Professores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) da Cidade Universitária de Macaé coordenam no município uma pesquisa do Ministério da Saúde, em parceria com a Fiocruz. Macaé foi escolhida para representar as cidades de porte médio por sediar uma universidade federal.
A pesquisa, que também ocorre em Salvador e no Rio de Janeiro, pretende mapear os consumidores de crack com o intuito de colaborar com políticas públicas de saúde. No próximo mês, ela entrará na fase de coleta de dados com os próprios usuários. Os resultados da pesquisa deverão ser divulgados no início do próximo ano.
A pesquisa junto aos dependentes químicos acontecerá nos centros de assistência e tratamento do município, que têm registrado um aumento do número de atendimentos. O governo Federal está investindo R$ 140,9 milhões no Plano de Enfrentamento ao crack e outras drogas, a fim de direcionar de forma mais eficiente as ações no país.
A professora de clínica médica da UFRJ/Macaé, Pricila Pollo, uma das responsáveis pelo projeto no município, informou que a pesquisa será qualitativa e não quantitativa e que serão levantados dados como moradia, idade e sexo dos usuários, além de insidência de doenças como Aids e hepatites, para que as análises sobre esses dados contribuam com uma estratégia de redução danos. “Nós ainda não temos no país dados sobre esses usuários, apenas estimativas baseadas em apreensões”, ressaltou a pesquisadora.
Segundo dado da pesquisa divulgada em 2005 pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid), 0,1% da população consome a droga. Mas o tipo de mapeamento proposto pelo Ministério do uso do crack é inédito no país. Essa droga é derivada das sobras do refino da cocaína. Nenhuma outra substância ilícita vendida no Brasil tem semelhante poder de dependência. Apesar de ser menos consumida que outras substâncias, como álcool, tabaco, maconha e cocaína, os danos causados por ela são tão graves que produzem a impressão de que o número de usuários é bem maior.
O primeiro relato de uso da droga no Brasil data de 1989. Desde então, o consumo da substância vem crescendo, principalmente nos últimos cinco anos. Os usuários de crack são expostos a riscos sociais e a diversas formas de violência. Geralmente, quando os efeitos da droga diminuem no organismo da pessoa, ela sente sintomas de depressão e tem sensação de perseguição. Outros sintomas comuns são desnutrição, rachadura nos lábios, sangramento na gengiva e corrosão dos dentes; tosse, lesões respiratórias e maior risco para contrair o vírus HIV e hepatites.