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Prefeitura restaura e dá nova vida a monumentos históricos

24/07/2013 10:23:00 - Jornalista: Elis Regina Nuffer

Foto: Divulgação

Novo olhar do espaço público bem cuidado é foco da prefeitura

Dentro da concepção humanística da paisagem que o município vem recebendo, alguns monumentos históricos reforçam o valor celebrativo à memória e é quase impossível passar por alguns sem dedicar uma parte do tempo a contemplá-los com um novo olhar do espaço público bem cuidado. Um deles é o obelisco, um patrimônio edificado na Praça Veríssimo de Mello em 1913, que está tendo a sua própria história reescrita na vida urbana de Macaé, a partir do trabalho de restauração de todo o monumento que agora estabelece nova forma de comunicação com moradores e até visitantes da cidade.

Esse processo vital de urbanização faz parte de um trabalho integrado entre a Vice-Presidência de Acervo e Patrimônio Histórico do município e as secretarias de Limpeza e Manutenção, da prefeitura, que trata com zelo as solicitações da população e presenteia a cidade com a restauração do obelisco. O monumento teve de volta as letras que, pelo tempo, foram degradadas e não formavam mais a mensagem da escultura onde hoje lê-se, com todas as letras, “Primeiro Centenário de Macaé”, na cor dourada, fruto da produção cuidadosamente elaborada pelo artista José Carlos Liboredo, cujo resultado reforça o respeito que a prefeitura tem pela história do município e o seu povo.

Aos poucos, o velho novo obelisco começa a chamar a atenção para o despertar do novo conceito de ver os monumentos da cidade com o reconhecimento real que eles têm, vendo-os com toda a importância de contarem a história da cidade para todas as gerações ao longo do tempo. O obelisco, por exemplo, revive em muitos os sonhos de criança, a juventude passada, alguns momentos com a família e na atualidade um tempo que está aflorando com mais um aniversário.

Hoje, quando Macaé completa seu bicentenário, a escultura convida a resgatar essa história que deve ser preservada, principalmente, na memória do seu povo. Com respeito pela obra e mais ainda por seus habitantes, o governo municipal marca estes 200 anos cuidando do obelisco e de outras esculturas que passarão pelo mesmo processo de conservação para prolongar a vida útil e carregar a história para os tempos futuros.

A vice-presidente de Acervo e Patrimônio Histórico, Gisele Muniz, explicou que a restauração de monumentos tem papel importante para o bem estar da sociedade e a construção da cidadania.

- Mas para que esses valores sejam replicados além da paisagem urbana é necessário que as pessoas façam um exercício diário de olhar o monumento com o real valor que ele tem. Não adianta fazermos todo o trabalho de revitalização dessas peças que compõem o patrimônio histórico da cidade se as pessoas não reconhecerem o seu valor - observou Gisele.

O coreto da praça também está recebendo o mesmo tratamento de valorização dos bens públicos e outros, como o chafariz e o busto de Veríssimo de Mello, ganharão esse cuidado maior para despertar nas pessoas a sua luz própria. Eles ficam em um espaço de convívio social que faz parte do cotidiano das pessoas dos diversos grupos sociais do município que está reescrevendo a sua história.

O secretário de Limpeza e Manutenção, Célio Chapetta, disse que toda a praça está recebendo os serviços de limpeza, com 20 homens trabalhando no espaço diariamente, e os trabalhos deverão ser concluídos ainda esta semana.

História da Praça Veríssimo de Mello

Contar a história da Praça Veríssimo de Mello é estar contando a própria história da cidade de Macaé, isto é, se define, simultaneamente, em estar contando, a própria história da criação da Vila de São João de Macaé. A Praça Veríssimo de Mello é um espaço público cuja trajetória confunde-se com a formação da própria sociedade macaense.

O terreno no qual se edificaria a praça fora doado pela família Ferreira Rebello, proprietária da Fazenda de Santana, em 1813, mesma data da criação da Villa. Em 1837, o espaço, já considerado um logradouro público, fora incorporado pelo engenheiro Luiz Belegarde, ao processo de urbanização da nascente cidade macaense e oficialmente recebera o nome de Largo da Alegria. No Ano de 1886, ali foi realizado o primeiro projeto para jardinagem com as benesses da Viscondessa de Araújo. Importado da Europa o projeto recebera influências renascentistas e o logradouro elevado à categoria de praça com o nome Praça Dona Isabel, uma homenagem à princesa e futura herdeira do Império brasileiro.

Contudo, com a Proclamação da República brasileira, em especial no período conhecido como a Primeira República (1889-1930), a antiga praça macaense, que havia se efetivado como um espaço da municipalidade, construído para o uso da aristocracia local, onde ali exibiam as seus títulos e grandezas, passou a expressar um novo sentido: o de monumento público, agora com a nova ressignificação utilizado para o uso simbólico da afirmação do regime republicano brasileiro, destinava-se assim, ao uso comum e passou a integrar o cotidiano de todos os cidadãos macaenses.

Como um espaço de todos, se pretendia que a praça fosse também utilizada para a realização de cerimônias públicas e foi com esta intenção que recebera um novo nome: Praça Quinze de Novembro.

Profundamente influenciados pelo novo regime, os componentes do poder local, em 1914, passaram a denominar os jardins da praça de Parque Oliveira Botelho, em homenagem ao presidente do Estado do Rio de Janeiro, o que reforça o processo de ressignificação deste local como espaço político e de consolidação do regime republicano em Macaé. No ano de 1933, esse local recebeu o nome de Praça Veríssimo de Mello, como uma homenagem ao promotor público da Comarca de Macaé, Ignácio Veríssimo de Mello.

Ainda na primeira década do século XX, ou seja, em pleno alvorecer da República brasileira, também foram erguidos, nesse espaço, os monumentos públicos e comemorativos para celebração da memória coletiva macaense. 

Os principais monumentos ali edificados naquela época foram: o coreto – inaugurado em 15 de dezembro de 1914 destinava-se às manifestações culturais da sociedade macaense e, desde a sua inauguração foi utilizado para apresentações e retretas das bandas musicas Lyra dos Conspiradores e Nova Aurora; o chafariz – monumento confeccionado em ferro fundido pelo artista Sèrnes e inaugurado em 29 de Julho de 1913; o obelisco – monumento comemorativo do Primeiro Centenário da criação da Vila de Macaé também inaugurado em 29 de julho de 1913. É importante reafirmar que o obelisco se configura como um marco político e de cidadania. 

Contudo, hoje, ele celebrará um feito histórico relevante com o fim de marcar o registro da memória política macaense. Podendo dizer que este monumento hoje encerrará e iniciará um tempo histórico. O caráter ideológico da escultura pública e do monumento obelisco se encontra presente em toda a sociedade humana, pois esta possui seus lugares de memória que, dispersos pelo espaço urbano, encontram-se disponíveis à impressão do cidadão e estabelecem conexão com as identidades locais. (Fonte: Solar dos Mellos – Museu da Cidade de Macaé)