Macaé comemora o Dia da Luta Antimanicomial nesta sexta (18)

17/05/2012 14:51:00 - Jornalista: Monica Torres

Um café da manhã comunitário, apresentações teatrais, música com o coral da Associação de Parentes, Amigos e Usuários da Saúde Mental de Macaé (Aspas) e até mesmo uma oficina sobre Cidadania. Vale de tudo na hora de lembrar o Dia da Luta Antimanicomial, em Macaé, nesta sexta-feira (18). As atividades começam às 8h, com um café da manhã na sede do Caps, seguido de uma caminhada até à Praça Veríssimo de Melo, onde serão promovidas as ações até às 13h. O evento é realizado pela rede de Saúde Mental do município, a Associação Aspas e o grupo de discussão Heterogenese.

Uma das ações do movimento é reivindicar formas de tratamento substitutivas ao encarceramento manicomial das pessoas diagnosticadas como doentes mentais e é referendado pela política de saúde mental das três esferas de governo, que vêm avançando na regulamentação desses serviços substitutivos.

Um dos coordenadores da Aspas e usuário do Caps Betinho, Edilson Rodrigues da Costa, explica que o movimento foi organizado em 1977, em São Paulo, “para dar um basta ao tratamento desumano, que faz mais mal do que bem”. Edilson, que é paraense que vive em Macaé há algum tempo, ressalta que existem vários exemplos de maus tratos nesses casos.

— Mas vou relatar dois, como os casos em que as pessoas são queimadas com guimba de cigarro e casos de pessoas que foram molestadas. Há ainda aqueles que não gostam de ir ao Caps porque acham que é sinônimo de internação, desconhecendo totalmente o trabalho humanizado que vem sendo realizado pelos serviços de atenção psicossocial que já existem por todo o país — explica.

Para o grupo, a data não deve ser lembrada como festa, mas como um dia de manifestação e apoio ao movimento da reforma psiquiátrica. Há algum tempo, o paciente em sofrimento mental era submetido a castigos, tais como: privação de visitas, passeios e quaisquer outros recreios; diminuição de alimentos dentro dos limites prescritos pelos respectivos facultativos; reclusão à solitária, com apenas uma cama, alimentação e medicação que o clínico prescrever, não excedendo dois dias, cada vez que for aplicada; uso de colete de força, com ou sem reclusão; banhos de emborcação, que só poderiam ser empregados pela primeira vez na presença do clínico.

O Ministério da Justiça e o Ministério da Saúde recomendam que os estados e os municípios mobilizem os serviços de rede de atenção à saúde mental para oferta de tratamento especializado aos portadores de transtornos mentais.