Foto: Rui Porto Filho
Evento celebrou a cultura afro-brasileira e homenageou os saberes tradicionais da arte de trançar, reunindo trancistas, autoridades e comunidade cultural
A sexta-feira (13) foi marcada pela comemoração do Dia Municipal da Pessoa Trancista. Para enaltecer esta data, que é celebrada anualmente no dia 6 de junho, o Centro Cultural Rinha das Artes recebeu a programação especial com foco no reconhecimento, reafirmação e visibilidade principalmente das mulheres negras e valorização dos saberes tradicionais envolvidos no ofício de trançar. O município conta com uma média de 100 trancistas. O evento, que contou com rodas de conversa, palestras, manifestações culturais e exposição de artes, foi organizado pela Prefeitura de Macaé, por meio da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial.
Além disso, a data marca a comemoração de um ano em que o Prefeito Welberth Rezende sancionou a Lei 5.230/2024, que estabelece que a data passe a fazer parte do calendário oficial do município. A Lei é considerada um marco importante na valorização e reconhecimento profissional dessa atividade ancestral e essencial para a identidade cultural afro-brasileira. As tranças carregam séculos de história e ancestralidade. São expressões estéticas, culturais e políticas de resistência do povo negro. Ao trançar, a pessoa trancista não apenas embeleza, mas também afirma identidades, promove cuidado e fortalece vínculos afetivos e comunitários.
A ocasião, que teve como protagonista o profissional que atua na arte de trançar, contou com a participação de trancistas do município, público apaixonado pelo ofício e os que desejam saber mais a respeito da profissão. A abertura oficial contou com a Secretária de Promoção da Igualdade Racial, Ingrid Aprígio, a Subsecretária de Promoção da Igualdade Racial de Macaé, Sheila Juvêncio, a Secretária Executiva de Ensino Superior, Iza Vicente, o diretor executivo da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ronaldo Paes Leme. a representante do Conselho Municipal de Políticas Culturais de Macaé, Conceição de Maria Pereira Alves Rosa e a vereadora Liomar Queiroz, que representou o Legislativo do município.
A programação foi aberta pela mestre de cerimônia Helaine Procópio (mãe de santo, numeróloga e professora). “É uma honra apresentar este evento, que engrandece os trancistas e destaca quem atua nesta área e tem talento e espírito empreendedor. Eu uso tranças e fico durante oito horas sendo atendida por esta profissional, que merece o reconhecimento e visibilidade por resgatar esta arte ancestral”, destacou.
Os momentos de destaque e elogiados pelo público foram as apresentações de Jhennifer Braga sobre o tema “Valorização e reconhecimento”. “ Ser trancista é ajudar a construir história e levantar estima. Trabalho para meu crescimento pessoal e profisisonal. Tenho 17 anos de profissão, quatro filhos e aprendi meu ofício com minha mãe Roseane. Sou trancista, ministro cursos na área da beleza e hoje parabenizo a todos que se dedicam a esta arte”, comenta.Também foi destacada a abordagem “Educação Financeira” com a administradora Raquel Duarte e a contadora Diullya Samara Barbosa, que abordaram temas como economia doméstica, planejamento de despesas e formalização de Microempreendedor Individual (MEI).
Gabriela dos Santos é trancista e se emocionou com a programação. “Estou muito feliz com este reconhecimento. Desejo que cada vez mais nossa profissão seja valorizada. Trabalho há sete anos como trancista. Nasci com este dom e o ofício é a realização de um sonho”, comentou. A ocasião também foi marcada pela emoção de um vídeo que destaca uma manifestação cultural. Já o encerramento do evento contou com homenagem aos ancestrais. "É uma honra estar neste dia tão importante, voltado para a atividade profissional que traz a história e valoriza as mãos que traduzem a arte, a identidade, classe social, mapas e rotas geográficas. Ser trancista é ser uma potência”, ressaltou.
A Lei 5.230/2024 é considerada um marco importante na valorização e reconhecimento profissional dessa atividade ancestral e essencial para a identidade cultural afro-brasileira. Ao saudar o público, a Secretária de Promoção da Igualdade Racial, Ingrid Aprígio, reafirma o dever institucional de valorizar os saberes ancestrais e reconhecer as mãos que trançam histórias, afetos e identidades. Diante de toda a programação na Rinha das Artes, a Subsecretária de Promoção da Igualdade Racial de Macaé, Sheila Juvêncio se emocionou e lembrou que esta é uma data importante. “Estamos aqui em uma programação voltada para reconhecer o poder da cultura afro-brasileira .É uma reparação simbólica e afetiva, que reforça as políticas públicas voltadas para promoção da igualdade racial no município",destaca.
Representando o Poder Legislativo, a vereadora Liomar Queiroz salientou que a programação é um momento crucial no município. “ Estou lisonjeada de poder participar de um evento tão importante para a cultura afro. Ser trancista é uma arte que merece respeito e reconhecimento”, pontuou.
Censo - Vale lembrar, que ainda neste mês de junho os trancistas do município, que atuam em salões ou em domicílios nos bairros, área central e região serrana ainda poderão participar do formulário de mapeamento de trancistas do município. Além de online, o cadastro também pode ser realizado presencialmente na sede da secretaria. O objetivo é reunir informações importantes sobre as trancistas da cidade como trajetória, tempo que atua, como aprendeu o ofício, local de atuação, demandas e necessidades.
