Foto: João Barreto
Núcleos de Atendimento à Mulher e à Criança (Nuamc) da Aroeira e do Visconde sediam os programas
Planejar a chegada dos filhos e prevenir a gravidez indesejada são direitos de todo cidadão, garantidos na rede pública de saúde. Em Macaé, a prefeitura, por meio da Secretaria de Saúde, conta com o Planejamento Familiar nos Núcleos de Atendimento à Mulher e à Criança (Nuamc) da Aroeira e do Visconde.
Nas unidades são realizadas ações educativas e informativas sobre métodos e técnicas contraceptivas. O programa conta com uma equipe multidisciplinar composta por médico ginecologista, assistente social, psicóloga, fisioterapeuta e os cirurgiões ginecológico e urológico.
De acordo com a fisioterapeuta Fernanda Daumas, responsável pelo trabalho educacional, inicialmente é feito o aconselhamento para que mulheres e homens decidam o melhor método. Ela ressalta que entre os métodos oferecidos na rede municipal de saúde estão os anticoncepcionais orais e injetáveis, distribuição de preservativos, dispositivo intrauterino (DIU de cobre), laqueadura das trompas e vasectomia.
Entre os meses de janeiro e julho, o Nuamc Aroeira encaminhou 57 laqueaduras em gestantes, 25 em não gestantes e 28 vasectomias. O procedimento de laqueadura em pacientes gestantes é realizado no momento do parto no Hospital Público Municipal (HPM). As não gestantes são operadas no Hospital São João Batista e as vasectomias são feitas no Hospital da Serra, no Trapiche.
A diretora do Nuamc Aroeira, Georgia Sardinha, explica que o procedimento inicial para inserção no planejamento familiar é ir até a unidade levando carteira de identidade, CPF, cartão do SUS e comprovante de residência. Inicia-se então o processo para realização do procedimento escolhido pelo usuário. Ela lembra que alguns serviços, como a laqueadura de trompas e a vasectomia, são oferecidos para homens e mulheres com 25 anos ou mais, com dois filhos vivos.
Após a decisão do melhor método, alguns procedimentos como avaliação médica e realização de exames são necessários. No caso da implantação do DIU, antes a mulher faz a coleta de preventivo e, em alguns casos, é solicitada uma ultrassonografia antes e depois para avaliação do dispositivo intrauterino.
Laqueadura é permitida só após três gestações
Para a realização da laqueadura de trompas, a Lei 9263/96 exige documento formal (manifestação de vontade), onde constam dados pessoais e dos filhos vivos, e duas testemunhas, tanto para mulheres grávidas como não grávidas. As gestantes que desejam fazer o procedimento devem estar na terceira gestação e ter passado por duas cesáreas. O processo deve ser iniciado num prazo mínimo de sessenta dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico (e/ou provável nascimento).
A cirurgia para realização da vasectomia acontece no Hospital da Serra, no Trapiche. O homem também tem que cumprir todas as exigências determinadas em lei, ter capacidade civil plena e ser maior de 25 anos de idade ou, pelo menos, com dois filhos vivos. A intervenção é feita com anestesia local e não precisa de internação.
A dona de casa Natália Machado dos Santos, 24 anos, está no segundo mês de sua terceira gestação e já procurou o Nuamc da Aroeira para dar entrada no processo. Além de duas cesarianas, a gestação atual é de risco, o que também garante o direito para fazer o procedimento.
A fisioterapeuta Fernanda Daumas explica que, após efetuar todo trâmite legal, a solicitante ficará em posse do documento, para levar ao hospital no dia do parto. "É importante que as mulheres se atentem para o prazo estipulado pela lei entre o pedido e a cirurgia", disse, lembrando que no caso das gestantes que se enquadrem nos critérios, o início do processo deve ser feito o quanto antes.
A microempreendedora Ingrid Perciano Brinco, 35, mãe de duas meninas, de 11 e 15 anos, procurou a unidade para fazer a troca do DIU. Há quase 10 anos ela fez a colocação do dispositivo intrauterino e agora, vai implantar um novo, que também tem prazo de 10 anos. "Escolhi o método com orientação do médico, pois não me adaptei ao anticoncepcional injetável. Com o DIU nunca tive problemas, o contraceptivo é seguro, o importante é fazer as consultas periódicas e seguir a orientação do médico", garantiu.
A coordenadora do Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher (PAISM), Alessandra Lofiego, alerta para a importância da orientação na hora da escolha do método. "Seguindo o conceito da integralidade no atendimento, o planejamento familiar é uma das principais ações do PAISM, com todos seus métodos e a possibilidade de livre escolha. É nossa obrigação oferecer nos serviços de saúde, toda informação para propiciar ou evitar uma gravidez não planejada, educação sexual e, principalmente, ações educativas para que as escolhas sejam conscientes", considerou.