Foto: Robson Maia
O Projeto Femacti começou em 2005 visando proporcionar aos estudantes e professores da rede de ensino a troca de experiências
Macaé foi o grande vencedor da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), de incentivo ao jovem cientista, realizada na Universidade de São Paulo (USP), de 9 a 13 de março. Dois trabalhos do município foram os vencedores do evento concorrendo com projetos de todo o país com apoio da Feira Macaense de Ciência e Tecnologia (Femacti), em parceria com a prefeitura, por meio das secretarias municipais de Educação e de Ciência e Tecnologia.
Entre os 16 trabalhos do Estado do Rio de Janeiro aprovados para participar da Febrace 2010, Macaé teve o maior número, com sete, vindo a seguir a capital com cinco e Niterói, com quatro. Foram quatro do Instituto Federal Fluminense de Educação, Ciência e Tecnologia (IFF-campus Macaé), dois do Colégio Salesiano e um do Colégio Estadual Luiz Reid, que ficou em primeiro lugar.
O projeto vencedor foi Jogos Didáticos – Pesquisa de Acordo com a Teoria dos Jogos, do Colégio Estadual Luiz Reid, na categoria Destaque na Área de Ciências Humanas – Educação, dos alunos Bárbara Rodrigues, Christian Alexandre e Raphaella Rodrigues, tendo como professor orientador Gildásio Nogueira Magalhães, e co-orientador, Danilo Funke Leme.
O segundo lugar foi conquistado pelo (IFF-campus Macaé), com o projeto Dimetil-éter: Estudo da Viabilidade Tecnológica da Conversão de Biomassa em Dimetil-éter, destaque em Ciências Exatas e da Terra, do aluno Lucas Ribeiro da Mata, orientado pela professora Margarida Castelló. Os vencedores ganharam coleções de livros.
- Pelo quinto ano consecutivo, temos os nossos trabalhos reconhecidos nacionalmente. Parabenizo os alunos e os orientadores, pois sabemos o quanto é difícil essa luta, disse o criador e organizador da Femacti, Marcelo Machado, que já está trabalhando para a sexta edição da Femacti que será realizada este ano. Machado destacou que todos os anos aumenta o número de participantes na feira macaense e amplia a qualidade dos trabalhos expostos, que contribuem para melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Outro projeto de Macaé também foi finalista pela III Feira de Ciências e Tecnologia, em Imperatriz, sul do Maranhão: Quebrando o Coco: da Matéria à Energia. Propostas de Rotas Tecnológicas para Aproveitamento Integral do Cocos Nucifera L. (Química), de Pilar Lourenço Castelló e Felipe da Silva Lopes, tendo como orientadora a premiada Margarida Lourenço Castelló, do IFF.
- É muito trabalho e dificuldade até conseguirmos participar de um evento como a Febrace, mas vale sempre a pena. Este ano, em especial, fomos os vencedores levando o nome de Macaé para todo o Brasil, destacou Gildásio Magalhães, professor de Física e Matemática no Colégio Luiz Reid, formado em Eletrotécnica e instrutor de treinamento aposentado da antiga Cerj.
Ele contou que o trabalho passou por experimentos com os alunos em sala de aula e apresentou, na feira, a comprovação de como foram feitos os jogos. O resultado dos projetos está compilado num livro e quem quiser mais detalhes pode acessar o site da Femacti (www.femacti.com.br) ou Febrace (www.febrace.org.br).
História – O Projeto Femacti começou em 2005 visando proporcionar aos estudantes e professores da rede de ensino a troca de experiências nas diversas áreas do conhecimento, apresentando os melhores projetos desenvolvidos em sala de aula. A Femacti nasceu da história de Marcelo Machado que, aos 14 anos de idade, venceu a última feira de ciências do antigo Estado do Rio de Janeiro, com um trabalho de Física sobre geração de energia através de uma hidroelétrica, utilizando o sistema de pilha de volta.
Como a Femacti, a Febrace incentiva a elaboração de projetos de iniciação científica em todos os segmentos escolares, estimulando a pesquisa e inovação tecnológica de alunos do 6º ao 9º anos dos ensinos fundamental e médio.
A Febrace é organizada pela Escola Politécnica da USP, por meio do Laboratório de Sistemas Integráveis. Todos os trabalhos inscritos passam por rigoroso critério de avaliação, levando em conta criatividade e inovação, metodologias científica e de engenharia, profundidade, habilidades e clareza das tarefas realizadas em grupo, com análises, testes e conclusão.
O evento tem apoio do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), por meio do Departamento de Popularização e Difusão de C & T para Inclusão Social; Ministério da Educação (Departamento de Políticas de Ensino Médio (MEC-DPem); Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e a Cultura (Unesco); e do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE).
A Comissão Organizadora este ano foi composta por Roseli de Deus Lopes, coordenadora geral, Irene Karaguilla Ficheman e Elena Saggio.
