Foto: Kaná Manhães
O Bloco “De perto ninguém é normal” sairá no dia primeiro de março, terça-feira anterior ao carnaval
O Centro de Atenção Psicossocial Betinho (Caps) e a Associação de Parentes, Amigos e Usuários de Saúde Mental de Macaé (Aspas) estão colocando o bloco na rua. E para isso, toda segunda feira, pela manhã, acontece a Oficina de Carnaval, na sede do Caps Betinho, com participação de toda a rede de saúde mental do município.
O grupo está em processo de construção dos adereços e fantasias, quando aproveita também para ensaiar a marchinha “Samba da Superação”, de autoria de Edilson Rocha da Costa, usuário do Caps há quatro anos e um dos fundadores da Aspas.
O Bloco do Caps já sai há seis anos, mas não tinha nome e também só ia para rua o grupo do Caps Betinho. Este ano, os organizadores prometem novidades. O bloco ganhou nome - “De perto ninguém é normal” - elegeu rainha, rei e princesa da bateria, e vai ter também porta bandeira e mestre-sala, mulatas, baianas e um boi, que está sendo confeccionado pelo grupo.
Como informa um dos coordenadores do bloco, o musicoterapeuta Nelson Cruz, a cor do grupo é verde e branca e, assim como as cores, todo o resto foi e é decidido em coletivo. Nelson acredita que com estas ações se consegue desmistificar a presença do portador de transtorno mental na vida da comunidade, da qual ele deve participar.
- Temos que estar todos juntos, pulando carnaval, trabalhando, estudando, enfim, as pessoas não têm que ficar enfurnadas dentro de um manicômio ou mesmo dentro do Caps. O Bloco é também um espaço de refletirmos, junto com a sociedade, as questões da diferença. O respeito ao diferente, acredita o profissional.
Já a terapeuta ocupacional e uma das coordenadoras da Aspas, Sueli Benante, ressalta outros momentos de vivências positivas que o grupo tem tido oportunidade. No sábado passado, os associados da Aspas foram visitar a Feira de Tradições Nordestinas, em São Cristóvão, no Rio. Lá dançaram, cantaram, comeram comidas típicas e foram muito bem tratados pelos organizadores e população presente. A Aspas promove pelo menos três passeios culturais por ano para os associados e familiares.
Voltando para o Carnaval, Darlan Brito, que se trata há sete anos no Caps Betinho, será o Rei no Bloco deste ano. Ele lembra, com um sorriso entre os lábios, do carnaval do Caps do ano passado, quando se fantasiou de Nero - “Aquele que colocou foco em Roma”, brinca. Ele acredita, que pela organização, este ano o De perto ninguém é normal vai atrair uma multidão.
Edilson Rodrigues da Costa, um paraense de 47 anos e atual presidente da Aspas, canta a marchinha que vai ser o hino do bloco deste ano. Para a marcação do samba, a bateria convidada formada por integrantes da Liga das Entidades Carnavalescas de Macaé (Liecam):
- Folia é legal / Folia é bom demais / Com responsabilidade / De perto ninguém é normal / Tomar psicotrópicos / É normal / É a vida / É necessário / Pra você não ficar mal / Temos que nos adequar a vida / E a vida se adequar a nós / Ser prático é importante / Então temos que ter voz.
O Bloco “De perto ninguém é normal” sairá no dia primeiro de março, terça-feira anterior ao carnaval, com concentração a partir das 9h, no Caps Betinho, Rua Visconde de Quissamã, 482, Centro. O Bloco sairá em direção à Rua Conde de Araruama, passará por todo o calçadão da Rui Barbosa e voltará para o Caps Betinho pela Rua Marechal Deodoro. O grupo finaliza convidando a todos que participem e venham fantasiados.
Conheça os Centros de Atendimento Psicossocial (Caps) de Macaé:
CAPS BETINHO
Rua Visconde de Quissamã, 482 - Centro
Telefone: 2772-5005
Serviços oferecidos: atende a pessoas adultas, portadores de transtornos mentais severos e persistentes. Em risco psicossocial.
CAPS ad PORTO
Rua Conde de Araruama, 569 - Centro
Telefone: 2772-2317
Serviços oferecidos: atende aos usuários com uso abusivo de substâncias psicoativas (dependentes químicos) e tabagismo. Atende de 8 às 21horas.
CAPSi – OFICINA DA VIDA
Rua Francisco Portela, Centro
Telefone: 2772-4359
Serviços oferecidos: Atende a crianças e adolescentes, portadores de transtornos mentais severos e persistentes. Em risco psicossocial.