As lendas fazem parte do imaginário popular. São narrativas fantasiosas transmitidas oralmente pelas pessoas, de geração em geração. Quatro lendas macaenses foram resgatadas por meio dos pesquisadores do Solar dos Mellos, dando “vida” a personagens construídos pelo universo cultural popular. As lendas “Porquinha de Tamanco”, “Biquinha do Amor”, “João Girá” e “Vinagre” foram devidamente pesquisadas e agora fazem parte de um projeto, com um DVD utilizado nas visitas guiadas a Solar.
A pesquisa e o resgate dessas quatro lendas macaenses foram um trabalho da Vice-Presidência de Acervo e Patrimônio Histórico da Fundação Macaé de Cultura. O objetivo é mostrar a todas as crianças que forem ao Solar dos Mellos nas visitas guiadas um pouco dessa história mágica.
A maioria das pesquisas foi feita pela historiadora Conceição Franco, e uma delas por Maria do Rosário Grey. Já a animação visual do DVD foi feita pelo cinéfilo Leonardo Saleh e quem conta as historinhas, além da voz dele, é Salma Pacheco.
Para que crianças de três a dez anos de idade participem das visitas guiadas, os seus responsáveis ou as diretoras de escolas devem ligar para o Solar dos Mellos (2759-5049) e agendar o encontro. A visita tem a duração de duas horas e a capacidade é de 30 pessoas por sessão. Ocorre às terças-feiras e quintas-feiras em dois tempos: manhã, de 9h às 11h e tarde, de 14h às 16h.
Conheça mais sobre as lendas mostradas no DVD:
“Tetê e Mateus em Porquinha de Tamanco”
Nesta lenda, duas crianças, a menina Tetê e o menino Mateus dialogam no meio de uma floresta da região serrana de Macaé. O assunto é sobre uma porca de tamancos, que ganhou esse nome por que quando ataca as pessoas, sejam crianças ou adultos, seus dentes produzem o som semelhante a tamancos batendo na madeira. De repente sai do mato uma porca de tamancos para assustar Mateus, mas foi uma armação de Tetê que havia arrumado uma porca, posto nela os tamancos de sua avó. Quando Mateus descobre e zangado briga com Tetê, surge, de verdade, no meio dos arbustos, a terrível porca de tamancos em carne e osso, assustando e apavorando as crianças.
“Biquinha do Amor”
Essa história se passa no distrito de Glicério, na Região Serrana. Conta-se que há muito tempo, quando não havia água encanada em Glicério, as pessoas iam buscar o líquido em uma bica distante. Uma moça e um rapaz ficaram namorando, após se conhecerem naquela fonte. Todos os dias se encontravam quando ela ia à bica buscar água. O pai da moça, desconfiado por ver que ela tinha vontade e disposição para pegar água, seguiu-a até a bica. Lá o pai rabugento descobriu o romance da filha, brigou com ela e a separou do namorado, que ficou com tanto medo que foi embora. A moça morreu de saudades dele e todas as noites à meia noite, ela aparecia na bica à espera do namorado. Essa fonte passou a chamar-se biquinha do amor.
“João Girá”
Essa lenda conta que o menino João Girá foi castigado pela sua tia Jiló porque matava passarinho com sua atiradeira. Ela para puni-lo deixou-o sem o almoço. O menino ainda assim matou outra ave para comer, uma vez que tinha ficado sem almoço. O passarinho, que estava na barriga dele, quis sair. Então saiu, explodindo a barriga do menino.
“Vinagre”
Nessa lenda, um pescador chamado Vinagre é chamado para socorrer um barco que afundara. Ele vai em seu barco para salvar quem estivesse em perigo. Ao chegar a um determinado local, ele encontra um náufrago pedindo socorro. O homem, que estava na água, entrega a Vinagre um pacote de dinheiro. Vinagre pega o pacote de dinheiro e chuta o náufrago, expulsando-o de sua tentativa de salvar-se. Antes de morrer, o náufrago amaldiçoa Vinagre, dizendo: “Maldito, também vai morrer afogado”. Rico, Vinagre não vai mais à praia, com medo de morrer. Mas, certo dia, conta a lenda, que ele perdeu a chave de casa, numa tarde chuvosa. Tonto e assustado, desmaiou e afogou-se numa poça de água. Assim, a maldição do náufrago realizou-se e Vinagre, que havia rejeitado salvar o homem, morreu afogado.