Veja abaixo o resumo dos trabalhos de Macaé vencedores da Febrace 2010:
Jogos Didáticos – Pesquisa de Acordo com a Teoria dos Jogos
Este trabalho visa indicar a possibilidade de se assimilar conteúdos didáticos através de jogos. Chamamos esses jogos de didáticos pela possibilidade deles de oferecerem ao professor a possibilidade de ministrar os programas curriculares em sala de aula como recreação ou antecipando uma demonstração de fórmula matemática. Visa também esclarecer que a Teoria dos Jogos, quando descreve os jogos de soma não-zero, evidencia que num evento como Feira de Ciências ou gincana ou Olimpíada, etc., todos saem ganhando, é um jogo sem perdedor. Feira de Ciências: somente pelo fato de participar desse tipo de competição a pessoa está ganhando em conhecimentos, em relacionamento e, ao competir, aprende a
ser disciplinado, etc. Se a equipe for premiada, melhor ainda: ninguém perdeu e a equipe se destacou como uma das melhores. Os Jogos Didáticos analisados propõem o estudo de: progressão aritmética; distributividade da multiplicação em relação à soma; divisibilidade e números primos; uso de calculadora; progressão geométrica de razão. É útil também para estudar a passagem da base binária para base dez ou da base dez para binária; Teorema de Pitágoras (desafios com quebra-cabeça); jogo sobre figuras diferentes e mesma área ou
mesmo perímetro (desafios com quebra-cabeça); sequência de Fibonacci, estudo de áreas em forma de desafio; contabilidade desafiadora da “lógica”; logaritmo - cálculo fácil e feito com a calculadora básica.
Dimetil-éter a Biogasolina: Estudo da Viabilidade Tecnológica da Conversão de Biomassa em Dimetil-éter
A crescente demanda por combustíveis fósseis aumenta a preocupação com o
meio ambiente e, em particular, com a qualidade do ar. Os motores de combustão interna demandam um combustível com propriedades específicas bastante peculiares, porém, seu aproveitamento energético não alcança 30%, e são potencialmente poluentes. A gasolina é um combustível oriundo do petróleo e, para se tornar um combustível comercialmente atraente, é aditivada com substâncias também oriundas da petroquímica. Os éteres podem ser usados como aditivos antidetonantes e o dimetil-éter (DME) cumpre este papel, podendo
também ser usado como combustível e sendo considerado um biocombustível. Alguns autores o apontam como “o combustível do futuro”, pois sua produção pode se dar a partir de rejeitos industriais altamente poluentes que são lançados no meio ambiente, tais como, vinhoto, da indústria sucroalcooleira e licor negro, da indústria do papel; podendo ser obtido também a partir de biomassa celulósica, que existe em abundância no planeta e não ameaça a produção de alimentos. Nesse projeto, foram pesquisadas as propriedades dos combustíveis exigidas pelos motores de inflamação por centelha, as propriedades da gasolina e de seus
aditivos, as propriedades do DME, sua possibilidade de ser substituto ou aditivo da gasolina, suas rotas de obtenção, as rotas reacionais de produtos intermediários a partir de biomassa, as condições reacionais e a viabilidade tecnológica de cada rota. Foram também levantadas as características socioeconômicas do Norte Fluminense para caracterizar a biomassa mais abundante. A pesquisa bibliográfica levou à conclusão de que há distintas rotas factíveis.
Foram propostas rotas de obtenção a partir de biomassa celulósica, por ser abundante no Norte Fluminense em função da produção de cana, passando pelo gás de síntese. Espera-se, num prosseguimento do projeto, testar e analisar essas rotas de obtenção do dimetil-éter, colhendo subsídios para a montagem de uma fábrica-piloto.
Os outros cinco projetos de Macaé, aprovados pela Febrace, foram:
- Avaliação do Extrato da Tedania Ignis Frente ao Vírus do Herpes Simples Tipos 1 e 2 (Química), do Núcleo em Ecologia e Desenvolvimento Sócio-Ambiental de Macaé, de autoria de Mariane Abreu Campos, orientadora, Odinéia do Socorro Pamplona Freitas, e co-orientadora, Margarida Lourenço Castelló.
- Quebrando o Coco: da Matéria à Energia. Propostas de Rotas Tecnológicas para Aproveitamento Integral do Cocos Nucifera L. (Química), de Pilar Lourenço Castelló e Felipe da Silva Lopes, tendo como orientadora, Margarida Lourenço Castelló, do IFF, projeto finalista pela III Feira de Ciências e Tecnologia, em Imperatriz, sul do Maranhão.
- Seqüestro de CO2: Estudo da Tecnologia da Injeção de CO2 em Reservatórios de Petróleo Exauridos ou Maduros (Química), também do IFF, de Betania Barra Lucchesi e Camila Ximenes Macedo, orientadora, Margarida Lourenço Castelló.
- Drive Controlador de Velocidade (Física), de Tâmara Mayferorh e Fernanda Benzaqeum, orientadas por Leonardo Veloso Ferreira de Oliveira, do Instituto Nossa Senhora da Glória.
- Defender (Engenharia de Transportes), de Diego da Silva e Vinicius Barnabé, orientados por Leonardo Veloso Ferreira de Oliveira, também do Instituto Nossa Senhora da Glória.