveu suas impressões, podendo também propor alguma outra leitura relacionada; com o tempo e se quiser, as pessoas se apresentam, acredita Paulo.
A voz temática Arte Crítica abrirá espaços para a discussão sobre as questões das relações de poder que ocorrem no contemporâneo, tornando, por exemplo, as pessoas passivas, pacientes e sem voz, delegando aos especialistas a direção das suas vidas. Na voz temática Arte Política-Instituinte a proposta é construir caminhos para uma vida na qual as decisões sejam tomadas, visando os interesses comuns, além de abordar os perigos da democracia de mercado que impera na maioria das instituições.
Já no terceiro tema, Arte Ética, a ideia é pensar sobre como cada um constrói a sua existência na relação com o mundo. E no quarto tema, Arte Transtonal-Estética, o grupo Heterogênese quer tratar e pensar as questões da cidade, dos espaços intimistas, dos espaços em grupo que não produzem coletivos, mas, grupos de interesses, produzindo o sentimento de estar em grupo, mas só.
Uma equipe dá suporte e se mantém conectada ao site diariamente. Até ontem, no lançamento da Universidade Livre, foram registrados 14 mil usuários acessando o site Heterogênese Urbana.
- Para participar, basta acessar os textos que estarão postados e, fazer seus comentários, comentar os pontos de vista de outros cooperadores, trazer partes de outros textos de outros autores para compor a nossa transfonia barroca da Heterogênese Urbana-Planetária, anima-se o musicoterapeuta.
Paulo de Tarso ainda pontua que Heterogênese Urbana vem se tornando uma referência, tanto para o campo da saúde mental, como também para o campo da educação e da subjetividade:
- Temos conseguido compartilhar experiências com inúmeros dispositivos da complexa rede de saúde mental do município. Com o trabalho do Heterogenese Urbana, a singularidade de cada pessoa é complexificada pelos ‘toques’ que poderá receber nas composições com outras realidades. Desta forma, cada um pode ampliar as suas realidades, seu ponto de vista sobre a vida, a partir de outras experiências: a arte de aproximar mundos, conclui.
E o psiquiatra Dimitri Abramov convida todos a participarem das discussões on line.
- Não é necessário titulação para fazer parte deste movimento sócio-político e cultural. Se você é estudante, pedagogo, psiquiatra, mãe, esposo, jovem, idoso ou outros mais, venha contribuir com os debates para construirmos coletivamente novas formas de viver e pensar o mundo. Convide amigos, parentes e conhecidos que se interessem pelas questões da vida, da cultura, da arte, da filosofia, da política, da democracia, afirma.