Foto: Ana Chaffin
Encontro presta homenagem ao Dia da Capoeira que é comemorado neste domingo.
Homenagens, celebração, resgate da cultura afro e reflexões marcaram o Encontro da Resistência no Morro de Santana, na tarde deste sábado (2).A área da centenária Igreja de Sant´Anna reuniu um público diversificado, como moradores e visitantes de Macaé. Na ocasião, a Prefeitura de Macaé, por meio da Secretaria Municipal de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, também destacou o reconhecimento do Dia da Capoeira, cuja data alusiva é neste domingo (3).
A programação que recebeu capoeiristas, estudantes, educadores, representantes de movimentos negro , secretários municipais e autoridades também foi voltada para apresentações de manifestações, como capoeira, samba de roda, jongo, feira de artesanato e atuação de trancistas. Em um clima de emoção, o evento contou com homenagens às referências da capoeira de Macaé, como o mestre Celso Carvalho Nascimento, que foi acompanhado do capoeirista Altemir Silva.
“Estou muito feliz de estar nesse encontro. A capoeira é uma pedra preciosa e você não pode dar pra qualquer pessoa, você tem que dar aquela pedra para alguém que vai colocar ela num bom lugar. Aprendi capoeira no Rio de Janeiro com Artur Emílio. A capoeira está no mundo todo e temos que valorizar”, destacou.
“Viemos aprender mais e também realizar uma pesquisa sobre a relação étnica-racial em Macaé. Gostamos muito de tudo”, falou Pedro.
“Parabéns a este evento, que marca uma história para avançarmos. A população negra tem a maioria da sociedade, mas temos que fazer acontecer. O nosso Governo está cada vez mais pautado em políticas públicas que tratam da igualdade. Vamos trabalhar para que a gente possa sair dos bastidores da sociedade.. Esse é o principal objetivo, mas para que isso possa acontecer, todos nós juntos, 56% da população nacional tem que se unir e avançar. Para mudar a história, o futuro, temos que fazer algo no presente”, pontuou Dr. Fabiano, ao citar a sua trajetória de vida acompanhado da esposa e filha.
“Reafirmamos aqui o nosso compromisso com a valorização e fortalecimento das expressões culturais negras, como a capoeira. Reconhecemos a capoeira como gesto político, arte, filosofia de vida, de espaço de pertencimento, enfrentamento ao racismo e fortalecimento da juventude. É muito bom estar aqui no Morro de Santana, agradeço a todos que contribuíram para este evento acontecer. Este encontro é um chamado. A capoeira é uma afirmação que molda a história do nosso povo. Hoje, mais do que celebrar, estamos aqui para reconhecer a capoeira como muito mais do que um jogo, uma dança ou um esporte. A capoeira é um grito ancestral de liberdade. Nasceu das dores da escravidão, mas também da genialidade de um povo que mesmo acorrentado criou formas de manter viva a sua identidade, sua cultura e a sua esperança. Precisamos romper com a lógica de que aquilo que vem das periferias ou das tradições afrodescendentes pode ser folclorizado, esvaziado ou apenas como um entretenimento. A capoeira é patrimônio imaterial do Brasil e do mundo e tem o direito de existir, ser ensinada e ser política pública. Agradeço a cada um que é guardião da capoeira.”, comentou a secretária.
“Este dia tem que ser lembrado, pois temos que respeitar a história. Temos que respeitar o quanto nossos ancestrais lutaram para que hoje pudéssemos estar aqui. Sou apoiadora da resistência.Tudo aqui é uma questão de honrar a nossa história, e cada passo que damos com fé, com cultura e memória é um reconhecimento à nossa história, é o pertencimento contra o esquecimento. A resistência não é só política, ela é ancestral. No som do tambor, nas orações das nossas mães, que oram muito por nós, nas vozes que nunca citaram e que sempre são persistentes.Temos que celebrar e valorizar a ancestralidade. Temos que ser resistentes na luta”, salientou.
“Agradeço pelo reconhecimento. Estou honrado de estar junto a vários capoeiristas e representantes da cultura preta. Que continuemos mobilizados em prol da capoeira , igualdade e combate à discriminação”.